




Capítulo 7 Jorge, meu próximo papaizinho
O agito do dia de reuniões deixou Bárbara com a mente cheia de informações e o coração ansioso por mais descobertas. Enquanto passeava entre as barracas, uma voz familiar chamou sua atenção.
"Bárbara, é você?" exclamou uma voz masculina à distância.
Era Jorge, um ex-colega e respeitado arqueólogo. Apesar de estar aposentado, Jorge continuava sendo uma figura influente no campo, com sua elegância impecável e uma aura de sabedoria que o acompanhava onde quer que fosse. Ele também era quem financiaria sua operação, cedendo aos caprichos de Bárbara.
"Jorge! Que surpresa te ver aqui!" respondeu Bárbara, com um sorriso genuíno. Era bom encontrar alguém conhecido em meio ao agito das reuniões.
Jorge a convidou para jantar em um restaurante próximo. Bárbara aceitou de bom grado, grata pela oportunidade de conversar com um veterano na área da arqueologia.
O restaurante era um oásis de tranquilidade, com suas luzes suaves e o aroma tentador de comida no ar. Eles se acomodaram em uma mesa perto da janela, de onde podiam ver a cidade iluminada à noite.
A conversa com Jorge fluiu naturalmente entre anedotas do passado e reflexões sobre os avanços no campo da arqueologia. No entanto, em meio ao bate-papo, a atmosfera mudou sutilmente.
"Bárbara, sempre fiquei impressionado com sua dedicação e potencial nesta área. Você é uma jovem excepcional," comentou Jorge, seu olhar repousando sobre ela com uma mistura de apreço e seriedade.
Bárbara se sentiu lisonjeada pelas palavras de Jorge, mas algo no tom dele a fez sentir-se desconfortável, como se houvesse um subtexto que ela não conseguia entender.
"Obrigada, Jorge. Significa muito vindo de você, um especialista na área. Sou dedicada ao meu trabalho e sempre busco aprender mais," respondeu Bárbara, tentando manter a conversa em um nível profissional.
Jorge assentiu, mas uma pausa desconfortável tomou conta do ambiente. Então, com uma expressão mais séria, ele continuou:
"Bárbara, tenho pensado no seu potencial. Vejo em você uma promessa brilhante. Eu poderia te oferecer mais oportunidades, mais exposição no campo da arqueologia, mas tudo depende de quão disposta você está a investir no seu futuro..."
As palavras de Jorge ressoaram na mente de Bárbara. A proposta parecia englobar algo mais do que apenas oportunidades profissionais. O olhar sugestivo e a ênfase em "investir no seu futuro" criaram uma incerteza que ela não podia ignorar.
Bárbara agradeceu a Jorge pelo jantar e pelas oportunidades oferecidas, mas se despediu dele com um sentimento de perplexidade. As intenções por trás das palavras dele eram ambíguas e a deixaram pensando no que mais ele queria.
Bárbara saiu do restaurante com a mente cheia de perguntas e sentimentos mistos. A proposta de Jorge plantou uma semente de inquietação em seu coração. Enquanto caminhava em direção ao hotel, as luzes da cidade pareciam pontos de interrogação ao seu redor.
Na manhã seguinte, ela decidiu abordar outra questão que vinha pesando em sua mente: a possibilidade de uma cirurgia. Após uma noite de reflexão, dirigiu-se confiante à clínica onde havia agendado uma consulta com a Dra. Cláudia, uma renomada cirurgiã plástica.
A clínica era um espaço moderno e acolhedor, onde o cheiro de desinfetante se misturava com notas quentes de óleos essenciais. Enquanto esperava na sala de espera, sua mente revisava os motivos por trás de sua decisão de buscar uma opinião médica.
A Dra. Cláudia, uma mulher confiante e profissional, a cumprimentou com um sorriso caloroso. Bárbara se sentiu aliviada pela cordialidade e abordagem compassiva dela.
"Bárbara, me conte um pouco sobre o que te traz aqui hoje," disse a Dra. Cláudia, sentando-se à sua frente com um ar de compreensão.
