




Capítulo 6
O rosto de Melissa se contorceu em total desgosto enquanto ela empurrava a última mala para dentro do apartamento. Ela se sentou na cama bem arrumada, assumindo que seria para ela. Seus grandes olhos castanhos examinaram o quarto, que tinha uma sala de estar, cozinha, quarto e um pequeno espaço no canto.
"Ótimo!" Ela disse enquanto se deitava. "Tenho que ficar presa neste lugar, onde todos os cômodos quase parecem um só." Ela tirou o sapato impacientemente. "Vou assumir aquele pequeno canto ali," ela apontou para a esquerda.
"Na verdade, é à sua direita."
"Ok," ela apontou para a direita, "é o banheiro."
"Na verdade, isso é o depósito."
"Qual é a do 'na verdade', pai!"
"O banheiro está na outra ponta," ele apontou para um corredor que ela acabou de notar. "Não é legal?"
"Sim, é," ela se levantou e começou a arrumar suas coisas em um canto, talvez até sua colega de quarto chegar antes de ela arrumar tudo direito. "A chave."
"Ah, sim," ele entregou a chave para ela. "Aprenda um lugar seguro para esconder uma chave reserva, isso vai ajudar quando você perder a primeira."
Depois de pouca conversa, Nikolas foi embora, ele deixou claro para ela que ficaria fora por talvez muito tempo e não manteria contato. Normalmente ela não se importaria, mas como podia se relacionar, estava secretamente lutando contra a vontade de chorar.
Piscando para conter as lágrimas ardentes.
Tirar o sutiã apertado não a mandaria para a cadeia! Ela o apertou e forçou dentro de uma de suas malas ainda não desfeitas. Ela trocou a calça jeans desbotada e apertada por um short solto que parecia mais um boxer, seus mamilos também se recusavam a ficar quietos sob sua regata de seda macia.
Ela ficou parada, perto da janela olhando para a rua. Tudo parecia estar bem depois de 30 minutos que seu pai saiu, ela tinha ligado para seus amigos, trocado para algo confortável.
Mas ela se sentia paranoica.
Uma foto sorridente de uma garota esbelta com o cabelo loiro preso em um rabo de cavalo fofo e um laço rosa chamou sua atenção. Ela ignorou com um desdém.
"Quem se importa com outra loira."
Então caiu a ficha! Ela se virou para a foto, que estava em cima do abajur perto da cama que ela achava ser dela. Ela pegou a foto com as mãos trêmulas enquanto a olhava com emoções mistas, medo, ódio, raiva e uma leve sensação de nojo.
"SANTO DEUS!" Ela congelou enquanto o sangue parecia secar em seu rosto, deixando-a quase tão pálida quanto uma criança morta. "Que diabos, Nossa Senhora!"
Toc, toc!
A versão mais jovem de Karen Stefan sorriu amplamente e inocentemente para ela. Parecia que ela era esbelta, impecável e dócil, como uma santa, não comparada à nova Karen loira, toda curvilínea com partes do corpo extremamente fortes.
A velha Karen usava um vestido amarelo, com botas rosas e um laço rosa combinando no seu rabo de cavalo fofo. Seu sorriso parecia único, parecia tão real como uma princesa do mundo Disney em visita a um de seus fãs. Diferente da nova, cruel e malvada como CRUELLA DE VIL, sempre meio nua, mesmo em seu traje de balé ela optava pelo transparente.
"Você só pode estar brincando comigo!"
Toc, toc!!
Ela olhou ao redor do quarto e viu mais fotos da nova Karen com Williams. Depois, com muitas outras pessoas que ela não conhecia e, por último, com suas equipes. Obviamente, parecia que Karen tinha muitas equipes antes deste grupo.
Toc, toc!!!
Ela se assustou com a batida alta na porta, sabia que a pessoa devia estar batendo há muito tempo, pois a próxima batida parecia que a porta iria cair em breve.
Pobre Melissa permaneceu muda, como se estivesse presa perto da janela, rapidamente implorou às suas estrelas para não ter um novo inimigo.
Imediatamente ela abriu a porta, uma garota gritou.
"O que demorou tanto!"
"Oi?"
Melissa respondeu, mais como uma pergunta. Ela aceitou a mão da garota estranha com o sorriso mais forçado que já tinha dado.
"Oh!" A estranha de pele morena começou. "Meu nome é Ryan Sanders, sou sua vizinha."
Ah!
Aposto que isso saiu do jeito errado, pois Ryan deu a Melissa o olhar mais irritante. Melissa rapidamente sorriu, tirando a mão do aperto da garota.
"Melissa, a nova colega de quarto."
"Entendi." Ryan passou para dentro do quarto. "Se você não conseguir lidar com a Karen, estou à disposição."
Melissa sorriu, um sorriso confuso de dor e medo. Ela nem sabia do que tinha medo, tudo o que sabia era que odiava Karen e teria que lidar com isso, ou sair da escola.
"Eu trouxe limonada."
"Que gentil da sua parte. Ryan?"
"Sim! Ryan Sanders. Posso te ajudar a desempacotar."
"Não, obrigada, acabei de chegar e não sei onde vou ficar." Melissa apontou para a cama que achava ser dela. "Acho que essa pertence a ela, mas a outra está ocupada."
Ryan sorriu enquanto caminhava até o sofá. Ela foi até a cozinha e trouxe dois copos.
"Parece que você conhece bem o lugar." Melissa sorriu.
"Se sair daqui com sua melhor amiga de uma vez, que te meteu em uma confusão para salvar a bunda gananciosa dela e fugiu com meu namorado é um sim, então posso dizer sim!"
