




♥ Capítulo 3 ♥
Yara Blake.
Magnus olha diretamente para mim e, após um breve silêncio, começa a entrevista.
"Qual é o seu nome e quantos anos você tem?"
Sinto meu coração disparar, mas tento me manter calma.
"M-Meu nome é Yara Blake." digo, gaguejando levemente. "E eu tenho vinte e dois anos."
Magnus anota algo em um caderno à sua frente, enquanto seus irmãos continuam me observando atentamente. A sala fica em silêncio por um momento, o que só aumenta meu desconforto. Passo a mão na perna várias vezes, um hábito que tenho quando estou nervosa. Finalmente, Magnus pergunta:
"Por que você está interessada nesta posição? Você sabe que esta posição é para ser nossa cozinheira ou faxineira."
Minha garganta está seca, mas tento me concentrar. Sei que esta é uma oportunidade importante, e preciso dar uma resposta convincente.
"Bem, eu..." começo, hesitando um pouco, mas logo encontro minha voz. "Sempre gostei de cozinhar e manter as coisas em ordem. Desde pequena, aprendi a valorizar essas tarefas, e sempre fui muito dedicada em casa. Quando vi essa vaga, senti que era uma oportunidade de aplicar essas habilidades em um ambiente diferente, mais desafiador."
Percebo que os três continuam me observando, e meu desconforto cresce. Seus olhares são tão intensos que parecem tentar ver algo em mim que eu mesma não consigo ver. Damien cruza os braços, ainda me analisando, enquanto Kael mantém o olhar fixo, como se esperasse algo mais.
Coloco a mão na perna novamente, tentando me acalmar, mas o gesto não ajuda muito. Sei que preciso parecer confiante, mesmo que por dentro eu esteja um turbilhão de nervos. Esta é uma oportunidade que não posso deixar escapar, e preciso me lembrar disso a cada segundo.
Kael, que até então estava em silêncio, descruza os braços e olha diretamente nos meus olhos.
"Você é solteira?" Seu tom é firme e direto.
A pergunta me pega de surpresa, e por um momento, sinto meu estômago revirar. Mordo o lábio, hesitando antes de responder.
"Não." digo, minha voz saindo mais baixa do que eu gostaria. "Sou casada."
Os três irmãos trocam olhares, e algo muda no ar. Um brilho diferente passa pelos olhos de Magnus e Kael, enquanto Damien, que me olha e esboça um leve sorriso, fica ainda mais bonito. Por um momento, meus pensamentos se perdem na admiração daquele sorriso, mas logo me repreendo mentalmente. Este não é momento para distrações.
Magnus retoma a palavra, com um tom que não deixa espaço para dúvidas:
"Você sabe que, se for aceita, terá que morar na mansão. Pode ir para casa na sexta à noite e voltar no domingo à noite."
Engulo em seco ao ouvir essa condição. A ideia de morar fora, mesmo que apenas durante a semana, parece impossível, considerando o quão controlador Ronan é. Sei que ele nunca permitiria isso sem uma boa briga. Mesmo assim, respiro fundo e concordo com um leve aceno.
"Entendi," respondo, tentando manter a calma.
Damien, que até agora havia permanecido mais distante, se inclina um pouco para frente, ainda com aquele sorriso enigmático nos lábios.
"Seu marido não vai se importar com sua ausência?"
A pergunta é feita com um tom quase desinteressado, mas sinto o peso dela. Minhas mãos começam a suar, e passo a mão na perna novamente, tentando esconder meu nervosismo.
"Ele vai..." começo, mas rapidamente me corrijo. "Ele vai se importar, claro. Mas eu vou conversar com ele. Se for uma boa oportunidade, tenho certeza de que ele vai entender."
Mesmo enquanto digo essas palavras, sei que elas soam mais como uma esperança vaga do que uma certeza. Por dentro, sinto uma mistura de medo e determinação, sabendo que essa decisão pode mudar tudo na minha vida, para melhor ou para pior.
Kael, ainda me encarando, faz a próxima pergunta, que me deixa ainda mais desconfortável:
"Você tem filhos?"
Instantaneamente sinto meu rosto esquentar. A mera ideia de ter filhos seria surreal para mim, considerando que nunca fui tocada. A pergunta me atinge de uma maneira estranha, quase como se eu estivesse invadindo um território desconhecido e íntimo. Respiro fundo, tentando manter a compostura antes de responder.
"Não, eu não tenho filhos."
Assim que as palavras saem, percebo como o olhar dos três homens se intensifica. Magnus, Kael e Damien estão me observando de uma maneira que nunca experimentei antes. É como se estivessem analisando cada detalhe e cada expressão, e isso faz meu desconforto crescer ainda mais.
Esta é a primeira vez que homens me olham tão intensamente, e é uma sensação avassaladora. Toda a situação me deixa profundamente envergonhada, e mal consigo manter o contato visual. Meu coração está disparado, e minhas mãos estão suando. Tento não mostrar o quão nervosa estou, mas a intensidade daqueles olhares é algo que nunca imaginei enfrentar.
Magnus se endireita na cadeira.
"Amélia, venha aqui." Ele a chama com uma voz firme e autoritária.
Amélia entra no escritório e se aproxima, mantendo uma postura profissional. Ela o cumprimenta.
"Sim, senhor?"
Magnus olha para mim e me dá um pequeno sorriso. Seu olhar é intenso e enigmático.
"Já temos nossa empregada," ele diz, com um tom que mostra decisão. "Dispense as outras, a entrevista acabou."
Amélia responde prontamente.
"Sim, meu senhor."
Magnus continua me observando e diz:
"Vá com Amélia. Ela vai te explicar as coisas e te dar o endereço da nossa casa. Queremos que você venha no domingo à noite."
"Sim, senhor." concordo rapidamente, tentando manter a compostura.
Ao dizer "senhor", percebo que o brilho intenso nos olhos dos três homens parece ter mudado de uma maneira sutil, o que me deixa um pouco inquieta. É uma reação que não consigo entender completamente, mas que me faz sentir uma mistura de nervosismo e curiosidade. Seguindo as instruções, vou com Amélia. Quando estou prestes a sair da sala, olho para trás. Os três ainda estão me observando com aquele olhar estranho, mas diferente. É um olhar que mistura intensidade e algo mais, um mistério que me intriga e me deixa ainda mais nervosa.