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Época

"A primeira disputa seria uma competição de caça, e o mais honrado venceria. Não haveria um juiz; a diferença entre os dois competidores teria que ser notável para haver um vencedor." Olivia leu as palavras escritas com caligrafia impecável por seu pai na última carta e revirou os olhos profundamente.

"Com certeza ele já gastou toda a criatividade em uma competição para a filha que não tem mais nada a alcançar! Caça!? Estamos voltando à Idade Média?" Ela murmurou para si mesma enquanto se aconchegava melhor na cama cercada de documentos.

Depois da bebedeira na estufa, ela pegou e analisou os documentos que estavam com o advogado e os trouxe para o quarto, tentando encontrar uma brecha mínima para contestar, mas a cada página que virava, parecia que seu pai estava na sua frente com uma expressão triunfante, dizendo as palavras: "Você vai fazer o que eu quero, fim de conversa."

Ela queria isso mais do que tudo. Queria se casar, ser uma ômega forte e independente, mas com uma família bonita. Era tudo o que ela sempre desprezou.

Compromissos a assustavam. Era difícil para ela se entregar completamente a um homem. Nunca tinha entrado no cio com um Alfa, e tinha medo de perder o controle do próprio corpo devido a um orgasmo e se submeter a atos de desprezo e humilhação. Por isso, quando se aproximava daquele maldito período de cio, ela tomava chás inibidores para não sentir um desespero depravado como aquele.

Como sua mãe morreu durante o parto de seu irmão, ela nunca teve uma conversa livre e espontânea sobre assuntos sexuais com mais ninguém. Era íntimo demais para ela. E intimidade era a coisa mais assustadora.

"Estúpido gene ômega!" Olivia jogou os papéis para o lado do colchão e se deitou nos travesseiros macios da cama. Por um momento, viu o teto girar e seu estômago revirou levemente. Ainda se sentia desajeitada por causa do álcool. Olivia passou a maior parte da vida se torturando por ter nascido com um 'defeito' e não entendia por que tinha que nascer em uma família que, em sua maioria, tinha o gene dominante, Alfas.

Até os primos mais distantes eram Alfas. Qualquer um que falasse sobre a família Moore sabia que falava de uma família dominante ou talvez sobre como sua Ômega era estranha, rebelde, e como deveriam limitá-la.

Anos se passaram antes que aquele sentimento de ser diferente em casa desaparecesse. Mas ainda havia esses resquícios; ela nunca conseguia se livrar deles.

Olivia se assustou um pouco quando ouviu uma leve batida na janela de sua varanda trancada. Ela se levantou rapidamente e foi até as cortinas, abrindo uma pequena fresta para ver quem era, e então sorriu levemente.

A luz laranja do fim da tarde criava um belo contraste com a pele escura de Lian. Sua boca rosada parecia ainda mais rosada do que o normal, e ele estava ofegante, com mechas de cabelo grudadas nas gotas de suor em suas têmporas. Ele parecia muito atraente.

Olivia abriu a porta e engoliu nervosamente com a curta distância entre ela e o rapaz. Sentiu a boca salivar ao imaginar passar a língua pelo pescoço atraente e desalinhado dele. "Oh Deus, o que você estava pensando? Talvez fosse o álcool. Acredite nisso."

Ela balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, e rapidamente o puxou pelo braço. Olhou pela varanda, verificando se alguém tinha testemunhado a cena, e então fechou a porta e as cortinas novamente.

"Você já deveria estar na entrada da floresta. O sol vai se pôr," ela disse, virando-se para ele, confusa.

"Eu não podia ir embora sem me despedir."

"Não começa com drama; é só uma noite na floresta. Não é como se um animal realmente fosse te machucar," Olivia disse sarcasticamente e irritada.

"Tudo vai ser diferente depois de hoje. Eu não quero que as coisas mudem, mas você sabe que vão..." Ele pega as duas mãos da garota, trazendo-a para mais perto de seu peito e beija suas mãos lentamente e secretamente, olhando para ela intensamente como se fosse um segredo e a deixando em êxtase. "Eu vou vencer por nós."

"Mas e se... e se..." ela se perde nas palavras, e Lian a interrompe.

"Shhh, não se preocupe. Vamos resolver isso juntos." Ele a abraça apertado, acariciando seu cabelo.

Olivia gosta desse lado protetor de Lian. Não é exagerado e aparece apenas nos momentos certos. Talvez esse seja o principal motivo pelo qual ela gosta dele. Ele sabe respeitar os espaços que ela sempre precisa ter. Ele é paciente e entende que ela não quer nada sério. Ele principalmente a respeita.