Era certo que Melissa não tinha ideia do que Ryan estava falando, mas ela apenas murmurou um longo "Ah" para não parecer que não estava gostando da nova companhia.
"Então, querida," Ryan tomou o primeiro gole, "me conte mais sobre você."
"Eu realmente não sei o que dizer, por que você não começa?"
"OK," Ryan se levantou, "eu sou Ryan Sanders, filha única dos meus pais divorciados, fundadores da 'Deo Company'. Sou a nova CEO, que assumirei no próximo ano quando me formar. Sou bi e gostei de você assim que te vi entrar com seu pai."
A boca de Melissa ficou aberta por um tempo antes de ela sorrir. Tipo, o que há com todas as pessoas estranhas que ela tem conhecido?
"Estou esperando a sua vez."
"Melissa Harts, acabei de me mudar," ela riu, "não vamos falar sobre pais, sou antissocial e não sei o que bi significa."
Ryan sorriu, ela se aproximou de Melissa enquanto começava a olhar profundamente em seus olhos, como se estivesse procurando algo em sua alma entediante. Ela sorriu como se tivesse encontrado o que queria.
'Eu amo essa garota,' Ryan pensou, 'tão inocente e natural.'
"Com licença?" Melissa acenou na frente do rosto dela. "Você está bem?"
"Sim."
"OK," ela se levantou, "obrigada pela bebida."
"A limonada?" Ryan sorriu. "Sempre que precisar, querida." Ela dispensou o clima com um aceno de mão.
Ela puxou Ryan de volta com o sorriso mais doce que uma garota pode oferecer. "Bi significa bissexual," isso soou mais como um gemido.
"E ela diz que é 'antissocial'," Molly entrou seguida por Leah e Sam.
Melissa parecia surpresa como todos os outros, ela rapidamente se levantou enquanto Ryan ficava ao lado dela.
"Ryan, esses são meus amigos Molly, Sam e Leah. Pessoal, essa é Ryan, ela mora ao lado, eu acho." Ela deu de ombros.
"Prazer em conhecê-la" foi ouvido, exceto de Molly, que olhou diretamente para Ryan com a expressão mais nojenta no rosto.
"Ryan Sanders, você já terminou de transar com Dickson e seus amigos?"
"Essa não é uma boa maneira de cumprimentar sua antiga amante, Monica," Ryan entoou enquanto caminhava lentamente em direção à porta. "Parece estranho que agora temos algo em comum," ela se virou para Melissa. "Vejo você por aí, nova amiga."
Melissa ficou parada enquanto observava as outras garotas lançarem olhares fulminantes para Ryan. Ela notou o celular de Ryan e rapidamente o escondeu debaixo do sofá. Ela não ousaria causar mais confusão correndo atrás da nova suposta inimiga, preferia procurá-la amanhã.
"Relaxa, Molly," Leah disse enquanto pulava no sofá como se tivesse sido empurrada.
Melissa se encolheu, a ideia de devolver o celular com a tela quebrada a fazia querer gritar. Como ela poderia pagar um novo iPhone 12 ou trocar a tela quando ainda não sabia como pagaria a dívida do próximo mês?
"Molly?" Ela disse. "Sinto muito, se eu soubesse que você tinha história com ela, não a teria deixado entrar."
"Não é sua culpa," Sam disse enquanto se juntava a Leah no mesmo sofá.
Droga! Alguém me atire!!! Não na mesma cadeira.
"Venha sentar, Melissa," Sam disse. "Confio que Molly vai se recuperar."
"Ou não queremos falar sobre outra coisa?" Leah arqueou as sobrancelhas. "Ryan não é um problema, como todos sabemos, Mel não tem problema com bissexuais. Aposto a cabeça do meu pai que ela nunca fez sexo."
Como mágica, Molly explodiu em risadas, caindo sobre Sam e Leah no sofá. Ela riu até que seu rímel ficou molhado e a fez parecer horrível.
"Isso não é justo, pessoal," Melissa sussurrou. "Se eu soubesse como fazer sexo, já teria feito há anos."
Que pena, as outras garotas se juntaram a Molly nas risadas enquanto a pobre ruiva ficava confusa.
"Ninguém ensina ninguém a fazer sexo, Melissa," Sam conseguiu dizer ainda rindo. "É algo que ambas as partes concordam em fazer, exceto se você for estuprada."
"Isso soa mal," Melissa sorriu enquanto levava a garrafa de limonada para a cozinha. "Eu assisto pornô, fico super excitada como um cachorro, mas acabo esfregando meu... uhm... com o dedo."
"Uhm é uma palavra?" Leah caiu no chão com força. "Ai! Isso dói!"
"Você é impossível, Melissa Harts," Molly se levantou. "É por isso que eu te amo."
Ela foi até a cozinha e encontrou muitos pacotes vazios de smoothie e suco. Ela também notou a limonada e franziu a testa.
"Parece estranho. Não temos nada para comemorar, exceto a limonada da minha ex-amiga," ela gritou da cozinha.
"O que temos aí?" Sam gritou.
"Você está brincando comigo? Acabei de dizer: a limonada da Ryan, alguns pacotes vazios de smoothie e suco de frutas, muitos restos apodrecidos, especialmente pizza e comida chinesa, donuts meio comidos," ela fez uma pausa. "Santo Deus! Camisinhas usadas! Sua colega de quarto é impossível, Melissa."
"Esse é o ponto," Melissa soou desapontada. "É a Karen."