




CAPÍTULO 2 — FEYRA SMINORV
Não me lembro muito de ontem no chuveiro, acabei adormecendo, aparentemente. Concordância do lado de Luther. Sento na cama, segurando os lençóis. Não sinto nada, então ele não deve ter feito nada comigo enquanto eu dormia. Assim espero.
— Fique calma, estamos apenas dormindo — ele se estica ao meu lado, totalmente lindo, olhos inchados e cabelo bagunçado, e o peito à mostra e quando meus olhos descem mais, vejo a tenda em seu moletom, rapidamente desvio o olhar. Droga. Ele notou meu olhar e sorriu. — Só isso... Eu não sou um estuprador. E, além disso, tem a questão de que, se for minha, terá que ser dos meus irmãos também.
O quê? Eles dividem mulheres...
Ele passa a mão pelo meu rosto em uma carícia. Fico nervosa quando ele tenta pegar minha mão e levá-la ao seu pênis, rindo enquanto eu puxo minha mão de volta assustada e tento me afastar dele. E que pênis ele tem, não pude deixar de notar ontem quando ele se levantou para pegar as toalhas para nós dois.
Mas o quê?
— Nós compartilhamos tudo, exceto mulheres... até agora. — Então eu seria a primeira... — Parece que você tem algo que nos faz querer tentar — Luther passa a língua da minha orelha até os cantos dos meus lábios. — Não adianta se desesperar e fugir, isso vai acontecer, uma hora ou outra. Você é nossa agora. E queremos tudo o que pudermos conseguir. Então... vai ser aqui ou lá embaixo, Feyra?
— O q... o q... o quê? — pergunto, engolindo em seco.
— Tomar café da manhã — ele me responde, sorrindo.
— Aqui... aqui... aqui. — Respondo, não sei se quero ter que encarar os olhos que me olharam com nojo e encontrar Heros, seu olhar sobre mim me dá arrepios.
Caí na toca do lobo, ou melhor, na toca da matilha.
— Mas, mais cedo ou mais tarde, você terá que descer, meu amor, mas se quiser ficar trancada neste quarto, fique à vontade. — Ele se levanta, se espreguiçando e me deixando focada no músculo de suas costas. — Só pensei que, depois de dias trancada naquele porão, você gostaria de descer um pouco.
Ele dá de ombros e se dirige à porta do quarto, pulando da cama.
— Espere! — digo, parando-o, ele sorri — Preciso ir ao banheiro primeiro, lavar o rosto e pegar uma escova para escovar os dentes.
Ele passa por mim, me dando uma piscadela e me leva ao banheiro, me entregando uma escova de dentes nova, antes de sair e me deixar à vontade. Quando volto para o quarto, vejo-o sentado na cama com o celular na mão.
— Agora é minha vez! — ele me dá outra piscadela e vai ao banheiro sem se preocupar em fechar a porta, desvio o olhar da porta e olho para o quarto dele, notando coisas que não pude perceber corretamente ontem.
Descemos para o café da manhã, encontrando todos os irmãos dele sentados à mesa, exceto o de olhos verdes translúcidos, Heros.
Ele é o que mais me assusta. Seu olhar é sempre tão frio e cruel.
— Uau! Agora sim! Nem parece a mesma garota de antes — o moreno de cabelos escuros, Zedekiah. — Ele me dá um sorriso e um olhar lascivo de volta, e todos os meus instintos me dizem para ficar bem longe dele.
E a cozinha por toda a casa era enorme e com tons escuros, tornando-a elegante e um pouco sombria. A casa tem muitos deles, mas isso não foi a única coisa que notei, toda vez havia uma arma escondida em algum lugar. Com acesso discreto que é mais fácil de usar, talvez caso tenham um ataque inimigo em sua casa quando forem pegos de surpresa.
Meus olhos percorrem as pessoas com quem mal tive contato nos últimos dias. Todos têm tons semelhantes de castanho no cabelo, exceto Heros, que tem cabelo loiro escuro com algumas mechas mais claras, e Zedekiah, cujo cabelo é tão preto quanto a noite.
Um deles, o que descobri ser Noah, tem a pele mais clara de todos, um branco mais rosado, com algumas pequenas sardas no rosto. Seus olhos são azuis em um tom mais escuro e vívido, seu cabelo é curto e bagunçado com a franja caindo nos olhos. Ele parece ser o mais velho entre os irmãos.
Não posso deixar de notar cada um deles, são todos mais bonitos que o outro.
— Onde está Heros? — Luther pergunta a eles, passando por mim.
— No escritório! Ele pediu para você subir depois de tomar seu café. — Zedekiah, olha de Luther para mim, me dando uma piscadela. Eu o ignoro, esperando a aprovação de Luther para me servir e comer meu café da manhã.
