Capítulo 6
Violet
"Alguém, por favor, me mate!" gemi, enterrando a cabeça no travesseiro. As aulas nem tinham começado oficialmente ainda—e eu já estava exausta.
Como eu deveria me concentrar depois de tudo o que aconteceu na semana passada?
Muitos diziam que encontrar seu par seria mágico, como algo saído de um conto de fadas. Seu par deveria ser sua alma gêmea—mas o meu? O meu era um par do mais profundo poço do inferno.
Ele era nojento, escória—frio como gelo.
Primeiro, ele me beijou, depois me disse para ficar longe, e então me seguiu de volta para o meu dormitório. Nada disso fazia sentido.
Cada vez que eu fechava os olhos, tudo o que eu via eram flashes dos lábios de Kylan nos meus e eu odiava isso.
Como se as coisas não pudessem piorar, todas as garotas só falavam sobre como ele estava dormindo com Chrystal, e que os dois iriam voltar a ficar juntos.
Eu não me importava. Na verdade, não dava a mínima—mas Lumia estava de coração partido.
Eu o odiava com cada osso do meu corpo, e quando o via no corredor, podia ver nos olhos dele. Ele sentia o mesmo.
Sendo a boa pessoa que eu era, queria rejeitá-lo ali mesmo para facilitar para nós dois—mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele tinha desaparecido.
Kylan ia me rejeitar em algum momento. Isso era um fato bem conhecido. Eu só queria fazer isso antes que ele tivesse a chance.
Ouvi três batidas na minha porta antes que ela se abrisse. "Vamos—pegue sua bolsa e vamos!" Reconheci a voz de Trinity. "Você não quer manchar seu travesseiro com maquiagem."
Levantei a cabeça para fuzilá-la com o olhar. "Não estou usando nenhuma."
"Ah?" ela franziu a testa. "Baba então. Vamos, vamos."
Com um gemido, me levantei da cama. Peguei minha bolsa e a segui.
"Qual é o sentido de compartilhar um dormitório quando somos basicamente só nós duas?" Trinity resmungou enquanto caminhávamos. Ela se referia a Chrystal e Amy, nossas colegas de quarto, que raramente estavam por perto.
Dei de ombros. "Eu não me importo."
Ao longo da semana, ficou claro para mim que eu não iria me conectar com as duas garotas Lycan de qualquer maneira. Não como eu me conectei com Trinity. Ela era legal, engraçada, descontraída e parecia que éramos amigas há anos. Nossa conexão parecia natural.
"Talvez a gente encontre meu par, e eu finalmente possa apresentá-lo a você!" Os olhos de Trinity brilharam.
Forcei um sorriso. "Sim, talvez."
Trinity encontrou seu par no Festival Starlight, e não parou de falar sobre ele desde então. Esta semana inteira eu tive que ouvir sobre como ele era alto, bonito e gentil—mas ela se recusava a mostrar uma foto para comprovar. Ela dizia que ele era alguém que eu teria que conhecer pessoalmente.
Eu estava feliz por ela, de verdade. Ela merecia o mundo e muito mais, mas pensar em como as coisas tinham sido tão diferentes para ela me deixava um pouco amarga.
Minha experiência tinha sido tão humilhante que eu nem contei a ela sobre encontrar o meu.
Trinity esbarrou no meu ombro. "Não se sinta mal por não ter encontrado seu par ainda. Talvez ele não esteja nesta escola."
"É," murmurei, desviando o olhar. "Talvez."
Um tempo depois, chegamos ao movimentado corredor acadêmico. Trinity me puxou para um abraço apertado.
"Eu tenho que ir por ali," ela apontou para uma ala diferente do prédio. "Mas tenha um bom primeiro dia! E se formos brigar com alguém, me manda uma mensagem!"
Soltei uma risada, observando-a partir. "Pode deixar!"
Infelizmente, não tínhamos nenhuma aula juntas hoje. Eu sabia que não podia depender dela por quatro anos, e tinha que fazer as coisas por conta própria—mas não seria exagero dizer que eu já estava sentindo falta dela.