Lian teve um trabalho a fazer em Londres meses atrás e enviou uma mensagem para Olivia para apresentar a cidade. Ela estava receosa e achou estranho receber uma mensagem assim, mas estava sendo positiva. Eles conversaram em um bar, lembraram de momentos, e antes que ela percebesse, estava sem roupas na cama dele.

Algumas semanas depois, eles estavam quase namorando. Olivia odiava esses rótulos e fugia deles sempre que Lian tocava no assunto. Então as coisas eram incertas, mas eles sabiam o rumo daquele relacionamento. Um namoro.

Olivia só não tinha coragem de admitir.

Ela se desvencilhou gentilmente dos braços do outro e levantou a cabeça, admirou o rosto do rapaz por um tempo e uniu os lábios aos de Lian, que ficou um pouco surpreso com a atitude da garota.

O toque foi leve, como um simples selo longo, depois outro, e mais outro. Em um momento, eles se afastaram e se encararam, vendo as expressões faciais contraídas e as mentes nubladas.

Foi quando eles morreram de novo.

Os lábios se roçaram um pouco mais urgentes, Olivia agarrou o pescoço do rapaz e enfiou os dedos no cabelo macio, trazendo-o para mais perto, suas bocas coladas não pareciam ser suficientes, nem quando Olivia abriu mais os lábios pedindo mais contato e Lian não hesitou em colocar a língua em uma dança sensual e molhada.

Aqueles estalos molhados e suculentos fizeram a pele da garota arrepiar, e a cada segundo aquele beijo se tornava mais intenso e saboroso, Olivia nem sentiu quando suas pernas se inclinaram para cima, envolvendo a cintura do rapaz, e as mãos de Lian foram diretamente para o início de suas coxas, segurando-a firmemente e apertando aquela região, deixando o ar mais sufocante.

Ele caminhou com ela nos braços e a levou cegamente até um móvel onde ela pudesse se sentar confortavelmente, ele abaixou os beijos um pouco mais até a clavícula e passou a língua por todo o caminho da pele exposta, deliciando-se com o sabor da pele quente de Olivia. Lian apertou com certa força a cintura fina da garota, que soltou um leve gemido perto do ouvido do rapaz, e isso o fez entender que não tinha tempo para isso.

"Eu não posso agora..." ele se afasta e diz sofrendo com uma ereção dolorida entre as pernas. A cabeça da garota não funcionava bem naquele momento, ela só queria sentir mais daquilo, ela passa a mão direita sobre o moletom do rapaz, pressionando-o com movimentos circulares e precisos, o que faz Lian jogar a cabeça para trás e soltar um gemido profundo.

"Fica e me ajuda a terminar o que começamos," ela disse com a voz embargada e sensual, e em nenhum momento parou de acariciar enquanto observava as reações do rapaz que mordia os lábios.

"Está tarde, Olivia, eu já passei muito tempo aqui..." ele segura a mão dela, impedindo-a de continuar os movimentos, e ela suspira pesadamente.

"Mas eu queria-"

"Eu nem quero imaginar meu irmão te tocando assim. Eu preciso vencer. Essa é a única solução," Olivia revira os olhos, e Lian se afasta, um pouco intrigado. "Espera, você quer que ele tenha alguma vantagem na competição?!"

"O quê? Você está louco?!" Ela acorda do transe de luxúria e se sente extremamente ofendida. "Por que você está dizendo essas coisas estúpidas?!" Ela dá um leve empurrão no ombro esquerdo dele.

"Eu só estou tentando acompanhar a situação!" ele diz com a voz alterada, mas logo se arrepende e suaviza o tom. "Escuta, eu prometo que vou te manter longe do Matteo."

"Ele também é meu amigo! Eu não quero me afastar daquele idiota, especialmente agora que vou ser forçada a viver aqui de novo." Ela se lembra das regras estúpidas que leu mais cedo naquela carta. Lian a encara, surpreso. Ele não esperava por isso. Ele desvia o olhar e encontra a pilha de papéis espalhados pela cama dela.

"Eu tenho que ir."

Ele se vira na mesma direção de onde veio, pela varanda. Antes de abrir a porta, ele segura a maçaneta e para por alguns segundos. Talvez devido ao excesso de energia, Olivia ouve o som de madeira quebrando e observa o que resta da peça caindo no chão. Lian abre a porta de correr, afasta as cortinas grossas e finalmente sai do quarto, deixando Olivia sozinha ali, sentada com as pernas abertas em cima da escrivaninha, com uma expressão de desagrado.

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