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Capítulo 8

Violet

"Eu não estava te ignorando, eu só..." Parei de me explicar para o Nate quando ele levantou uma sobrancelha. Ele não era burro. Claro que ele sabia que eu estava ignorando ele.

"Por que você está se escondendo aqui?" ele perguntou, comendo um pedaço de legume do prato.

Não pude evitar rir. "Eu não estou me escondendo."

"Quando você se senta em uma mesa sozinha em um canto, atrás de uma planta gigante," ele disse, apontando para o vaso ridiculamente grande, "você definitivamente está se escondendo."

Eu ri, olhando nos olhos curiosos e castanhos dele. Havia algo no Nate que tornava fácil conversar com ele. Ele não era assustador, superconfiante ou julgador como os outros Lycans.

Ele era apenas... normal.

"Então, como está indo seu primeiro dia de aula?" Nate perguntou, colocando outro legume na boca. "Já pensando em correr para os portões?"

"Se ao menos eles abrissem," sorri.

Nate sorriu. "Bem, pelo que estou ouvindo, você não está indo tão mal. Primeiro dia, e você já está marcada para um dia de teste com a Equipe Elite?"

Olhei para ele, surpresa por ele saber disso.

"Você não vai comer?" ele perguntou, mudando de assunto enquanto olhava para minha bandeja intocada.

"Como você sabe sobre a Equipe Elite?" questionei.

Nate se recostou na cadeira com uma risada. "Quando você faz parte do conselho estudantil, as notícias correm rápido. Além disso, a Equipe Elite não é qualquer coisa."

Ele se inclinou e pegou meu garfo do prato antes de espetar um pedaço de macarrão.

"Ei!" protestei enquanto ele trazia o garfo em minha direção. De qualquer forma, minha boca se abriu instantaneamente, e deixei que ele me alimentasse.

Nate me observou enquanto eu mastigava, enquanto eu ainda tentava processar o fato de todos estarem cuidando da minha vida. Então, todo mundo nesta escola falava sobre todo mundo, o que era uma razão ainda melhor para eu tomar cuidado com o Kylan.

Nate me deu outra mordida, e eu aceitei sem pensar muito sobre isso.

"Eu também estou na equipe," Nate compartilhou de repente, sorrindo. "Então, vamos nos ver bastante."

Uma onda de alívio me invadiu. A ideia de ter o Nate por perto já tornava tudo menos assustador.

"Como são as pessoas da equipe?"

"A maioria é tranquila," Nate falou com a boca cheia. "Sou eu, Kylan—"

"O Príncipe Lycan está na Equipe Elite?" Senti um calafrio desconfortável se espalhar pelo meu corpo.

Nate me deu um olhar estranho. "Claro que está. Ele é um dos melhores."

Mordi o lábio, tentando esconder o fato de que internamente eu estava surtando. Claro que Kylan estava na equipe. Por que não estaria?

Todas as garotas só falavam sobre ele ser o garoto de ouro da escola—e o garoto de ouro pertencia a uma equipe assim.

Nate balançou a cabeça, bufando, ao notar minha reação. "Se você está com medo de que ele vá esbarrar em você de novo—não fique. Kylan gosta de provocar as pessoas, mas você não deve levar a sério. É só o jeito dele."

Isso mesmo, foi assim que tudo começou.

Ele esbarrou em mim no meu primeiro dia, me chamou de quatro-olhos na hora.

Forcei um sorriso. "Ah, eu não estou preocupada com ele."

Nate me olhou por mais um segundo. Pelo olhar no rosto dele, eu podia perceber que seu melhor amigo não tinha contado a ele sobre o vínculo de companheiros que compartilhávamos. Ele estava completamente alheio.

Kylan não contou porque estava envergonhado de mim, assim como eu não contei para a Trinity porque estava envergonhada dele.

"Você sabe," Nate disse, "os professores superiores só precisam de cerca de dez segundos para determinar se alguém é digno ou não. Isso significa que você deve ser uma curandeira muito boa."

