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Papai

Na manhã seguinte, Rita fez uma visita ao pai. Lawrence Anderson estava envelhecendo. Seu cabelo castanho habitual já tinha muitos fios grisalhos. Ele era um homem de estatura média, com um rosto oval e um queixo forte. Rita herdou sua tez, um caramelo brilhante que parecia cintilar sob o sol. Seus olhos eram de um azul profundo, como o oceano. Isso geralmente atraía as pessoas, especialmente investidores em potencial.

Não era de se admirar que ele tivesse muitos clientes querendo se associar ao grupo Anderson. Além de sua aparência atraente, Lawrence Anderson tinha o dom de convencer as pessoas. Ele tinha uma lábia que movia investidores e clientes, e antes que percebessem, já tinham assinado um contrato. Não era surpresa para ninguém que sua filha tivesse herdado essas características, que ela usava com sabedoria para administrar o império.

"Oi, pai", Rita sorriu, beijando suas bochechas.

"Fico feliz que tenha vindo me ver, faz tanto tempo. Como você está?", ele disse.

"Desculpe, pai, sei que minha visita está muito atrasada. Tenho estado tão ocupada que às vezes nem tenho tempo para mim mesma", suspirou Rita, sentando-se.

"Você deve reservar um tempo para si mesma, minha querida. Ninguém pode cuidar de você melhor do que você mesma, sempre lembre disso. Sei que não é fácil administrar um império tão grande quanto o nosso, mas sei que você pode fazer isso, e é por isso que coloquei você lá", disse Lawrence.

Rita ficou quieta por algum tempo, refletindo sobre as palavras dele. Seu pai era um homem sábio, que raramente cometia erros. Ela tinha muito a aprender com ele, especialmente se quisesse administrar o império sem problemas.

"Pai, algo tem me incomodado, e é por isso que vim te ver. Tentei falar com a mamãe sobre isso, mas ela não quis me ouvir", suspirou.

"Continue, estou ouvindo. Qual é o problema?".

"Pai, eu não posso me casar com Edmundo. Simplesmente não posso", ela desabafou.

Por vários minutos, o patriarca ficou em silêncio, pensando nas palavras da filha. Rita podia ver as engrenagens girando na cabeça dele enquanto ele tentava lhe dar uma resposta.

"Você tem que se casar com Edmundo", ele disse calmamente.

Rita desabou na cadeira, derrotada. Ela esperava, só um pouco, que seu pai a apoiasse nisso, mas pelo visto, seus pais estavam determinados a que ela se casasse com Edmundo, um mulherengo e um homem arrogante.

"Entendo. Desculpe por desperdiçar seu tempo", disse Rita, saindo.

"Com o tempo, você verá a razão dessa decisão", ele disse antes que Rita finalmente deixasse o escritório dele.

Ela desceu as escadas, precisando se afastar de tudo. Uma coisa era ter ido à festa ontem, outra era passar o resto da vida com alguém que ela desprezava.

"Apenas dirija, Rodrigo, não sei. Qualquer lugar, menos aqui", disse Rita.

Rodrigo suspirou, acelerando. Às vezes, ele desejava poder ajudá-la, mas sendo tão pobre quanto era, não havia nada que pudesse fazer.

"Desculpe", ele disse baixinho, olhando para ela pelo retrovisor.

"Você não precisa se desculpar, você não fez nada. Agora está confirmado que vou passar o resto da minha vida com alguém como Edmundo. Então acho melhor aproveitar essa pequena liberdade antes que tudo acabe", disse ela.

Rodrigo sorriu tristemente com o estado em que sua patroa se encontrava. Ele dirigiu pela área por vários minutos até finalmente parar em um campo aberto. Rita desceu do carro descalça, sem se preocupar em calçar os sapatos. Rodrigo a acompanhou e juntos, os dois caminharam em direção ao campo aberto.

"É realmente bonito, me sinto livre aqui", disse Rita.

