




Capítulo 2: Conexão
Ethan olhou para ela por um segundo antes de aceitar o aperto de mão. Pela primeira vez desde que chegou, Isabella sentiu que tinha feito progresso, que tinha quebrado uma pequena parte do muro que Ethan havia construído ao seu redor.
No entanto, enquanto Ethan voltava ao seu jogo, Isabella não conseguia parar de se perguntar por que uma criança tão inteligente e sensível parecia tão isolada, tão rebelde. Ela sabia que havia algo mais profundo por trás daquela fachada, algo que ela ainda não tinha visto.
Mais tarde naquela noite, Isabella foi até a cozinha em busca de algo para beber. Estava exausta, mas satisfeita com o pequeno progresso que havia feito com Ethan. Sabia que não seria fácil, mas a faísca de conexão entre eles a encorajava.
Enquanto tomava sua água, ouviu passos suaves se aproximando. Ao se virar, encontrou Alexander parado na porta, sua figura imponente bloqueando a luz que vinha do corredor.
—Como foi seu primeiro dia? —ele perguntou, seu tom neutro, mas com um leve toque de interesse.
—Difícil, mas não impossível —respondeu Isabella, colocando o copo na pia—. Ethan é um menino muito inteligente, mas acho que o que ele realmente precisa é de alguém que o ouça.
Alexander a observou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse avaliando suas palavras. Finalmente, fez um leve aceno com a cabeça.
—Ethan não teve uma vida fácil —ele disse, sua voz mais suave do que o habitual—. A mãe dele... desapareceu quando ele era muito jovem. As coisas têm sido complicadas desde então.
Isabella sentiu uma pontada de tristeza pelo menino. Sabia que não tinha o direito de fazer perguntas pessoais, mas agora entendia um pouco mais por que Ethan agia da maneira que agia.
—Farei tudo o que puder para ajudá-lo —disse sinceramente—. Ele é um bom garoto. Só precisa de tempo.
Alexander a olhou novamente, seus olhos escuros brilhando com uma emoção que ela não conseguia identificar.
—Espero que você consiga fazer o que outras babás não conseguiram —ele murmurou antes de se virar para sair da cozinha—. Boa noite, Isabella.
—Boa noite, Sr. Blackwell —ela respondeu, observando enquanto ele desaparecia pelo corredor.
Quando o silêncio voltou a preencher a casa, Isabella suspirou. Sabia que estava entrando em uma situação complexa, tanto com Ethan quanto com seu pai. E embora ainda não soubesse todos os detalhes, tinha certeza de que havia muito mais por trás da história dos Blackwell do que Alexander estava disposto a compartilhar.
Isabella permaneceu na cozinha por mais alguns minutos, deixando as palavras de Alexander ecoarem em sua mente. O desaparecimento da mãe de Ethan explicava muito sobre seu comportamento, mas também levantava mais perguntas. O que realmente havia acontecido? Por que Alexander falava dela como se fosse um assunto proibido? Não havia tristeza ou dor em sua voz, apenas uma resignação fria, como se ele tivesse fechado aquele capítulo de sua vida há muito tempo.
Enquanto subia as escadas para seu quarto, não conseguia parar de pensar em Ethan. Algo nele parecia estranhamente familiar, uma conexão que ela não conseguia entender. O cansaço começou a pesar sobre ela, e quando chegou ao corredor que levava ao seu quarto, decidiu não pensar mais nisso naquela noite. O amanhã traria novos desafios.
Ela abriu a porta do quarto e, ao entrar, encontrou uma pequena figura sentada na beira da cama. Era Ethan. Ele estava abraçando um travesseiro, com os olhos fixos no chão, como se estivesse esperando por algo.
—Ethan, o que você está fazendo aqui? —perguntou Isabella, surpresa e um pouco preocupada.
O menino levantou o olhar, e pela primeira vez desde que o conheceu, ela viu uma vulnerabilidade em seus olhos que ele não havia mostrado antes.
—Às vezes eu não consigo dormir —ele murmurou, quase inaudível—. E eu não sei... pensei que talvez você pudesse ler algo para mim ou... não sei. As outras babás não faziam isso, mas você... você não é como elas.
Isabella sentiu seu coração apertar com aquela confissão. O menino, que tinha sido um turbilhão de rebeldia e desafio, estava mostrando uma fragilidade que ninguém mais parecia ter notado.
—Claro, eu posso ler algo para você —disse suavemente, aproximando-se e pegando um livro da pequena estante no quarto.
Ela se sentou ao lado dele na cama, abrindo o livro com cuidado. Quando começou a ler, Ethan se acomodou ao lado dela, descansando a cabeça em seu ombro, algo que a surpreendeu. Enquanto lia, sentiu o menino relaxar, sua respiração ficando mais lenta e tranquila.
Isabella ficou em silêncio por um momento, observando-o enquanto ele adormecia, sentindo uma conexão inexplicável com ele. Algo profundo, algo que ela não entendia completamente, mas que estava ali. Ela se perguntou se realmente poderia ajudá-lo a se curar ou se essa relação com Ethan e seu pai traria apenas mais perguntas sem resposta.
Antes de apagar a luz, deu uma última olhada no menino. Ele parecia tão pequeno, tão vulnerável, em contraste com a personalidade avassaladora que havia mostrado durante o dia. Algo mexeu em seu peito, um sentimento de proteção e carinho que não esperava sentir tão cedo.
No entanto, o que Isabella não sabia era que isso seria apenas o começo de um turbilhão de emoções e revelações que abalariam sua vida. Os segredos enterrados, as conexões ocultas e os mistérios que cercavam os Blackwell estavam prestes a ser desvendados, e nada seria como ela esperava.
Enquanto fechava a porta do quarto, uma sombra cruzou o corredor. Uma figura observava silenciosamente da escuridão. Alexander, encostado na parede, havia testemunhado a cena entre Isabella e seu filho. Seus olhos refletiam uma mistura de perplexidade e algo mais... algo que ele mesmo não conseguia entender completamente.
—Isso não vai ser fácil —pensou ele, enquanto se afastava na penumbra. Porque, embora Isabella ainda não soubesse, sua chegada na vida dos Blackwell estava destinada a mudar tudo.
E no dia seguinte, algo aconteceria que testaria Isabella de maneiras que ela nunca imaginou.