Foi a mesma coisa que Esther me disse quando viu a dúvida no meu rosto. "Espero que sim," eu disse, suavemente.

"Se você está na equipe, deve conhecer meu irmão, Dylan?" perguntei.

Nate parou de comer, desta vez um legume caiu da boca dele, de volta na bandeja. "Eu não sabia que vocês dois eram parentes," ele comentou. "Não acredito que você é do mesmo bando que aquela coisa."

Uma pequena risada escapou dos meus lábios. "Foi o que pensei sobre sua irmã e seu Príncipe Lycan."

Nate deu de ombros, rindo. "Ponto justo."

Embora alguém pudesse achar as palavras de Nate ofensivas, eu não achei. Surpreendentemente, isso não me incomodou—porque veio dele.

"Espero que minha irmã não esteja te dando trabalho naquele dormitório. Ela pode ser demais às vezes."

"Meh," dei de ombros, dispensando o tratamento que ela me deu esta manhã. "Ela mal aparece."

Porque ela ficava com Kylan...

Antes que qualquer um de nós pudesse dizer mais alguma coisa, alguém do outro lado do refeitório chamou Nate.

"Te vejo mais tarde," Nate se levantou e deu a volta na mesa, então bagunçou meu cabelo com a mão.

"Para com isso," ri, afastando a mão dele.

"Te vejo por aí, linda," Nate piscou, então saiu, se juntando aos amigos enquanto eles saíam do refeitório.

Linda?

Isso era bem diferente de quatro-olhos.

A presença dele era agradável, mas agora que ele tinha ido embora, eu só conseguia pensar em Kylan. Saber que ele também estava na Equipe Elite só drenou meu ânimo. Só de pensar em estar na mesma sala me dava enjoo.

Por que tinha que ser ele?

De todas as pessoas nesta academia, por que a Deusa da Lua escolheu ele como meu companheiro?

No começo, eu estava apavorada de entrar na equipe por outros motivos, mas agora era tudo sobre o Kylan.

Eu ainda não o tinha rejeitado, e eu sabia que ele ia fazer da minha vida um inferno.

Eu realmente precisava fazer algo sobre esse vínculo antes mesmo de pensar em colocar os pés naquela Equipe Elite.

~

O resto das aulas passou em um borrão, e depois de estudar por mais um tempo, eu estava de volta aos dormitórios.

"Oi!" Trinity chamou, deitada no sofá. Ela estava no celular, mandando mensagens com um sorriso largo—possivelmente para seu companheiro. Ela me olhou, depois desviou os olhos para a porta fechada do quarto da Chrystal—e eu entendi o recado.

Infelizmente, Chrystal e Amy estavam por aqui pela primeira vez.

"Oi," me juntei a ela. "Como foi seu dia?"

"Tranquilo. E o seu?"

Joguei minha bolsa na mesa, depois soltei um gemido. "Longo. Muito longo."

Trinity riu, sentando-se. "Você parece que passou por um campo de batalha."

"Eu me sinto assim," revirei os olhos.

Ela não fazia ideia.

"Não me diga que você já está pensando em desistir?"

"Desistir?" suspirei, me jogando de costas. "Nunca. Só foi um dia longo."

Trinity se inclinou com as sobrancelhas levantadas. "Você está com essa cara. Tem algo na sua mente."

Hesitei em contar a verdade sobre tudo, tudo mesmo. O festival, Kylan, nosso vínculo, o beijo, a confusão na Equipe Elite.

Como eu poderia começar a explicar qualquer coisa?

"De verdade, não é nada."

Eu podia ver que Trinity não estava comprando, mas ela não insistiu. "Bem, se você precisar de alguém para desabafar, estou aqui."

"Obrigada."

Não era que eu não confiasse nela. Eu confiava, mas algo sobre toda essa situação me fazia querer guardar para mim. Não era um conto de fadas romântico, comparado ao dela, minha história era embaraçosa.