"Eu sabia que você ia gostar, por isso te trouxe aqui. Minha mãe disse que meu pai costumava nos trazer aqui quando éramos pequenos. Não me lembro muito bem porque eu era muito pequeno na época", ele riu.

Rita não conseguia imaginar como uma pessoa podia ser tão bonita e gentil. Ela sempre ansiava por vê-lo e agora que estavam ali, amava cada minuto.

Eles se sentaram no campo aberto, trocando histórias antigas. Rita aprendeu muito sobre ele e também contou algumas coisas sobre si mesma.

"Você está brincando, começou a cozinhar aos nove anos?", perguntou Rita.

"Sim, minha mãe nos fez aprender. Mesmo que minha irmã não se importasse muito, nós aprendemos e posso dizer com orgulho que sou um cozinheiro de mão cheia", ele riu.

"Bem, acho que realmente deveria provar sua comida um dia", disse ela.

"Seria uma honra. Apenas me avise quando estiver pronta para que eu possa me preparar com antecedência", ele disse, jogando uma pedrinha no ar.

Ele se virou para ela, olhando em seus olhos. Rita podia sentir que o momento havia mudado, havia uma sensação estática no ar, carregada com as emoções profundas que sentiam um pelo outro.

"Você é realmente linda", ele disse, segurando o rosto dela.

Rita desviou o olhar, de repente tímida com essa demonstração de emoção. Ele traçou os lábios dela com os dedos, um toque suave e gentil que a fez suspirar.

"Obrigada", ela disse simplesmente.

Sem aviso, Rodrigo a beijou. Rita ficou um pouco surpresa, mas logo retribuiu o beijo com tudo o que tinha. Ela esperou por esse momento por muito tempo e agora que estava acontecendo, não iria estragá-lo.

"E você tem os lábios mais macios, exatamente como eu imaginava", ele sorriu quando se afastaram.

"Nós... nós realmente não deveríamos estar fazendo isso. Quero dizer, não é correto", ela disse, dando um passo para trás.

Embora isso a machucasse, era a coisa certa a fazer. Mesmo que ela não gostasse de Edmundo, ele ainda era seu noivo e o anel dele estava em seu dedo.

Rodrigo tinha uma expressão de dor no rosto, ele não sabia o que estava pensando quando a beijou. Ela estava certa, o que estavam fazendo era errado e ele odiava pensar no que aconteceria se alguém descobrisse.

"Desculpe, senhora, fui tão estúpido. Isso não vai acontecer de novo", ele disse, dando um passo para trás.

"Rita... Rita está bom, por favor. Acho que minhas emoções estão por toda parte, está tudo bem, você não precisa se desculpar".

"Mais um motivo para eu não ter me aproveitado, não é a coisa certa a fazer", ele disse.

Rita teve dificuldade em ficar parada. Ela quase quebrou sua barreira e correu de volta para ele, mas se conteve. Era o melhor a fazer, o jogo que estavam jogando era arriscado e as partes ao redor deles eram ainda mais perigosas.

"Por favor, vamos embora", ela disse, voltando para o carro.

Rodrigo assentiu, caminhando atrás dela, a uma pequena distância. Ele não confiava em si mesmo para não tocá-la, então simplesmente se contentou em ficar atrás dela. Eles partiram logo e a tensão no carro era palpável.

Rita se sentia desconfortável e não sabia como preencher o vazio que havia surgido de repente. Ela era uma garota decente e sabia que o que estavam fazendo era errado, mas às vezes, desejava poder jogar a decência ao vento e correr atrás do que realmente queria.

Logo, chegaram à casa. Rodrigo a ajudou até a porta da frente. Quando chegou a hora de se despedir, Rita sentiu como se fosse a última vez que o veria, mesmo sabendo que ele viria buscá-la para o trabalho no dia seguinte.

Ela deu um único aceno antes de entrar na mansão, seu coração em desordem.

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