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Prólogo

Estou parada no portão da escola há mais de duas horas, tentando ligar para Mackenzie — minha mãe — que não atende o telefone e deixa todas as minhas ligações caírem na caixa postal, já foram vinte e três até agora.

Decido desistir, o sol está se pondo, então escolho ir andando para casa, embora sejam quase duas horas de caminhada, é melhor do que ficar aqui esperando infinitamente por ela. Agradeço por este ser meu último ano escolar, antes de finalmente entrar na faculdade.

Meus pés estão começando a doer, e eu ainda nem estou na metade do caminho. Decido mudar de direção, virando à direita e seguindo por um beco estreito e pouco movimentado. Normalmente, eu evitaria passar por aqui a todo custo, mas estou exausta, com fome, sede e meus pés estão latejando. Tudo o que quero é chegar em casa, tomar um banho e comer alguma coisa.

Caminho mais devagar quando ouço algumas vozes, que ficam mais altas à medida que me aproximo. Meu instinto me diz para correr, mas minha curiosidade me mantém andando, e ela vence. Assim que viro à esquerda, em uma rua sem saída, me deparo com sete homens, cinco deles armados, que começam a atirar em dois corpos espancados e sangrando no chão.

Surpresa pelos primeiros tiros e assustada, acabo gritando, colocando a mão sobre a boca, chamando a atenção deles para mim. É nesse momento que percebo que me tornei uma testemunha de um crime que eles não queriam. Todos vestem roupas pretas, com sobretudos longos, rostos expostos e armas em punho.

Me preparei para correr, quando ouvi uma das vozes e o som de uma arma sendo carregada.

— Fique onde está, querida. Se correr, eu atiro e espalho seus miolos por essas paredes — aterrorizada, obedeci, tremendo e chorando. E a primeira coisa que noto é o sotaque deles, não são daqui. — TSK, TSK — ele diz, balançando a cabeça enquanto se aproxima de mim. Quero correr ao mesmo tempo, mas não consigo me mover — Que azar, querida, lugar e hora errados para estar. Infelizmente, não podemos deixar pontas soltas, não é, Heros?

— Acabe logo com isso, Luther! Não temos o dia todo. — O cavalheiro que é mais alto que os outros quatro e tem olhos claros está no comando. Esse deve ser o líder deles.

O que está na minha frente, um moreno com cabelo castanho escuro com alguns reflexos queimados de sol, e olhos castanho-âmbar que brilham com diversão enquanto me olha de cima a baixo, murmura: “Que desperdício” e aponta a arma para minha testa. Droga! Onde fui me meter? Vou ter que implorar e suplicar pela minha vida. Então começo:

— Não! Não, não. Por favor! Por favor, eu prometo não contar a ninguém o que vi aqui. Eu imploro! — Caio de joelhos, começando a implorar pela minha vida a esse tal de Luther, já que ele está no comando. Por mais merda que seja, ainda não quero morrer aos dezoito anos, e virgem! — Eu… por favor, eu só não quero morrer ainda. Sou tão jovem! Tudo o que quero é apenas ir para casa, descansar e molhar meus pés.

Permaneço ali de joelhos, chorando e implorando para eles. Olho para o de olhos claros chamado Heros, que tem cabelo loiro, e agora notando melhor seus olhos azul-esverdeados, além de ser o mais alto, é o mais forte de todos.

— Acabei de fazer dezoito anos, nem vivi minha vida ainda, por favor, apenas me deixem ir. Minha família deve estar apavorada atrás de mim. Por favor. Eu não vi nada, eu juro! — Continuo implorando para eles. — Por que tudo está dando errado para mim hoje? Eu deveria ter ido pelo outro caminho, aceitado a droga da carona dos meus colegas quando me ofereceram e eu recusei, para esperar minha mãe que disse que viria me buscar, para acabar me esquecendo mais uma vez. Droga!

Soluço e começo a chorar desesperadamente.

Um dos homens, o mais próximo do líder, cujo nome ainda não sei — ele tem pele bronzeada, olhos pequenos e azul-acinzentados — dá um passo à frente e segura meu braço com força. Olhos frios e sádicos, e todos os meus instintos me dizem que não devo provocá-lo, assim como o de olhos verdes.

