




Capítulo 10
Meia hora depois do horário apropriado, Melissa saiu correndo do seu quarto, correndo para o elevador. Uma coisa que ela odeia nos elevadores é esperar que eles cheguem ao seu andar antes de encontrar outro estranho.
Sua cabeça latejava, o álcool que ela tomou com as meninas na noite anterior não fez bem algum. Estava fazendo sua cabeça doer como se guerreiros estivessem lutando dentro dela. No começo, ela não era muito boa em beber álcool, mas desde que esteve sob vigilância a vida toda, sem ter 'diversão', sem beber mais de um gole de álcool, sem ter namorado, nem mesmo manter amigos.
Não havia ninguém para acordá-la, perturbá-la para sair de casa a tempo, ou alguém para gritar com ela sobre coisas aleatórias. Ela sentia falta desse barulho, dessa sensação de ter alguém para gritar, alguém para odiar e amar ao mesmo tempo.
Depois que seu padrasto a deixou em seu apartamento alguns dias atrás, ela não conseguia evitar sentir culpa e dor. Ela ainda não sabia se poderia tentar o seu melhor para amar seu padrasto como seu coração estava dizendo para fazer.
"Siga sua cabeça, não seu coração", ela dizia.
Não é à toa que Celine Dion disse que nunca deixaria seu coração controlar sua cabeça.
Quase três dias se passaram e ela não tinha visto Karen. Ela suspirou, olhando o tempo do elevador. E se Karen nunca voltasse? Ou e se Karen nunca saísse de lá! E se algo ruim tivesse acontecido?
Ela deveria se sentir aliviada ou preocupada?
Seu telefone tocou.
"Oi, Molly".
"Minha menina", Molly gritou do outro lado do telefone. "Onde você está?".
"Desculpa, eu acordei tarde", ela esfregou a testa. "Acho que tenho que parar de beber, não está me fazendo bem. Minha cabeça dói".
"Você vai ficar bem, só esqueça a dor, você vai se acostumar".
"Sério?!"
Melissa gritou quando a porta do elevador se abriu, revelando um homem atraente. Ela nem sabia se estava falando com sua amiga ou com o homem.
"Oi?". O homem acenou.
Ela acenou de volta, um sorriso falso estampado no rosto.
"Não seja tão infantil, Melissa". Molly disse, "Você pediu para não irmos te buscar para que pudesse acordar tarde".
"Você se importa de ser meu despertador? Porque eu não me importo".
No final, Melissa forçou o telefone no bolso. Com outro sorriso no rosto, ela acenou, olhando para o homem.
Estranho!
"Você está atrasada, Melissa". Seu tutor, Sr. Lopez, gritou, "Entre, Cinderela, não faça o príncipe-".
"-esperar!" Melissa completou mentalmente. Em poucas semanas, ela tinha se acostumado com a frase.
Ela tirou os sapatos, correu para se juntar à seção de dança. Seguindo a melodia lenta, ela ficou na ponta dos pés, movendo seu corpo como fumaça sendo empurrada pelo vento.
Pulando nos braços de Jake, seu parceiro, estar tão perto dele fez sua pele arrepiar, pois ele a lembrava de tudo sobre Williams.
Seu peito largo, seus braços fortes, seu cabelo preto como azeviche, até mesmo os olhos quase iguais.
Bem, talvez nem tudo!
Ela tinha certeza de que não conseguia se concentrar, tudo o que ela estava olhando eram seus lábios. Isso a fez lembrar quando Williams a beijou dias atrás, ela de repente ficou molhada.
Fechando os olhos, ela se afastou de Jake, ligeiramente, para evitar ser notada.
"Deixe fluir, Melissa! Parece que você está com raiva de deixar seu corpo se mover como se estivesse apaixonada", Lopez gritou.
Alguém a pegou, como ela pensou que conseguiria passar por isso. Ela olhou nos olhos de Jake tentando transformá-los em uma exibição tranquila do pôr do sol, mas falhou.
Os olhos encantadores de Jake estavam fazendo-a se sentir culpada, ela olhou para longe imediatamente. A corrente fresca de culpa fluiu através dela, ela se sentiu mal.
O que Molly faria se descobrisse o que ela estava desenvolvendo pelo inimigo? Muito estranho, quando Molly a beijava ou tocava, ela sentia amor, pensamentos selvagens fluíam enquanto as borboletas se moviam dentro de seu estômago.
Mas quando Williams a beijou, ela se sentiu diferente, como se ele preenchesse algo que estava faltando nela.
"Você está pisando em mim, Melissa", Jake sussurrou ainda dançando.
Suas bochechas coraram de vergonha, ela murmurou desculpas antes de oferecer um sorriso fofo.
"Danielle, deixe seu corpo te guiar. Kannan! Segure seu parceiro assim", Sr. Lopez corrigiu. "Melissa, imagine que você ama Jake, agora deixe-o te guiar".
"Vamos?". Jake pegou sua mão, ainda dançando.
Assim que ela clareou a mente, seu corpo colidiu com o de Jake, com um sorriso fofo ela se afastou dele, girando, sua mão esquerda acima da cabeça.
Jake a puxou de volta, liderando a dança. Sua mão esquerda na parte inferior das costas dela, segurando-a firmemente no lugar enquanto ela levantava a perna direita, suas costas dobradas com o braço de Jake por baixo, seu cabelo ruivo tocando o chão.
