




CHOQUE DE MÍMICA
Ponto de vista de Mima...
Agora que o rei apresentou todos ao palácio, suponho que esta assembleia tratará do assunto da criança lobo. Sorrio ao ver como os guardas entram no quarto de Toshiba tentando lhe dar as informações sobre o que o rei disse. Depois que o guarda sai, vejo como Toshiba beija seu bebê e sai do quarto. Acho que esta será minha chance de matar essa criança de uma vez por todas.
Entro no quarto vendo o lobo dormindo. Fecho a porta e olho ao redor para decidir o que fazer. Pego o travesseiro que estava perto do lobo e, quando estava prestes a colocá-lo no rosto do lobo, percebo os olhos se abrirem, amarelos. Tudo começou a tremer e o lobo se levantou e se transformou em um menino jovem. Deixo o travesseiro cair no chão, sentindo-me tão chocada.
Começo a recuar enquanto o bebê se aproxima cada vez mais de mim.
— Sua bruxa malvada, você fez minha mãe passar por muita coisa. Vou te matar e garantir que você não viva para ver outro dia e falar novamente...
— O que você é, quem é você, saia daqui!
— E por que eu faria isso, rainha Mima? Pensei que você fosse a esperta aqui...
— Por favor, não me mate.
— E me dê uma razão para não fazer isso...
— Porque este é meu reino.
Senti tanto medo pela maneira como ele falou. Gritei por ajuda, chamando todos ao redor. Senti vontade de chorar e meu coração estava prestes a explodir.
Ouvi passos correndo na minha direção. Senti-me tão segura, mas antes disso percebi que o bebê havia se transformado em lobo novamente e estava na cama o mais rápido possível.
A porta se abriu, revelando o rei e muitas outras pessoas. Levantei-me e corri para o rei, sentindo tanto medo que o abracei.
— Qual é o problema, Mima? Esperamos por você na reunião e aqui está você gritando por ajuda. O que aconteceu?
Comecei a tremer e a apontar para a criança lobo. Não conseguia nem olhar para ela. Olhei nos olhos do rei, sentindo tanto medo pela minha vida, e falei.
— Isso é um monstro. Eu estava apenas tentando ajudar Toshiba a cuidar do bebê, mas a criança se transformou em um homem e quis me matar. Meu rei, esse bebê é maligno. Temos que mandá-los embora daqui ou todos nós vamos morrer...
— O que você está dizendo, Mima? — perguntou o rei.
— O lobo é maligno, é um demônio. Temos que matá-lo...
Vi como Toshiba correu para a cama e pegou o lobo, que estava fingindo dormir.
— Não fale assim do meu bebê. Eu posso não ter dado à luz uma criança normal, mas uma coisa eu sei: esse bebê veio diretamente de mim. E o que te faz pensar que todos nós vamos acreditar no que você diz?
— Como você pode acreditar em mim, Toshiba? Afinal, você é quem deu à luz o lobo, certo?
— E o que você quer dizer com isso, Mima?
— Quero dizer que você e seu lobo são demônios.
Eu estava tão irritada que enfrentei o rei. Pareço ser uma mentirosa? Eu disse a ele, você sabe que eu nunca faria algo sem motivo. Se essa criança ficar aqui, muitos de nós morreremos...
Vi como o rei até pensou por um momento e olhou para Toshiba.
— Mima está certa, Toshiba. Não podemos ter isso como um bebê neste reino. É melhor matá-lo.
— O quê? — Toshiba gritou.
— Sinto muito, Toshiba, mas não há outra maneira.
Senti-me tão aliviada depois que o rei disse isso. Olhei para Toshiba e senti tristeza nela.
— Não, você não pode matar meu filho — disse Toshiba. — É meu bebê e eu não vou deixar ninguém matá-lo...
O rei caminhou até ela segurando suas mãos e, por algum motivo, isso me deixou com ciúmes...
— Você foi uma guerreira desde que me casei com você e ainda te amo — disse o rei a ela —, mas manter um bebê que não é humano é um perigo para todos nós. Mas se você quiser manter essa criança, não tenho outra escolha a não ser te mandar para fora do reino.
Quando o rei disse isso, fiquei chocada a princípio. Ele disse isso para Toshiba? Sorri e olhei para Toshiba, pude ver o choque em seu rosto. Agora Toshiba vai deixar o reino e eu não preciso me preocupar com nada. Acho que esta pode ser a oportunidade que eu estava esperando. Acho que terei que usar essa oportunidade para matá-la o mais rápido possível. Esse lobo é outra coisa. Esse lobo é maligno. Terei que matá-lo também, quase morri e quando reclamei fui considerada uma tola.
Toshiba, vou garantir que eu lide com você. Seus tempos acabaram e vou te fazer pagar por tentar me desmentir. Sei que Toshiba decidirá salvar o lobo e perder o teto que foi colocado sobre ela, que desperdício de tempo. Ela sempre quer fazer perguntas inteligentes, mas isso só a leva a um lugar de azar.
No canto dos meus olhos, vi como o lobo olhou para mim, fiquei com medo. Logo sei que Toshiba vai manter a criança e deixar o reino. Não preciso temer porque sei que não a verei novamente.
Caminhei até o rei, fingindo estar muito machucada, fiquei com medo e não sabia mais o que fazer...
— Meu marido! — chamei o rei. — O bebê quer me matar, sei que é um demônio e acho que se essa criança ficar aqui, muitas vidas serão perdidas. Estou te dizendo que esse lobo estava prestes a me matar e se não fosse por todos chegarem aqui, eu poderia estar morta agora...
O rei caminhou até mim, pedindo para eu me acalmar e enfrentou Toshiba mais uma vez.
— Veja, Toshiba, nem sabemos o que é isso, mas você precisa garantir que esteja morto. E se você decidir mantê-lo, como eu disse antes, você e o lobo não poderão mais ficar no reino.
Sorri olhando para Toshiba, ela me viu e não disse nada. Vi ela olhando para o lobo e sorrindo para ele. Nunca darei à luz um animal, disse a mim mesma.