Lição de casa
POV de Elona
Eu não conseguia tirar aquele olhar do Sr. Crane da minha cabeça. Aquele olhar agora estava gravado na minha mente. Um que fazia meu coração bater rápido, que me fazia sentir mais por ele, aumentando minha paixão por ele. Era ruim e eu sei que é porque sou jovem e sou melhor amiga da filha dele. Tenho certeza de que ele não sente nada por mim, mas aquele olhar estava me dando vibrações diferentes.
Vou ficar para o jantar, e seremos apenas nós três. Talvez eu devesse voltar para casa depois que terminarmos nosso dever de casa. Crislynn e eu estamos sentadas na sala, com nossos livros de inglês abertos. Crislynn e eu estávamos sentadas no tapete que estava no chão. A mesa de centro estava vazia de qualquer coisa que estivesse nela. Para que pudéssemos fazer nosso dever de casa aqui. Sempre é na sala, na cozinha, no quarto da Crislynn, no escritório do pai dela ou na minha casa, onde fazemos o dever de casa. Ela era ótima em redação criativa, então as coisas fluíam facilmente na mente dela. Mas eu não era criativa a esse ponto. Eu gostava de ser mais prática.
Eu olhava para minha página em branco, batendo a caneta contra ela. Eu não tinha ideia do que escrever. As instruções eram para escrever uma história curta de mil palavras. Eu não queria que parecesse forçado. Olhei para Crislynn que estava escrevendo sem parar. Soltei um suspiro pesado e depois olhei para minha página em branco novamente.
O único tópico sobre o qual escrever é o Sr. Crane. Ninguém saberá, porque posso deixar o nome dele de fora. Nem mesmo Crislynn saberia. Este ensaio é para ajudar com nossas notas... e então começo a escrever sobre ele. Enquanto escrevia minhas emoções na página, Crislynn terminou antes de mim. "Terminei. Escrevi sobre minha mãe", ela disse enquanto eu olhava para ela com simpatia. Ela era muito próxima de Estelle. Havia um toque de tristeza em seus olhos.
"Escrever ajuda às vezes", eu disse a ela, e então seus olhos se encheram de lágrimas.
"Sim, é a primeira vez que escrevo sobre ela. Mesmo que eu diga que estou bem, guardo esses sentimentos dentro de mim, e nem conto para meu pai porque sei que ele sente falta dela, e ele ainda a lamenta mesmo depois de três anos. Quem sou eu para dizer a ele para namorar? É errado e eu não vou forçá-lo a seguir em frente tão rápido. Ele deve levar o tempo que precisar", ela disse enquanto enxugava a única lágrima que escorria por sua bochecha.
"É por isso que meu pai não namora há anos, porque cada um segue em frente de maneira diferente. Pode demorar mais para alguns. Ambos os nossos pais amaram e perderam suas almas gêmeas. Espero que um dia nós duas tenhamos esse tipo de amor que eles compartilharam com elas. Um amor que é verdadeiro. Vai ficar tudo bem, mas você não vai esquecê-la, e nem ele", eu disse.
"Espero que possamos superar a dor", ela sorriu. "Enfim, preciso pedir uma pizza", ela se levantou e foi para a cozinha.
Eu me recostei na borda do sofá, com as pernas cruzadas enquanto ainda segurava a caneta na mão. "Sobre o que é o ensaio?" Meu coração deu um salto no peito quando pulei, e olhei para o lado enquanto o Sr. Crane contornava o sofá que estava atrás de mim. Ele olhou para mim, seu colete e jaqueta estavam removidos, deixando-o com uma camisa branca com o botão de cima desabotoado. A camisa estava por dentro das calças sociais pretas.
Ele me olhou novamente com aqueles olhos verde-esmeralda. "Hum... estamos escrevendo um ensaio, e o tema pode ser sobre qualquer coisa. Isso conta para nossas notas," respondi, tentando ser indiferente.
Ele agora estava perto de mim, mas quando olhei para cima, meu olhar estava em sua virilha. O volume era grande, mas então desviei o olhar para meu ensaio. "Então, qual tema você escolheu?" ele perguntou.
"Eu escolhi escrever uma pequena história."
"Sobre o que é?" ele perguntou.
"É sobre uma garota se apaixonando por alguém e como ela espera estar com ele algum dia," olhei para ele, bem além do volume desta vez. Ele já estava me olhando com um sorriso de canto. Não sei o que isso poderia significar.
"Continue com o bom trabalho e você pode ter sucesso em qualquer coisa," ele disse, e então contornou a mesa de centro. Ele ficou na minha frente. Eu olhei para ele enquanto seus braços estavam cruzados sobre o peito e olhei para o que ele estava olhando.
Ele estava lendo o ensaio de Crislynn. Meu coração desacelerou desta vez porque este era um tópico sensível... sua esposa falecida. Olhei para ele e ele leu. Eu podia ver como sua expressão facial mudou. Havia dor gravada em seu rosto. Meu coração se partiu por ele e por minha melhor amiga. Sua esposa morreu em um trágico acidente de carro. Era uma noite de tempestade. Ela perdeu o controle na estrada escorregadia, bateu em um carro que vinha na direção contrária e quando o Sr. Crane chegou ao local, ela ainda estava viva, mas estava sangrando até a morte. Ela morreu.
Ele ficou devastado no funeral dela e tudo sobre isso foi de partir o coração porque essa família foi construída com tanto amor. Eu entendo por que o Sr. Crane não quer namorar. Ela era o amor da vida dele. Eu não os vi por três meses depois disso, mas Crislynn e eu sempre nos comunicávamos por mensagem. Eu queria dar a eles o espaço que precisavam para lamentar. Ela sempre me mandava mensagens só para dizer que ouvia ele chorando à noite e isso a deixava triste e ela não sabia o que fazer.
Com o passar do tempo, as coisas melhoraram, mas não ao ponto de uma cura completa para seguir em frente. Enquanto continuo olhando para o Sr. Crane, lendo o ensaio de Crislynn, eu podia ver a devastação se tornando evidente em seu rosto. Uma máscara que está caindo, esquecendo que estou aqui.
"Eu liguei para a pizzaria, estou morrendo de fome," o Sr. Crane desviou a atenção do ensaio enquanto dava um passo para o lado, olhando para sua filha. Ele tentou se recompor e garantir que a máscara estivesse de volta. Ele olhou para mim enquanto Crislynn guardava suas coisas, sua dor ainda um pouco visível em seu rosto. Ele sabia que eu vi sua máscara cair e então ele foi para a cozinha sem dizer mais nada.