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CAPÍTULO 4 — HEROS GREEN

Entro no escritório com Luther me seguindo e sento à mesa, enquanto ele se senta na cadeira em frente a mim.

— Luther, precisamos conversar sobre essa coisa estúpida que você quer fazer — digo, tentando manter a voz firme.

Ele olha para cima, claramente exausto, e responde.

— Sobre o quê, Heros?

— Sobre a Feyra — começo — Você está se deixando encantar por ela, e isso é perigoso. Tenho motivos para acreditar que ela pode ser uma espiã da máfia russa.

Luther solta um suspiro pesado e passa a mão pelo rosto enquanto suspira profundamente.

— Você tem certeza disso, Heros? Eu não acho que ela seja uma espiã. Ela parece... genuína e inocente.

— É exatamente isso que me preocupa, Luther — insisto, sentando na cadeira em frente a ele. — Essas pessoas são treinadas para parecer genuínas. Elas sabem exatamente o que dizer e fazer para ganhar nossa confiança.

— Você acha que eu não sei disso? — Luther pergunta, elevando um pouco a voz. — Eu também desconfio das pessoas, mas a Feyra não me deu nenhum motivo concreto para pensar que ela está envolvida com a máfia russa.

— E o que você sabe sobre ela? Descobriu isso nas poucas vezes que você levou comida para ela no porão, ou nas vezes que a pegamos tentando escapar? — pergunto a ele.

— É só uma intuição — ele me responde e eu respiro fundo, controlando a vontade de revirar os olhos.

— Então você está disposto a arriscar nossas vidas por causa de um palpite? — retruco. — Você sabe o quão expostos estamos. A máfia russa não brinca, Luther. Se ela está do lado deles, estamos em sérios apuros.

— Eu entendo a seriedade da situação — diz Luther, mais calmo agora. — Mas precisamos de provas, Heros. Não podemos acusar alguém sem ter certeza.

— Provas? Às vezes, as provas só aparecem quando é tarde demais — argumento, sentindo a frustração crescer. — Eu não quero correr esse risco. Ela apareceu do nada, com uma história bem desenvolvida e, de repente, está muito envolvida em nossas vidas. Isso não te parece suspeito?

Luther abaixa a cabeça, pensativo.

— Admito que é estranho, mas também pode ser coincidência. Nem todo mundo que aparece de repente é inimigo.

— Mas coincidência é um luxo que não podemos nos dar — insisto. — Precisamos estar um passo à frente, sempre. E se estivermos errados sobre ela? Bem, prefiro ser cauteloso agora do que me arrepender depois.

Ele esfrega as têmporas, claramente dividido.

— Entendo seu ponto, Heros. Realmente entendo. Mas vou te dizer uma coisa: se a Feyra acabar sendo uma espiã, eu mesmo cuidarei dela. Não vou deixar nada acontecer conosco. Minha família, a máfia e você sempre virão em primeiro lugar. — Solto um suspiro, olhando para ele.

A firmeza na voz dele me fez sentir um pouco mais aliviado, mas ainda não completamente convencido.

— E como exatamente você planeja fazer isso, Luther? Se ela for realmente uma espiã, será uma pessoa treinada, provavelmente perigosa. Como você vai lidar com isso?

— Tenho meus métodos — ele responde, enigmaticamente. — Não vou entrar em detalhes, mas você sabe que posso lidar com situações difíceis. Confie em mim.

— Eu confio em você, Luther, mas não nela — digo. — E é por isso que precisamos ser extremamente cautelosos. Vamos testá-la, ver se conseguimos descobrir mais sobre suas verdadeiras intenções.

Luther acena lentamente com a cabeça.

— Tudo bem. Vamos fazer isso. Mas vamos manter a calma e a discrição. Se ela perceber que estamos desconfiados, pode se tornar ainda mais perigosa, se for uma espiã. — ele me responde.

Ele já está envolvido por ela, sem nem mesmo tê-la possuído ainda. Ele pode perder o encanto depois de possuí-la na cama, ou ela pode acabar prendendo-o ainda mais, nos seduzindo para cumprir qualquer tarefa que lhe foi ordenada.

— Mais um mês. Um mês para me provar que ela não é uma espiã. — digo, sentindo os olhos aliviados dele me encarando. — Vamos montar um plano e agir com cuidado. Não podemos deixar nada ao acaso.

Conversamos por mais alguns minutos.

— Vamos começar hoje e ver até onde ela está disposta a ir — digo a Luther, finalmente me levantando. — Mas quando chegar o momento, eu a terei primeiro, você está muito encantado por ela, e isso pode ser uma vantagem nas mãos dela.

— Certo — ele me responde, também se levantando. — E, Heros, obrigado por me ouvir. Sei que não é fácil para você confiar em novas pessoas e nem deveríamos no ambiente em que vivemos, mas... obrigado. Ter seu apoio é muito importante para mim.

É por isso que nosso pai me deixou na liderança. Sou mais guiado pela razão do que pela emoção, ao contrário dos meus irmãos.

— Eu sei, Luther — digo, colocando uma mão no ombro dele. — Estamos juntos nessa. Vamos descobrir a verdade sobre ela. Ela não vai conseguir fingir quem é por muito tempo, logo ela mostrará quem realmente é. E se minha suspeita estiver certa, espero que ela cumpra sua palavra e não esteja tão envolvida a ponto de não conseguir seguir adiante.

