




Limites e linhas de batalha
Eu caminho furiosamente pelo corredor, meus passos ecoando fortemente contra o chão frio. Ben mal consegue acompanhar meu ritmo, e posso sentir a tensão emanando dele enquanto tenta igualar minha velocidade. Não o culpo pela minha raiva; ele tem sido nada além de paciente comigo desde que cheguei aqui. Mas eu preciso de respostas. Preciso entender como esperam que eu conduza pesquisas com todas as fronteiras rigidamente traçadas, com vigilância constante sufocando cada movimento meu.
Minha mente está cheia de perguntas. Como devo entender essa criatura que é claramente mais do que apenas um sujeito, mais do que apenas um espécime atrás de um vidro—se não posso estudá-lo com um mínimo de empatia ou respeito? Como posso fazer meu trabalho se sou forçada a comprometer minha ética, se não me permitem aplicar as práticas humanas que guiaram minha carreira? Sinto-me presa, restringida por pessoas que têm pouco respeito pela complexidade delicada do meu trabalho.
Ben, percebendo minha fúria, apressa-se atrás de mim. “River, talvez devêssemos—”
Paro abruptamente, girando nos calcanhares para encará-lo, minhas palavras afiadas e frias. “Leve-me até Drayton.”
Ele acena com a cabeça, nem se dando ao trabalho de argumentar. Ele aprendeu que quando estou assim, não adianta tentar me convencer. Silenciosamente, ele lidera o caminho pelo corredor em direção ao escritório de comando de Drayton. Os corredores estão estranhamente silenciosos, estéreis e austeros, como se as próprias paredes estivessem escondendo segredos.
Quando nos aproximamos do escritório, ouço o som abafado da voz de Drayton. Ele está ao telefone com alguém, e seu tom é baixo, carregado de impaciência. Paro bem na porta, e Ben gesticula para que eu espere, sua mão levantada como um lembrete sutil para proceder com cautela.
“...Ela precisa ser eliminada,” a voz de Drayton filtra-se, áspera e severa. “Precisamos nos livrar dela.”
Meu estômago despenca, as palavras me congelando no lugar. De quem ele está falando? Poderia ser de mim? Ou—meu coração dispara—A Criatura? O pensamento faz meu sangue gelar.
Ben hesita apenas um momento antes de bater firmemente na porta. A conversa de Drayton é interrompida abruptamente, e após uma pausa tensa, ouço sua resposta cortante, carregada de irritação. “Eu te ligo de volta,” ele rosna ao telefone. Há um clique quando ele desliga, e então sua voz late, tão mordaz quanto eu esperava.
“Por que diabos você está aqui, soldado? Se você a perdeu, pode ter certeza que será o seu fim.”
Por um momento, fico chocada com o veneno em seu tom. É assim que ele fala com seus homens? Ben sempre foi tão educado, tão profissional. Mas aqui, diante da ira de seu superior, ele fica em rígida atenção, seu rosto uma máscara de conformidade.
“Não, Coronel, senhor. Eu não a perdi. Ela está bem aqui fora.” Sua voz é firme, inabalável. “Ela gostaria de falar com o senhor.”
Há um breve silêncio antes de Drayton soltar um suspiro agudo. “Bem, por que diabos você não disse isso antes?” ele rosna. “Mande-a entrar e feche a maldita porta.”
Ben dá um passo para trás, acenando em direção à porta para me sinalizar a entrada. Eu passo por ele, determinada, endireitando os ombros enquanto entro no escritório. Drayton está de pé atrás de sua mesa, braços cruzados, sua expressão uma máscara impenetrável de autoridade. Seu olhar é como aço, me avaliando com uma escrutinação que faria a maioria das pessoas recuar. Mas eu já enfrentei adversários mais difíceis, e me recuso a deixá-lo me intimidar.
“O que é, Dra. Adams?” ele rosna, mal me dando um segundo para falar.
