




CAPÍTULO 005: Notícias do café da manhã
~~ Julie ~~
Ai, minha cabeça parece que pesa uma tonelada.
Abro os olhos devagar e olho ao redor. Estou na minha sala de estar, mas não consigo lembrar como cheguei em casa ontem à noite.
Merda, o carro do Ryan.
Corro até a janela, com o coração acelerado, e espreito lá fora. Lá está ele, ainda estacionado na entrada. Graças a Deus. Ryan teria ficado muito bravo se eu tivesse batido o carro.
Preciso de um banho. E definitivamente de uma escova de dentes. Minha boca tem gosto de algo que morreu dentro dela.
Me arrasto até o andar de cima, mas assim que abro a porta do quarto principal, eu congelo. Emily está em cima de Ryan, os dois completamente nus, se movendo em sincronia. Seus gemidos enchem o quarto.
Eu grito.
Emily solta um grito e cai de cima dele, tentando se cobrir.
“Jesus Cristo, Julie,” Ryan murmura, sentando-se e me encarando. “Já ouviu falar em bater na porta?”
Quero dizer a ele que nunca precisei bater na porta da minha própria casa, muito menos no meu próprio quarto, mas qual é o ponto? “Só vim pegar minhas coisas.”
“Já está tudo feito,” Emily retruca. “Tudo que você tem está no quarto de hóspedes.”
Eu aceno rigidamente e fecho a porta. Se eu ficar neste corredor por mais um segundo, posso decidir entrar lá com uma faca. Então desço as escadas devagar, contando de dez para um. Você consegue, Julie. Você está indo bem.
Quando chego ao quarto de hóspedes, vejo o trabalho de Emily. Minhas coisas estão espalhadas por toda parte—no chão, na cama, como uma exibição caótica de desrespeito. Estou cansada e com fome demais para lidar com isso agora.
No chuveiro, deixo a água quente lavar a dor de ontem, de hoje e do inferno que o amanhã trará. O som da água é como um ruído branco, abafando os soluços que me recuso a soltar. Não vou chorar por Ryan. Não vou chorar por Emily.
“Martha?” chamo, indo para a cozinha onde nossa cozinheira está ocupada com o café da manhã.
“Bom dia, senhora,” Martha diz, olhando para mim. “Espero que tenha dormido bem?”
“Como um bebê,” minto. “Estou morrendo de fome, no entanto.”
“Vou trazer sua comida em um momento. Por favor, sente-se.”
Alguns minutos depois, ela coloca um prato na minha frente, e eu pisco, surpresa. Apenas algumas folhas de alface e uns verdes tristes.
“Onde está o resto?” pergunto, levantando uma sobrancelha.
“A nova senhora disse que não podemos mais cozinhar refeições calóricas,” Martha explica, parecendo nervosa. “Eu disse a ela que você tinha um plano alimentar, mas o Sr. O’Brien disse que eu perderia meu emprego se não seguisse as ordens da Sra. Emily.”
Claro. A cobrinha está começando uma guerra. Primeiro, ela leva meu marido. Agora, está mexendo na minha cozinha. Jogo iniciado.
“Tudo bem, Martha. Você está apenas fazendo seu trabalho.”
Eu encaro o prato de verduras, com o estômago roncando. Forço uma mordida, tentando não engasgar. Não é de se admirar que Emily seja tão magra—ela come como um coelho. Tento terminar por respeito à Martha, mas cada mordida é uma tortura.
Minha mente volta para a noite passada. Devo ligar para o Luke? Como vamos conseguir levar adiante esse plano de namorado falso?
Pego meu celular e mando uma mensagem rápida para ele, salvando seu número como Luke Acompanhante. “Oi, é a mulher rica bêbada de ontem à noite. Só para avisar que cheguei em casa em segurança, e sem arranhões no carro. Entrarei em contato sobre nosso plano. Abraços.”
Aperto enviar.
Em segundos, a resposta dele chega. “Quem?”
Oh, meu Deus. Ele não se lembra de mim. Que constrangedor.
Mas então ele manda, “Brincadeira. Vou torcer por você, Julie.”
Ugh. Ele é insuportável.
Nesse momento, ouço passos na escada. Ryan e Emily aparecem, de mãos dadas, com um ar de superioridade.
“Bom dia, Julie!” Emily canta, sorrindo exageradamente. Seus dentes parecem caros. “Como foi o café da manhã?”
Retribuo o sorriso. “Delicioso. Exatamente o que eu precisava. Você tem razão, todos deveríamos comer como nova-iorquinos—todo mundo está tão magro hoje em dia que podem começar a construir portas menores.”
Emily ri, claramente não percebendo meu sarcasmo. “É verdade, Julie! Martha, estamos prontos para o nosso café da manhã também.”
Martha traz para eles o mesmo prato triste de verduras que me deu. Sorrio enquanto Ryan dá uma mordida e imediatamente luta para não cuspir.
“Você gostou, amor?” Emily pergunta.
Ryan acena com a cabeça, mastigando relutantemente. “Sim, é… bom.”
Perfeito. Agora, hora de dar a ele algo mais para engasgar.
“Sabe,” digo, recostando-me na cadeira, “tenho pensado muito. Percebi que fui dura com você, Ryan. Você não merecia isso.”
Ele me olha cautelosamente, sentindo que algo está errado.
“Você é meu marido,” continuo, mantendo o tom doce. “E todos têm direito aos seus desejos, mesmo que não façam sentido. Então, decidi que estou totalmente a bordo com esse arranjo.”
Ryan não parece confortável. Depois de todos esses anos, ele sabe quando estou mentindo.
Mas Emily não. Ela parece genuinamente aliviada. “Que bom ouvir isso, Julie! Quero dizer, os humanos nunca foram feitos para ser monogâmicos.”
“É mesmo?” digo, levantando uma sobrancelha.
“Com certeza. Desde o início dos tempos, nossos ancestrais eram exploradores.”
Certo. Aulas de biologia da mulher que está dormindo com meu marido. Fascinante.
“Exatamente por isso decidi fazer um pouco de exploração eu mesma,” digo, observando atentamente seus rostos. “Encontrei um namorado.”
Ryan congela, com o garfo a meio caminho da boca. O sorriso de Emily vacila.
“Namorado?” Ryan pergunta, com a voz tensa.
Eu sorrio, aproveitando o momento. “Isso mesmo, querido. Acho que é justo. Se você vai explorar, eu também vou.”