— Não podemos deixar você ir, garota; você sabe demais. Não somos qualquer um para cometer um erro de principiante desses — ele acaricia meu rosto com a ponta de seu canivete — Mas confesso que será uma pena ter que me desfazer de algo tão bonito.

— Por favor, eu prometo que nada do que aconteceu aqui sairá da minha boca. Eu só quero ir para casa, tomar um banho e descansar — continuo chorando, tentando ganhar a empatia deles. Eles não matariam uma adolescente indefesa e mulher, ou matariam?

— Vamos ver o que fazemos com você — ele diz, um sorriso cruel se formando em seu rosto.

Os outros riem, e meu coração aperta no peito. Percebo os outros se aproximando, me cercando como uma presa indefesa para uma matilha de lobos famintos. Engulo em seco, me preparando para o pior. Minhas pernas estão tremendo, mas preciso manter a calma se quiser sair daqui viva, mesmo que tenha que me humilhar e continuar implorando para eles.

— Por favor, eu só quero ir para casa — repito, tentando segurar as lágrimas.

Tento pensar em uma maneira de sair das garras deles. Se eu disser que minha família tem dinheiro, eles podem me fazer refém, embora já tenham notado que meu uniforme escolar é de uma escola particular. Posso mentir e dizer que não sou bolsista. E assim sendo, de fato, pobre, com uma mãe solteira que cuida de mim e de mais cinco filhos, o que poderia fazer com que me descartassem aqui mesmo, pois minha mãe estará ocupada cuidando dos meus irmãos, então se quiserem sentir minha falta.

— Deixem ela ir! — o loiro diz, e eu solto um suspiro aliviado, já me levantando e pegando minha mochila que havia caído no chão.

— Heros, você tem certeza disso? — outro que não havia dito nada até o momento faz a pergunta, ele tem o cabelo um pouco mais escuro, caindo nos olhos, bagunçado e olhos azuis mais brilhantes que os outros dois.

— Deixem ela ir. Vai, corre! — Heros, ele grita, me assustando. — AGORA!

Eu apenas me levanto, sentindo tontura, viro e começo a correr, mas no momento em que chego na esquina, meu cabelo é puxado e minhas costas colidem com um corpo duro atrás de mim. A outra mão veio descansar na minha cintura, com a ponta da arma apontada para mim. Droga! Um movimento errado pode acabar me matando aqui mesmo, ou me deixando incapaz de escapar, estirada neste chão, em agonia com dor e sangrando, ao lado dos outros corpos, esperando por ajuda que pode chegar tarde demais.

Preciso ser mais esperta e mais inteligente que eles e não posso fazer nada enquanto ele tem a ponta da arma pressionada contra mim e meu corpo está preso ao dele.

— Pensando bem, você vem com a gente, querida — ele diz, passando a ponta da língua pela minha orelha, antes de morder, sua voz soando rouca ao lado do meu ouvido. Meu coração dispara enquanto ele se aproxima abruptamente e o frio do cano da arma toca minha pele quente. — Cuide dela! — De repente sou solta por ele, sendo jogada nos braços de Luther, o homem de pele escura e olhos escuros. Quase caio, mas ele me segura, me prendendo em seus braços, circulando-os ao redor da minha cintura. Sinto sua língua passando pela minha bochecha, coletando uma das minhas lágrimas.

— Se você cooperar, ninguém vai se machucar. Entendeu? — o moreno diz, e eu aceno com a cabeça, tentando controlar meu pânico. Tenho que permanecer calma e não tentar agir impulsivamente, eles estão armados e não hesitariam em atirar em mim, independentemente de eu ser uma mulher ou uma simples adolescente. Considerando os corpos deitados e baleados no chão, eles não são homens para mostrar misericórdia a ninguém.

Eles não são russos, então qualquer que seja a razão de estarem aqui na Rússia foi resolvida neste beco, e agora me encontro nas mãos de cinco assassinos impiedosos — que provavelmente são ingleses — sem saber o que farão comigo e para onde me levarão.

Quando entramos no carro e sou jogada dentro dele, antes que ele comece a se mover e a porta se feche, tento me jogar para fora, mas uma mão vem por trás de mim e coloca um pano sobre meu rosto, me fazendo inalar um cheiro forte. Me debato desesperadamente e em segundos, sinto minha visão começar a nublar e a escuridão me toma.

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