Com o sorriso mais aprovador do Sr. Lopez, a música parou, ele caminhou até Melissa. Sua bengala fazia sons de estalo ao encontrar o chão a cada passo.
"Muito bem", seu rosto enrugado se iluminou com um sorriso agradável. "Boas tentativas, continue assim e chegue cedo na próxima vez".
Com um sorriso agradável também, ela murmurou 'obrigada'.
Lançando um olhar doce para Jake, ela sussurrou:
"Você será um ótimo professor".
"Sempre que precisar, ruiva", ele se afastou com um sorriso. "De nada".
Sam e Leah tinham mandado mensagens para seus amigos cedo naquela manhã, dizendo que não iriam para a escola. Ficar muito bêbados e ter alguém para levá-los para a cama significava muito para eles.
Eles tiveram que passar a noite em um hotel, se tentassem dirigir para casa, era certo que matariam alguém.
Ou a si mesmos, ou transeuntes aleatórios, ou o precioso carro 'grille' de Sam.
Enquanto dirigia para casa, Melissa lançava vários olhares para Molly, seu cabelo natural preto e branco liso estava arrumado perfeitamente.
O sorriso realizado no rosto de Molly mostrava que ela estava extremamente feliz.
"O que você comprou de novo?", perguntou Melissa.
"Nada".
Isso não era o que Melissa esperava, ela esperava algo emocionante como, "comprei um celular novo" ou "fui fazer compras".
Ela deu a Molly um olhar engraçado, com os lábios e o nariz torcidos e uma sobrancelha arqueada.
"Não me olhe assim, querida, eu só quero te levar para o meu apartamento", disse Molly.
O rosto animado de Melissa formou rugas enquanto ela franzia a testa. A última coisa que ela queria fazer era ir a qualquer lugar que não fosse sua própria casa.
"Você sabe que tenho aulas online amanhã", ela brincava com os dedos, não conseguia encarar os olhos adoráveis de Molly.
"Eu sei que disse que você ficaria alguns dias quando viesse ao meu lugar, mas não posso te forçar, querida, respeito muito seus desejos".
As bochechas de Melissa coraram, ela desviou o olhar, escondendo o rosto. Ninguém jamais havia dito algo assim para ela e ela se sentiu emocionada. Quando finalmente olhou nos olhos de Molly, viu pura verdade.
De uma forma ou de outra, Molly teve um grande impacto em sua 'namorada'. Ela fazia questão de que Melissa se vestisse bem, experimentasse todos os sabores de sorvete, a levasse a lugares destinados a pessoas ricas e a fizesse nunca mais esconder seu lindo cabelo.
"Obrigada, Molly", Melissa sorriu. "Vou me sentir culpada, ter noites sem dormir e pesadelos se não for para sua casa".
Molly sorriu, virando o carro para o seu bairro. Ao contrário do de Melissa, era muito limpo e tranquilo. Se uma pessoa acordasse de um coma em uma das ruas, poderia imaginar que tinha chegado ao paraíso.
"Não vou contar a ninguém de onde eu venho", Melissa sorriu com os olhos arregalados enquanto estalava os dedos na frente do rosto de Molly. "Este lugar é um paraíso. Juro, ninguém saberá onde eu moro".
"Tarde demais, eu já contei".
"Você está brincando, né?".
"Não tenho vergonha de você, querida", Molly sorriu enquanto estacionava o carro na garagem da casa. "Esta é minha casa, meu pai me deu de presente de aniversário".
A boca de Melissa caiu aberta, ela saiu do carro gentilmente, como se ao andar o chão fosse quebrar. O sorriso em seu rosto explicava o que não precisava ser dito.
"Gosta do que vê?". Molly puxou Melissa para dentro da casa. "Não vamos conseguir comer minha refeição se você continuar andando assim".
O apartamento era muito grande, se medido, seria dez vezes maior que o dela. Ela se jogou no sofá, com um sorriso satisfeito nos lábios. Ela viu um pijama de algodão rosa na mesa de jantar, e uma roupa íntima suja perto dele.
"É assim que é ser rico?" Ela apontou para a roupa íntima com uma leve carranca no rosto divertido.
"Ah, por favor! Eu estava com pressa para ir à escola, tá?".
"Eu pensei que você disse que estava acostumada a ficar bêbada". Ela pegou a calcinha. "Se eu amasse rosa, teria sequestrado isso".
"Não se sequestram coisas, se roubam".
"Eu te contei que tirei A+ nas aulas de Inglês e Literatura?" Melissa jogou a calcinha no rosto de Molly.
Molly riu, caminhou até a mesa de jantar e pegou suas coisas, arrumando a casa no processo.
"Eu só quero sequestrar e pedir um resgate". Melissa sorriu enquanto seguia Molly até o quarto.
"Quanto?".
"Apenas cinquenta milhões de dólares".
Molly engasgou. "Você é uma vadia gananciosa".
Melissa riu, obviamente, ela sabia que era mais do que gananciosa.
A aparência do quarto era algo que Melissa só tinha visto em filmes ou revistas. A cama king size branca poderia eventualmente pagar seu aluguel.
Com a palma da mão sobre a boca, Melissa se virou para ver Molly olhando para ela com uma pequena caixa de presente branca na mão.
"Acho que encontrei algo".
Molly sorriu, entregando a caixa de presente para Melissa.