




A tempestade crescente
O trovão da tempestade que se aproximava ecoava nos meus ouvidos enquanto eu estava no convés do barco de pesquisa, meu coração batendo no mesmo ritmo do oceano. Eu estudava a vida marinha há anos, mas nada poderia me preparar para este momento. O céu estava de um cinza ameaçador, pesado com a promessa de chuva, e o ar crepitava com uma intensidade que me fazia arrepiar. Nesse instante, o som de um helicóptero cortando o vento encheu o ar, e eu olhei para cima para ver um enorme helicóptero preto dos Navy SEALs voando baixo sobre nossa embarcação.
"Todos, segurem-se!" gritei, tentando manter minha voz firme acima do barulho das hélices do helicóptero. A tripulação se apressou para segurar os equipamentos, mas minha atenção foi atraída de volta para a criatura que estávamos rastreando há semanas. Ele era magnífico—suas escamas brilhavam na luz fraca, uma mistura cativante de azuis e verdes que parecia pulsar com a vida do próprio oceano. Um sorriso de canto de boca surgiu em seus lábios, uma mudança sutil que sugeria que ele sabia mais do que nós. Era como se o próprio tecido do destino estivesse entrelaçado em seu ser, e eu não podia deixar de sentir que o que estava prestes a acontecer não era coincidência. O oceano tinha uma mente própria, como se a mudança repentina em seu comportamento fosse deliberada. A descrença se espalhou pela minha mente, mas meus pensamentos acelerados não podiam ser domados, o oceano estava calmo, sem uma nuvem no céu. Então capturamos a criatura e tudo muda. O oceano está protegendo seu filho. A criatura sabe disso.
Em poucos minutos, o helicóptero preto retornou, e o oceano começou a agitar-se violentamente sob nós, cada onda batendo contra o casco com uma intensidade furiosa. Eu me agarrei ao corrimão, sentindo o barco balançar e rolar nas águas turbulentas. Era como se o próprio mar estivesse se rebelando contra nossa presença, determinado a proteger seus segredos. Olhei para o horizonte, procurando sinais de ajuda, mas tudo o que pude ver foi uma cortina de chuva se aproximando, encobrindo o mundo em escuridão.
Então, com um estalo retumbante que rivalizava com o trovão, cordas desceram do helicóptero, chicoteando o ar antes de bater no convés com uma força que sacudiu o barco. O som era quase indistinguível do trovão que rugia acima de nós, mas me trouxe de volta ao presente. Eu me esquivei para o lado, evitando por pouco uma das cordas que ameaçava me derrubar. Meu coração disparou enquanto eu lutava para manter o equilíbrio, a adrenalina correndo pelas minhas veias. Eu já havia enfrentado muitos perigos na minha carreira, mas nada se comparava à energia caótica que nos envolvia agora.
"Doutor River!" um dos membros da tripulação gritou, sua voz mal audível sobre a cacofonia. "Precisamos sair daqui!"
"Eu sei!" gritei de volta, mas minha mente estava a mil. Virei-me para a criatura mais uma vez, e nossos olhos se encontraram. Seu olhar azul profundo era uma tempestade de emoções—preocupação, raiva e algo mais que eu não conseguia identificar. Naquele momento, senti uma conexão que transcendia palavras, um entendimento silencioso entre nós.
O mar rugia sob nós, ondas batendo sobre o lado do barco e nos encharcando com água gelada. Eu podia sentir o frio penetrar nas minhas roupas, mas não era nada comparado ao calor que irradiava da criatura ao meu lado. Seus olhos pareciam perfurar a tempestade, como se ele pudesse ver diretamente na minha alma. Fiquei momentaneamente perdido naquele olhar, o caos ao nosso redor desaparecendo no fundo.
O helicóptero retornou agora pairando acima de nós, e eu podia ver figuras descendo pelas cordas, seus uniformes escuros contrastando com o céu tempestuoso. Eles pousaram no convés com precisão, e senti uma onda de pânico. Quem eram eles? O que queriam? Não conseguia me livrar da sensação de que isso era mais do que uma simples extração de rotina; era como se estivessem aqui por algo específico, algo que havia sido colocado em movimento muito antes de nossa expedição começar.
Enquanto olhava de volta para a criatura, meu coração disparou, e eu sabia que tínhamos apenas momentos para agir. O oceano rugia ao nosso redor, ondas quebrando com a ferocidade de um gigante agitado pela tempestade. Olhei para ele novamente, minha mente correndo com possibilidades. Ele era a resposta, eu podia sentir isso no fundo do meu ser. Mas antes que eu pudesse expressar meus pensamentos, uma rede larga de repente caiu do helicóptero, descendo como uma nuvem escura sobre o barco. Ela atingiu o convés com um baque, nos enredando em seu aperto antes que pudéssemos reagir. A criatura e eu nos encontramos emaranhados, a malha pesada nos puxando para cima, a força pura nos levantando do chão.
O pânico tomou conta de mim enquanto sentia a água fria do oceano recuar sob nós, e o rugido da tempestade se desvanecer em um murmúrio distante. Olhei ao redor freneticamente, mas o caos acima era esmagador. Os Navy SEALs se moviam com propósito, destruindo o barco, meu recurso, e espalhando medo entre meus colegas. Eu podia ver as hélices do helicóptero girando furiosamente, as lâminas um borrão contra o céu escurecido. A rede apertou ao nosso redor, o peso dela pressionando, e senti o corpo da criatura se mover contra o meu, ambos suspensos nesse tableau bizarro.
Meu coração disparou enquanto eu lutava contra a rede, mas era inútil. Eu podia sentir a presença da criatura ao meu lado, uma fonte de força neste momento de incerteza. Roubei um olhar para ele, e em seus olhos, vi uma mistura de determinação e resignação. Havia algo cativante nele, algo que me fazia querer lutar contra as probabilidades, mesmo enquanto éramos puxados mais alto para o céu tempestuoso.
O vento uivava ao nosso redor, e eu podia sentir minhas roupas grudadas na pele, o frio penetrando enquanto o helicóptero começava a subir. O mundo abaixo encolhia, o tumulto do oceano se desvanecendo em uma mera memória enquanto ascendíamos. Meu pulso acelerou enquanto eu agarrava a rede, sentindo a textura áspera contra minhas palmas. Olhei para baixo, para o mar agitado, as ondas quebrando violentamente abaixo, e uma sensação de vertigem tomou conta de mim.
À medida que o helicóptero subia mais alto, percebi que a criatura não era apenas uma anomalia; ele era a chave para algo muito maior do que qualquer um de nós entendia. Naquele momento, senti uma mudança dentro de mim, um despertar para a realização de que nossos destinos estavam entrelaçados. Eu não era apenas um pesquisador, eu era seu protetor.
Rompemos as nuvens de tempestade, o mundo abaixo desaparecendo em um manto de cinza, e senti a luz do sol aquecer meu rosto enquanto o helicóptero se nivelava. O som das hélices era ensurdecedor, mas naquele momento, eu estava perdido em pensamentos, um turbilhão de perguntas e possibilidades correndo pela minha mente. O que os Navy SEALs estavam procurando? E por que escolheram este momento para intervir?
A rede apertou mais enquanto pairávamos acima do oceano, suspensos em um espaço liminar entre o céu e o mar. Virei-me para a criatura, nossos olhos se encontrando mais uma vez, e naquele instante, senti uma onda de compreensão. Isso não era apenas uma missão de resgate.