— Feyra — olho para o que tem sardas na minha frente, Noah — Está branco aqui... — aponta para o lado da minha bochecha, passo a mão com os olhos arregalados e envergonhada, tentando encontrar a sujeira.
Será que é pasta de dente? Luther não me disse nada.
— Ele jogou verde e você caiu. Não tem nada aí! — Luther diz ao meu lado, tomando seu café gelado com leite — Agora eles vão pensar que você chupou meu pau, amor. — ele sussurra para mim e aposto que meu rosto deve estar vermelho de vergonha.
— Droga, Luther! Você realmente transou com ela, não foi? — Zedekiah pergunta a ele, olhando de mim para Luther, com um sorriso presunçoso no rosto.
Esse cara está começando a me irritar.
— Não, não aconteceu nada, só tomamos um banho — ele responde revirando os olhos.
Eles falam de mim como se eu nem estivesse aqui.
— Temos uma regra, Luther. — Lohan o lembra.
— Lohan, eu não transei com ela! Foi só um banho inocente — ele resmunga.
— Sim, mas a regra é simples — ele continua — Se você vai tocá-la, temos que estar cientes e de acordo.
— Se você a tomar como sua, nós também a tomaremos — Zedekiah olha para ele, que nega e bufa revirando os olhos mais uma vez.
— É verdade que todos nós somos atraídos por ela — Noah abre a boca pela primeira vez — Mas antes de fazermos qualquer coisa, concordamos em discutir entre nós primeiro o que faríamos a respeito. E não tomamos nenhuma ação precipitada.
— Heros não a quer — Lohan olha para mim e volta o olhar para ele — Mas nós três a queremos e não nos importamos se tivermos que dividi-la entre nós.
Eles falam de mim como se eu não tivesse escolha e fosse um objeto para eles brincarem e compartilharem entre si.
Mas o que diabos eles têm na cabeça?
Tento dizer algo, mas o moreno, cujos olhos azuis são semelhantes em tom aos de Lohan, mas que se destacam ainda mais porque sua pele tem um tom mais bronzeado, fala primeiro.
— Droga, cara! Ela é gostosa e tem esse olhar angelical e sim, ela me deixa duro. — Zedekiah, olha para mim e morde o lábio — E não consigo tirar da cabeça ela vestida naquele uniforme; mas... inferno, Luther, se deixar apegar a uma virgem de um país inimigo? Você sabe o que arriscamos ao trazê-la para cá? Se a Bratva descobrir que sequestramos uma habitante do país deles, bem debaixo dos olhos deles, seremos aniquilados antes mesmo de agir. — Ele deixa seu copo de leite puro na mesa, meio cheio.
Eles falam abertamente esquecendo minha presença aqui.
— É tarde demais para pensarmos nisso, ela já está aqui conosco — ele passa as mãos pelo cabelo, depois pela barba. — E o que você espera que façamos agora? Não acho que de todos os habitantes da Rússia, o Pakhan, se importará com uma simples garota.
— Para mim, Heros deveria tê-la deixado ir... ou matado ela ali mesmo naquele beco. — Zedekiah acrescenta, voltando a comer o café da manhã calmamente. — Ainda não entendo por que Heros a trouxe conosco, além de notar o óbvio interesse dela.
— Ele acha que ela pode ser uma grande moeda de troca com o Pakhan. — Noah responde e todos olham para ele.
— Por que ele pensa isso? Ela é apenas uma garota, mal tem dezoito anos, por que ele pensaria que ela vale alguma coisa para ele? É muito provável que ele acabe atirando na cabeça dela, para nos mostrar que ela não é ninguém para ele. — Lohan.
— Na mente dele, ela poderia ser uma espiã enviada pelo Pakhan... — Noah diz, antes de terminar seu café da manhã e se levantar.
Uma espiã?
Da máfia?
— Eu não sou uma espiã, muito menos faço parte da Máfia Russa. Isso é ridículo! — Paro de comer o resto do meu café da manhã e encaro cada um deles — Sou apenas a única filha de uma mulher ocupada, que me criou praticamente sozinha porque meu pai nos abandonou quando ela ainda estava grávida de mim.
— E qual seria a outra opção? — Sou ignorada por eles quando Luther pergunta novamente.
— Matá-la! — Heros diz, aparecendo na enorme cozinha.
O quê?
Droga.
Estou realmente ferrada.
Eles me querem, não querem? Só preciso convencer Heros e Zedekiah de que não ofereço nenhum perigo para eles, e se eu tiver que usar meu corpo para isso, eu farei; pelo menos até conseguir o que quero, sair daqui, viver!