




Capítulo 5
A vida como prostituta estava proporcionando a Isabella uma vida tranquila. Ela conseguia pagar suas contas, se sustentar e até tinha conseguido comprar um celular novo. No entanto, nem tudo que está ruim não pode piorar.
Isabella já havia experimentado várias sensações negativas de angústia e dor e sabia bem como isso a afetava. Fazia algum tempo que Isa não passava por uma montanha-russa de emoções.
Em uma sessão com um cliente milionário, Isa bebeu um pouco de uísque e usou um tipo de droga que nunca tinha experimentado antes. O homem, de quase 50 anos, posicionou Isabella em sua cadeira específica para fantasias sexuais e amarrou seus braços, colocando uma venda em seus olhos. Ela já se sentia um pouco estranha, mas tinha que seguir com a sessão; o jovem pagava muito bem, então tinha que ser do jeito dele.
Com os braços levantados, corpo nu e olhos vendados, Isa foi penetrada na boca pelo cliente, mas uma sensação estranha começou a invadir seu corpo. Suas pernas enfraqueceram, seu estômago revirou, como quando bebia demais nas ruas, mas ela se manteve firme.
Naquele desconforto abdominal que Isa sentia, a sensação de que seu corpo sucumbiria a qualquer momento era enorme; ela queria pedir uma pausa, mas o cliente não notou nada de errado, ele só queria satisfazer seu desejo e realizar suas fantasias.
Isabella era uma profissional dedicada, com vários anos no ramo, recomendada por clientes de alto perfil, tendo atendido todo tipo de bilionários, desde chefes da máfia até políticos. Nenhum contratempo havia ocorrido em nenhuma de suas sessões até aquele momento.
O abdômen da garota continuava borbulhando. Em seus pensamentos, ela acreditava que a bebida e as novas drogas estavam causando mal, mas continuava recebendo algo em sua boca que outras garotas comuns nunca aceitariam. No entanto, em algum momento, a sensação foi tão poderosa que o corpo esguio de Isa se rendeu à agonia e ao enjoo.
— O que é isso, garota? — o velho gritou ao receber um jato de vômito em seu membro. — Você não é profissional?
Isa não conseguia explicar o que estava acontecendo e não podia justificar o incidente; ela permaneceu em silêncio enquanto seu corpo tremia e suas pernas enfraqueciam.
— Eu não vou pagar por isso. Vagabunda imunda, — o homem gritou, arrancando a venda de Isa.
— Me desculpe, — Isa abaixou a cabeça, envergonhada, sem realmente saber o que estava acontecendo com seu corpo naquela noite.
— Saia daqui agora, — o cliente encheu um copo com uísque e o bebeu de uma vez, olhando para a vista esplêndida de seu apartamento.
Isabella se vestiu apressadamente e saiu, sem saber como voltar para casa. O cliente que deveria pagar não pagou; ele prometeu levá-la para casa, mas após o incidente, cancelou a promessa. Ela teve que se virar; pediu uma corrida por um aplicativo de transporte e pagou com seu cartão de crédito, sorte que tinha essa opção.
Chegando em casa, ela tentou entender o que havia acontecido. A bebida poderia ter sido prejudicial, ou aquela droga sintética estranha que ela usou. Só de lembrar do evento inoportuno, seu estômago revirava, e ela correu para o banheiro. Com nada mais no estômago e dor abdominal, ela não conseguia mais vomitar. Ligou o chuveiro e ficou lá por alguns minutos, esperando que a água trouxesse algum conforto para seu corpo. Felizmente, sentiu um alívio momentâneo, mas não durou muito. Assim que se enrolou em uma toalha e abriu a geladeira para pegar um pouco de água, sentiu o cheiro de algo guardado lá, e seu estômago revirou novamente, levando-a pela milésima vez ao banheiro.
A noite de Isabella seria longa, especialmente porque ela não sabia o que estava errado com seu corpo. Assim que se deitou, a fome apareceu. Para evitar desencadear aquela náusea desconfortável novamente, pegou uma maçã e comeu para trazer alguma satisfação. Mastigava enquanto tentava encontrar uma explicação plausível para sua náusea repentina.
Isa saltou da cama, maçã na mão, e devido ao choque de seus pensamentos, cuspiu a maçã mastigada no chão. Ela foi surpreendida pela ideia louca que veio à sua mente, mas era uma possibilidade. Será que Isa estava grávida?
— Não... Não... Não... Isso não pode acontecer, — ela disse em voz alta, andando de um lado para o outro na casa com os dedos entrelaçados em seu cabelo cacheado. Mas ela precisaria esperar até o dia seguinte para uma resposta concreta.
Isa não conseguiu dormir; passou a noite inteira indo do banheiro para a cozinha. Quando seu corpo sucumbia à náusea e tontura, ela se deitava na cama com os pés para fora, esperando que a sensação desagradável passasse. Mas o que realmente a mantinha acordada era a possibilidade de uma gravidez. Ela não estava preparada para uma surpresa dessas.