"Então," Trinity falou, "ouvi umas novidades..."

"Que novidades?" sentei-me de novo.

Ela levantou uma sobrancelha, sorrindo. "Você sabe... sobre a Equipe Elite?"

Nate realmente não estava brincando. Aparentemente, todo mundo falava sobre todo mundo. "Como você ouviu sobre isso?"

Ela riu, jogando o celular na mesa. "Você está brincando? É só do que todo mundo está falando! Primeiro dia de aula, e você já está marcada para um teste com a Equipe Elite. Isso é enorme, Violet!"

"Fazem só algumas horas," exalei. "De qualquer forma, não vamos criar expectativas. Eu tenho o hábito de estragar tudo."

"Você não vai estragar," Trinity afirmou firmemente. "Algumas das garotas me contaram sobre o que você fez com aqueles peixes hoje. Você é talentosa, vai se encaixar perfeitamente."

Do jeito que ela disse, parecia tão fácil. Se ao menos fosse só a Equipe Elite com a qual eu tivesse que me preocupar.

Meu celular vibrou, me tirando dos pensamentos. Olhei para baixo e vi uma notificação de e-mail. Quando abri, um buraco se formou no meu estômago.

‘Teste da Equipe Elite - Daqui a Dois Dias’

Dois dias...

Meu teste era em dois dias?

Não, não, não!

Pintei um cronograma na minha cabeça. Eu tinha dois dias para rejeitar Kylan, Chrystal estava no quarto dela—o que significava que eu tinha que fazer isso agora. Eu não tinha escolha.

Trinity riu. "O que foi? Você parece que viu um fantasma."

"Não é nada... Eu preciso sair por um tempo," saí apressada do sofá.

"Agora?" Trinity perguntou. "Para onde você vai?"

Tentei pensar em uma desculpa, mas não queria mentir para ela de novo. "Eu preciso falar com alguém. Não vou demorar."

Ela assentiu, parecendo um pouco curiosa, mas não me questionou mais. "Tudo bem. Não fique fora até tarde—temos toque de recolher."

"Eu sei. Vou ser rápida!"

~

Caminhei do Salão Lunar pelo campus escuro, até o Salão de Combate, Estratégia—e Liderança, onde eu sabia que Kylan estaria.

Como eu sabia?

Kylan era um nome grande no campus, e em poucos dias, eu já tinha ouvido onde e em qual quarto ele ficava.

Puxei meu capuz para baixo sobre o rosto, olhando ao redor do corredor quase vazio para ter certeza de que ninguém estava me observando. Então subi as escadas e vi—o quarto no final do corredor com a porta grande, com o nome dele, exatamente como as garotas tinham descrito.

A porta era grande, escura e intimidante—assim como ele.

Quanto mais eu me aproximava, mais reconsiderava essa ação tola—mas eu não tinha escolha. Não era como se eu quisesse estar aqui, mas eu tinha que estar aqui.

Eu tinha que rejeitá-lo. Era simples assim.

Fiquei na frente da porta dele, respirando fundo.

E se ele não quisesse falar comigo?

E se ele batesse a porta na minha cara?

Era tarde demais para voltar atrás agora. Antes que eu pudesse repensar minha decisão pela segunda vez, fechei o punho e bati na porta.

Uma vez, duas... parecia uma eternidade.

Então a porta se abriu, e eu rapidamente escondi meu punho culpado atrás das costas.

Kylan estava lá, sem camisa, a pele úmida e ligeiramente brilhante, como se tivesse acabado de sair do banho. Seu cheiro me atingiu instantaneamente—limpo, fresco, intoxicante. Fez minha cabeça girar.

Percebi que meus olhos tinham vagado para onde não deviam, então os forcei a subir para encontrar os dele. Ele me olhou com um olhar frio, mas calmo, como se estivesse me esperando há um tempo.

Seus olhos se estreitaram. "Quatro-olhos."

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