Não hesito. “Preciso entender por que estou sendo restringida no meu trabalho, Coronel,” digo, minha voz firme. “Como espera que eu forneça resultados precisos e úteis se não me permite abordar essa criatura com um nível de respeito e empatia?”
Seus olhos se estreitam. “Dra. Adams, acho que você não entende a natureza desta operação. Não estamos aqui para fazer amizade com este... espécime. Estamos aqui para observar, coletar dados, determinar se ele representa alguma ameaça.”
“Tratando-o como um rato de laboratório?” retruco, mal contendo minha raiva. “Ele é inteligente, Coronel. Ele entende mais do que você imagina, e se continuarmos tratando-o como nada mais do que uma amostra, nunca obteremos uma verdadeira compreensão de suas habilidades, de sua natureza.”
A mandíbula de Drayton se contrai, seu olhar frio e inflexível. “É aí que você se engana, Dra. Adams. Você pode vê-lo como algo mais, mas no fim do dia, ele está aqui para pesquisa. Não estamos preocupados com o conforto dele ou com seu código pessoal de ética. Esta é uma operação governamental. O protocolo é claro.”
“Protocolo,” repito, minha voz baixa, a palavra carregada de desdém. “Protocolo que envolve negar a decência básica? Você quer respostas, mas está amarrando minhas mãos, recusando-se a me deixar fazer meu trabalho da maneira que fui treinada. Como espera que eu determine a natureza dele, seu potencial, se não me permitem interagir com ele?”
Por um momento, a expressão de Drayton vacila, um lampejo de irritação cruzando seu rosto. Ele se inclina ligeiramente para frente, seu tom caindo para um sussurro áspero. “Deixe-me deixar uma coisa clara, Dra. Adams. Seu papel aqui é relatar suas observações. Nada mais. Isto não é um zoológico. Não se trata de moral ou ética. Se eu ouvir mais resistência de você, sua permanência aqui será reavaliada.”
Encaro-o firmemente, recusando-me a deixar que ele veja a rachadura na minha determinação. Ele está me testando, me pressionando para ver se vou recuar, se vou jogar pelas regras dele sem lutar. Mas me recuso a abandonar a crença de que posso fazer melhor pela criatura, que posso provar que há valor em entendê-lo além da observação fria.
“Entendido, Coronel,” digo, minha voz tensa, mas controlada. “Mas lembre-se de que me contratou pela minha expertise. Se continuar me limitando, acabará com resultados falhos. Deixe-me lidar com isso do meu jeito, dentro do razoável, e eu posso lhe dar o que precisa.”
Os olhos de Drayton se estreitam, um leve sorriso surgindo no canto de sua boca. “Vou levar suas preocupações em consideração, Dra. Adams. Por enquanto, siga o protocolo.”
É uma resposta vazia, uma promessa vaga que não tem peso real. Mas sei que não posso pressionar mais—não agora, não aqui, com as apostas tão perigosamente altas. Forço-me a acenar com a cabeça, virando-me para sair, embora cada instinto me diga para continuar lutando, para exigir mais.
Ao sair do escritório, Ben está esperando, sua expressão cautelosa. Ele não pergunta o que aconteceu, e eu não ofereço detalhes. Mas sei que ele viu o suficiente, ouviu o suficiente, para entender a futilidade da minha conversa.
“Você está bem?” ele pergunta baixinho enquanto caminhamos pelo corredor.
Aceno com a cabeça, embora minha mente esteja a mil, dividida entre raiva e frustração. “Eu só—” Pauso, procurando as palavras certas. “Não posso ajudar a criatura se não me deixarem abordar isso de forma ética. Eles não o entendem, Ben. Eles não o veem como nada além de uma ameaça.”
Ben fica em silêncio por um momento, seu olhar fixo à frente. “Talvez eles mudem de ideia,” ele diz, embora haja uma nota de dúvida em sua voz.
Não respondo, relutante em deixar minha frustração de lado.