Quando os primeiros raios de sol invadiram as frestas das paredes da casa de Isa, ela se levantou rapidamente da mesma forma que havia passado a noite inteira e correu direto para a farmácia mais próxima. Não era muito longe, mas enquanto Isa pensava e corria, a distância parecia se estender, e a farmácia parecia ficar cada vez mais distante.
No meio do caminho, a náusea voltou, e Isabella sentiu sua visão escurecer. Tudo o que parecia claro e vívido se dissipou até que ela não conseguia ver um passo à sua frente.
Quando Isabella finalmente acordou, estava em uma ambulância com um enfermeiro e uma enfermeira verificando seus pulsos a cada minuto.
— Onde estou? — Isa perguntou com a voz ainda trêmula.
— Bom dia, senhorita. Qual é o seu nome? — a garota simpática dirigiu suas palavras à garota deitada em uma maca desconfortável, sentindo a ambulância balançar pelas ruas esburacadas da cidade.
— Isabella... Onde estou?
— Senhorita Isabella, estamos levando você para o hospital; você foi encontrada inconsciente na rua, — explicou a enfermeira, solícita. — Meu nome é Douglas, esta é a Enfermeira Luane. Vamos cuidar de você, ok? Fique calma e respire.
— Eu preciso ir... — A frase de Isabella foi interrompida por uma crise de vômito inesperada. — Desculpe... — ela disse entre os engasgos.
— Está tudo bem, Senhorita Isabella, — Luane disse, pegando um recipiente para Isa vomitar. — Você suspeita de gravidez ou tem alguma doença autoimune?
Isabella não queria se aprofundar nisso, mas não tinha escolha. Seus olhos se encheram de lágrimas, seu rosto empalideceu, e sua expressão ficou ainda mais triste e abatida. Ela não conseguia pronunciar as palavras, então respondeu com um aceno de cabeça, confirmando.
— Sim para o quê? Uma doença? — Sua cabeça balançou em negação. Os enfermeiros concluíram que a suspeita era de gravidez e trocaram olhares. Na recepção de emergência, enquanto a enfermeira preparava a cadeira de rodas, o enfermeiro anunciou a paciente.
— Paciente de 24 anos com suspeita de hiperêmese gravídica, pressão arterial 90/60, glicose baixa e desidratação.
Assim que Isabella chegou ao hospital, foi atendida e colocada no soro até que os resultados dos exames saíssem. A angústia de Isa era esmagadora; ela não podia ter um filho naquele momento de sua vida. Seus pensamentos se conflitavam, todos levando de volta à vida que ela tinha com seus pais.
— Eu não posso ter filhos; não serei uma boa mãe. Não tive um exemplo de família para isso. Não sou casada, e minha vida é instável. Ter um filho agora atrapalharia todos os meus planos, — Isabella tentava processar tudo enquanto sua consciência oscilava. Seus olhos não ficavam abertos por muito tempo.
— Senhorita Isabella Romanov? — uma enfermeira chamou após duas horas de observação. Isa acordou de seu cochilo inoportuno e acenou para a pessoa parada na porta. A enfermeira se aproximou com papéis na mão.
— Bem, senhorita, parabéns. Você está grávida.
Isabella desejou poder voltar a dormir ao ouvir a confirmação da gravidez indesejada. Mas desta vez, ela queria dormir por um longo tempo até que essa gravidez terminasse.
— Você precisará ver o médico novamente; ele tem algumas recomendações. Você precisará de repouso e muitos líquidos, — a enfermeira entregou os papéis, retirou o soro da mão de Isabella e a guiou até o consultório do médico, onde foi prontamente atendida.
— Por favor, sente-se, Senhorita Isabella. Vamos revisar os resultados dos seus exames. — O médico muito simpático pegou os papéis da mão de Isa e começou a analisá-los. — Bem, a boa notícia é que você não tem hiperêmese gravídica... — O médico fez uma pausa enquanto folheava mais páginas. — A má notícia é que você precisará de repouso e vitaminas. Você tem deficiência de ferro. Você precisará ver seu obstetra duas vezes por mês até melhorar. Fora isso, tudo parece bem. Com uma nutrição adequada, tomando as vitaminas, você terá uma ótima gravidez. Parabéns, senhorita.
Isabella acenou com a cabeça às recomendações do médico e não mostrou reação. Sua mente estava muito confusa; ela precisava de um bom descanso para processar tudo o que estava acontecendo. Ela pegou os papéis e as receitas fornecidas pelo médico e saiu do consultório em estado catatônico. A primeira pessoa que veio à sua mente para compartilhar a notícia foi Aléssio. No entanto, ela não sabia como ele reagiria, e não podia arriscar contar a ele e afastá-lo de sua vida.
Mais uma vez, Isabella se viu em um beco sem saída, sem família para apoiá-la, sem ninguém em quem confiar e sem ninguém para compartilhar seus sentimentos de desespero e angústia.