Ele acena com a cabeça.

Com isso, saímos do escritório e descemos as escadas. A desconfiança ainda pairava no ar, mas agora tínhamos um plano. E, mais importante, tínhamos um ao outro.

Quando estamos saindo do escritório, encontramos Zedekiah no corredor com sua navalha nas mãos, brincando com ela.

— E então, o que vai ser? — Ele nos pergunta, passando a língua pelos lábios.

— Vamos ver se ela realmente vai até o fim... ou se vai agir contra nós. Luther acha que ela é apenas uma garota inocente que estava naquele corredor na hora errada. E você? — Pergunto a ele, porque, como eu, ele não acredita nas pessoas tão facilmente como Luther e os outros.

— Algo me diz que ela não é tão inocente assim... Mas confesso que estou ansioso para saber até onde ela vai e se terá coragem de ser nossa. — Ele me responde, brincando com a pequena faca nas mãos — E acredito que, se ela realmente fosse uma espiã, já teria agido. Ela passou semanas naquele porão e, nas vezes que tentou escapar depois de ser pega, não fez nada contra nós.

— Você está morrendo de vontade de comê-la também, não é? — Pergunto a ele, revirando os olhos.

— E você não? — Ele sorri com o meu silêncio. — Vai ser a primeira dela, não vai?

Se ela ainda for virgem como disse que é.

— Você nem a tocou ainda, e parece que já foi ferrado, droga! Parece que sou o único que pensa com a cabeça de cima e não com a de baixo. Se a intenção dela é nos seduzir, ela não vai conseguir isso tão facilmente comigo. — Eles me olham como se não acreditassem em mim. Ambos já amolecidos pela garota, a diferença é que Zedekiah esconde isso muito mais do que Luther, e seu coração mole será seu ponto fraco, seu calcanhar de Aquiles.

Não sei por quê, mas sinto que essa garota veio para nos destruir.

— E o que você está fazendo aqui, não deveria estar de olho nela? — Luther pergunta a ele.

— Ela está com Noah e Lohan, vim afiar minhas facas, estava ansioso por um joguinho, mas talvez tenha que deixar para outro dia. — Ele diz, emburrado.

Zedekiah é completamente sádico, todas as garotas que se envolvem com ele até hoje são aquelas que gostam de se submeter à sua loucura. Ele tem um quarto onde gosta de brincar com elas, usando algumas práticas de BDSM. Meu irmão até possui uma casa de swing e BDSM, onde sempre passa seu tempo quando voltamos de uma missão. Talvez ele devesse ser o primeiro a ficar com ela para vermos se ela aceitará estar com ele, sabendo do que Zedekiah gosta durante o sexo. E se ela ficar depois de uma noite inteira com ele, talvez mereça meu voto de confiança.

— Não ele! — Luther diz atrás de mim, parecendo ler meus pensamentos. — Ele vai machucá-la, assustá-la.

— Está com medo de eu machucá-la ou de entregá-la, antes mesmo de você tê-la? — Zed pergunta a ele. — Porque, mais cedo ou mais tarde, depois que ela concordar em ficar conosco, ela vai passar pela minha cama.

— Será a primeira vez dela, não é apropriado estar com um sádico, como você. Isso poderia fazer com que ela nunca mais quisesse ter sexo na vida, não apenas conosco. — Eu olho para ele, vendo sua reação. Droga, como ele se envolveu tanto com ela, tendo tido apenas alguns contatos nas últimas semanas, apenas levando comida para ela naquele porão?

— E ela não vai porque a única saída dessa casa é para o caixão dela. — Digo, resoluto. — E estou começando a pensar se isso não seria a melhor opção, seja ela uma espiã ou não. Você mal esteve com ela, e ela já está mexendo com você assim, irmão.

Ele esfrega o rosto e morde o lábio inferior.

— Eu só quero que ela pelo menos tenha uma primeira vez adequada. Já basta ter apenas duas opções, ficar conosco ou morrer... — Ele passa as mãos pelo cabelo.

— E o que você sugere? Deixá-la ir e nos entregar de bandeja? — Pergunto a ele. — Ou continuar deixando-a trancada no porão, ou no quarto dela, até que ela se apaixone por você? — Ele permanece em silêncio. — Isso não é um conto romântico, Luther. Somos mafiosos, treinados para matar, realizar negócios ilícitos, vivemos no submundo do crime. Não temos tempo para bobagens como essa. Se você quer satisfazer seu desejo, temos mulheres em vários dos nossos clubes que ficarão felizes em passar uma noite com você e nada mais.

— Eu já sei disso, mas é ela que eu quero, e é ela que eu vou ter. — Ele passa a mão pelo cabelo, em um gesto pensativo — Não vamos deixá-la ir, não sou estúpido a ponto de cometer um erro desses, mas vamos deixá-la livre para circular pela casa, mantendo-a por perto. Dando-lhe espaço. Tenho um mês... E farei desse mês para que ela possa ser nossa, de livre e espontânea vontade.

— Ah, aí está o cara que não é tão bonzinho... — Zed sorri. — Confesso que estava ficando preocupado.

— Precisamos informar os outros sobre isso. — Digo, antes de voltarmos para o andar de baixo.

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