Bárbara explicou com franqueza suas inseguranças sobre sua aparência física e sua consideração em fazer uma cirurgia de aumento dos seios. A médica ouviu atentamente, sem julgamentos, e então passou a explicar em detalhes os prós e contras, bem como os riscos e os resultados esperados do procedimento.
A conversa com a Dra. Cláudia iluminou a complexidade da cirurgia e suas implicações. Enquanto discutiam, Bárbara percebeu que a decisão não era tão simples quanto ela havia pensado. A perspectiva médica e a profunda compreensão da doutora a levaram a questionar suas próprias motivações, embora fosse o que ela mais desejava para se sentir mais confiante.
No final da consulta, ela agradeceu à Dra. Cláudia pelo tempo e sabedoria, e então Jorge estava esperando por ela, pois queria convidá-la para um hotel após a consulta.
Ao sair da clínica, Bárbara notou a figura familiar de Jorge esperando do lado de fora. Jorge se aproximou com um sorriso sutil, mas seus olhos pareciam esconder uma intenção que ela não conseguia decifrar completamente.
"Bárbara, como foi sua consulta?" ele perguntou educadamente, abrindo a porta do carro com um gesto cavalheiresco.
Bárbara, surpresa com a presença dele, agradeceu enquanto se acomodava no banco do passageiro. A situação a fez sentir-se desconfortável; a conversa no restaurante na noite anterior havia deixado perguntas sem resposta, e a presença de Jorge após sua consulta gerou um senso de intriga misturado com cautela.
A viagem de carro com Jorge foi marcada por uma conversa cordial, mas superficial. Bárbara notou que a companhia dele, embora educada, parecia tingida com uma tensão velada.
"Quero te levar a um lugar especial, um lugar onde podemos conversar sem interrupções," comentou Jorge com um tom de mistério.
Bárbara, ciente da situação desconfortável, tentou manter uma atitude amigável, mas reservada. A incerteza sobre as intenções por trás daquele gesto a mantinha em alerta, mas ela não queria tirar conclusões precipitadas.
À medida que o carro se movia pelas ruas iluminadas, o destino desconhecido se aproximava e as perguntas na mente de Bárbara se multiplicavam. Ela estava pronta para o que quer que a esperasse naquele "lugar especial" para onde Jorge a estava levando, mas sua mente permanecia alerta e cautelosa diante do desconhecido.
"Jorge, querido, não me diga que é um hotel. Você sabe que ainda não é o momento certo para isso, eu só quero esperar..." disse Bárbara, corando.
"Bárbara, eu realmente gostaria que nos divertíssemos e relaxássemos. Você teve muito trabalho e também precisará descansar após sua cirurgia," ele disse enquanto dirigia.
"Não, Jorge, eu realmente não quero ainda, não me sinto confortável..." ela disse, agora um pouco mais irritada.
À medida que o carro continuava pelas ruas iluminadas, a tensão enchia o ar. As palavras de Jorge, cheias de mistério, criavam um crescente desconforto em Bárbara. As intenções por trás daquele gesto e a insistência em levá-la a um lugar desconhecido despertaram seu instinto de cautela.
"Jorge, não me sinto confortável com essa situação. Agradeço, mas preferiria não continuar com isso," Bárbara expressou, sua voz firme e determinada.
O carro parou em um semáforo, e aproveitando o momento, Bárbara tomou a decisão de sair do carro. O desconforto e a incerteza pesavam fortemente sobre ela. Com um gesto de desculpa, ela abriu a porta e, com um passo decidido, se despediu de Jorge.
Enquanto caminhava em direção à calçada, uma mistura de alívio e preocupação se intercalava dentro dela. Ela havia escolhido confiar em sua intuição e manter sua autonomia, embora a situação tivesse levantado um alerta dentro de seu ser. Ela respirou fundo, determinada a manter seus limites firmes e seguir seu próprio caminho, sem ceder a pressões ou expectativas desconhecidas.