Enquanto eu caminhava pelo corredor, procurava minha sala de aula. Quando finalmente a encontrei, respirei fundo, forçando-me a afastar todos os pensamentos sobre Kylan da minha mente. O que estava feito, estava feito, e agora era hora de me concentrar.
Minha primeira aula do dia era o básico de cura.
Entrei na sala de aula, já vendo Esther, nossa RD, parada na frente. Ela me deu um sorriso caloroso, que eu retribuí.
Olhando ao redor, procurei um assento vazio, mas então ouvi.
Aquela risada familiar e irritante.
Olhei para onde o som vinha e vi Chrystal sentada em uma mesa, cercada por suas seguidoras, incluindo Amy. Elas riam e cochichavam, mas seus olhos estavam em mim.
Se estavam rindo de mim ou comigo, eu não sabia—e, honestamente, não me importava.
Tudo o que eu sabia era que precisava encontrar um assento o mais longe possível delas, então foi o que fiz. Eu não queria me envolver com Chrystal, não quando já tinha problemas suficientes com Kylan. Um Lycan nobre já era mais do que suficiente.
"Bom dia a todos!" Esther cumprimentou assim que me sentei. "Antes de começarmos, quero fazer uma rápida rodada de apresentações. Nome, idade, de onde você é—"
Todos gemeram, mas Esther continuou, claramente não aceitando um não como resposta. Felizmente, fui a primeira, mas enquanto todos eram forçados a se apresentar, minha mente vagava para outro lugar.
"Hoje faremos um exercício simples de cura. Não se preocupem, isso é apenas para ver onde todos estão, então sem pressão."
Ela explicou a tarefa em detalhes, mas minha mente estava vagando novamente.
"Cada um de vocês terá um tanque com trinta peixes pequenos," Esther falou. "O objetivo é fortalecer pelo menos um dos peixes enfraquecidos usando suas habilidades de cura. Boa sorte!"
Perdi metade das instruções dela, mas não me importei. O exercício com peixes era um básico que eu tinha aprendido desde jovem. Era um padrão entre os curandeiros do clã Bloodrose—e todos nós fomos treinados sob a curandeira mais forte do clã, uma mulher velha e respeitada que também tinha sido tutora da minha mãe.
Olhei para o tanque que foi colocado na minha frente. Girando meu dedo, curei um peixe, pois queria manter um perfil baixo. Não queria me destacar ou ser rotulada como a nerd ou a exibida da classe.
Era assim em casa, e eu não queria repetir isso.
Quando ouvi pessoas falando e aplaudindo em admiração, virei a cabeça em direção à mesa de Chrystal.
"Quinze peixes," Esther assentiu com a cabeça, ajustando os óculos no nariz. "Bom trabalho, Chrystal. Como você já fez essa aula no ano passado, tenho certeza de que pode liderar as outras garotas."
Chrystal sorriu, jogando suas mechas ruivas para trás da orelha.
Ela realmente achava que era alguma coisa. Eu a odiava com paixão, mas não era por causa dela—era por causa dele.
'Ela não pode nos liderar. Já fizemos isso muitas vezes antes.' Lumia rastejou dentro da minha mente. 'Mostre a ela!'
Cerrei os punhos, olhando para os peixes no meu tanque enquanto a raiva tomava conta do meu corpo.
'Primeiro ela roubou nosso par, e agora está roubando nosso destaque. Ela não é a melhor curandeira desta classe.'
Era difícil não focar na voz de Lumia enquanto ela me empurrava para o limite. Não havia razão para Kylan me odiar do jeito que ele odiava, não enquanto ele se cercava daquilo.
Não era justo.
'Acabe com essa vadia, Violet.'
"Não—"
Antes que eu pudesse impedir, Lumia tinha vencido. A água no tanque espirrou violentamente, todos os trinta peixes nadando ao redor.
Seguiram-se suspiros na sala enquanto todos se levantavam para se reunir ao redor do meu tanque. Minhas bochechas ficaram quentes, eu podia sentir os olhos de todos em mim. Eu odiava atenção, e por causa daquela loba ciumenta, agora eu tinha uma sala cheia dela.