




CAPÍTULO 003: O bar
Olho para Ryan, depois para Emily. "Eu não entendo."
Ryan nem olha para mim, apenas pega a mão de Emily e começa a levá-la embora. "Pare de ser uma anfitriã tão ruim, Julie. Tivemos um dia longo."
"De jeito nenhum, Ryan. Ela não vai ficar nesta casa," digo, minha voz tremendo de incredulidade.
Ele não responde. Eles já estão na metade da escada.
"Você me ouviu? Ela não vai ficar aqui! Leve-a de volta para onde quer que você a tenha encontrado. Eu não a quero na minha casa."
Ryan para, virando-se apenas o suficiente para me lançar um olhar furioso. "Sua casa? Eu coloquei um teto sobre sua cabeça. Se eu digo que ela vai ficar, ela vai ficar. Se você não gosta, vá para outro lugar. Eu não tenho energia para suas bobagens, Julie."
Meu Deus. Meu peito aperta. "Como você pôde fazer isso?" digo. "Não vire as costas para mim, Ryan. Fique aqui e me responda."
Emily se vira para me olhar, sorrindo com desdém. "A propósito, você vai precisar mover suas coisas para o quarto de hóspedes. Eu não vou dividir a cama com você e Ryan. Já é ruim o suficiente dividir ele com você."
Toda a energia em mim evapora. Eu apenas fico ali, sem palavras. Não consigo me mover. Não consigo respirar. Ouço eles sussurrando e rindo enquanto entram no nosso quarto. Meu quarto. Eles estão me expulsando do meu próprio quarto.
A sala de estar de repente parece pequena demais.
Tropeço até a porta da frente, a abro com força e corro para fora, precisando escapar. Não sei para onde estou indo, mas não posso ficar aqui.
"Senhora, está tudo bem?" Justin, o segurança de Ryan, pergunta enquanto me aproximo, sem fôlego. Ele está limpando o Rolls-Royce de Ryan, me olhando com preocupação.
Estendo a mão. "As chaves."
"Senhora?"
"As malditas chaves, Justin."
Ele hesita por um segundo, mas as entrega. Sei que ele está se perguntando por que preciso do carro de Ryan quando tenho o meu próprio. Honestamente, eu também não sei. Mas se eu ficar aqui por mais um segundo, posso perder completamente o controle.
"Senhora O'Brien, deixe-me dirigir para você—"
"Não, Justin. Eu mesma vou dirigir."
Saio da garagem e acelero pela noite.
~~
Já se passou mais de uma hora, e ainda estou dirigindo sem rumo. Minha mente é um turbilhão de tudo—Ryan, Emily, seus rostos arrogantes. Inicialmente, eu tinha planejado uma manicure e pedicure para a noite de sábado, só para tirar minha mente das coisas. Coisas que envolvem Ryan. Mas já não estou mais com vontade de cuidar das minhas mãos e pés. Não faz nem dois dias desde que ele soltou aquela bomba sobre um casamento aberto, quase me dando um ataque cardíaco, e agora ele está trazendo a amante dele? Emily? A mesma Emily?
A coisa mais louca é que não consigo chorar. Não sinto nada. Sem lágrimas, sem raiva—apenas esse vazio oco. A última terapeuta com quem falei disse que é um mecanismo de defesa. Que estou negando minhas emoções reais. Chore, Julie, ela costumava dizer. Liberte-se do fardo.
Bem, todos eles podem ir para o inferno. Ryan. Emily. A terapeuta. Toda a minha família.
Eu sei do que preciso. Uma bebida.
Entro no bar mais próximo e vou para dentro.
"Um shot de uísque," digo ao barman. "Puro. E continue servindo."
"Noite longa?"
"Não quero falar sobre isso," digo.
Ele serve o primeiro shot, e eu o viro de uma vez, acolhendo a queimação na garganta. É forte, mas é melhor do que a alternativa—pensar no que está acontecendo em casa.
Enquanto tomo o segundo shot, ouço alguém chamar, "Maggie! Maggie!"
Viro-me, confusa, e vejo um homem alto e bonito se aproximando de mim, seus olhos fixos nos meus. Antes que eu possa reagir, ele me envolve em um abraço apertado. "Graças a Deus te encontrei," ele diz, me puxando para um abraço apertado.
Eu me enrijeço. "Quem diabos é você?"
"Por favor, apenas vá junto com isso," ele sussurra no meu ouvido. "Eu explico depois. Eu prometo."
Antes que eu possa empurrá-lo, uma mulher furiosa se aproxima.
"Luke! Eu sabia. Você não pode se esconder de mim."
O estranho—Luke, aparentemente—se vira para enfrentá-la, ainda mantendo o braço ao meu redor. "Veronica, que surpresa," ele diz, fingindo indiferença.
"Meu nome não é Veronica, é Evelyn."
Luke lhe dá um sorriso envergonhado. "Certo, desculpe. Eu confundo às vezes. De qualquer forma, esta é Maggie—minha esposa."
Ele levanta minha mão, mostrando minha aliança, e eu quase engasgo. O que está acontecendo?
Evelyn me encara. "Você se casou com esse canalha?"
Não sei o que dizer, então apenas aceno com a cabeça.
"Você deveria se divorciar dele," ela dispara. "Ele passa uma noite com você e desaparece na próxima. Quem faz isso?"
"Mas foi isso que combinamos. Uma noite—" Luke começa, mas Evelyn o interrompe.
"Vai se ferrar, Luke."
E com isso, ela sai furiosa, nos deixando ali, atônitos.
Luke suspira aliviado. "Bem, essa era uma perseguidora. Pelo menos ela está fora do meu pé agora." Ele se vira para mim, sorrindo. "Posso te pagar uma bebida? Você definitivamente merece."
Eu olho para ele e depois para o lugar onde a mulher furiosa estava. Tudo aconteceu tão rápido. Eu nem consigo processar. Acho que preciso daquela bebida.
"Faça duas," digo.
E Luke sorri.