Capítulo 2 - Questões familiares
"Luisa está machucada?" O olhar dolorido dela fez com que ele se despedaçasse por dentro, seus olhos agora de um tom mais escuro.
"Ela ainda está inteira!"
Edmund observou enquanto o rosto dela ficava pálido como papel, a cor das bochechas desaparecendo instantaneamente ao ouvir suas palavras. Uma miríade de emoções cruzava suas belas feições, como se ela estivesse imaginando os piores cenários possíveis.
Ele murmurou uma série de palavrões para si mesmo, se repreendendo silenciosamente por não ter sido mais gentil. Ele não deveria ter dado a notícia dessa forma.
'Por que diabos estou pensando nisso? Meu plano era chocá-la de todas as maneiras possíveis, causando-lhe um sofrimento irreparável.'
"O que você quer dizer? Me conte o que aconteceu!" Ela exigiu.
Ele abriu a porta do carro para ela, o motorista lhe deu um olhar peculiar. Ele nunca tocava nas portas, muito menos as segurava para outra pessoa. Ele lançou um olhar frio para o motorista, forçando-o a olhar para o outro lado, sua figura de auto-reprovação.
'Sim, as pessoas me temem pra caralho. Muito. Uma palavra minha é uma ordem para eles. Eu sou reconhecido instantaneamente em qualquer lugar que eu vá!'
As pessoas aprendiam o nome Stark antes mesmo de aprenderem o nome do presidente do país. A STARK CORP era uma das maiores empresas do mundo, líder no setor imobiliário.
No entanto, Isabella não mostrou nada parecido com respeito no primeiro encontro deles, mesmo sabendo claramente quem ele era. Ela estava deixando-o louco, e para ser sincero, parte dele estava intrigada.
"Por que você não diz nada? Minha irmã ainda está viva?" Ela agarrou seu pulso, apertando-o com pânico.
"Vamos conversar no hotel." Ele pegou a mão gelada dela com carinho, pois ela despertava seus instintos protetores.
Aos olhos dele, a mulher era nada do que ele esperava, ela era perigosa.
A viagem até o hotel foi curta, eles foram diretamente para o elevador privativo. Ele inseriu a chave e apertou o botão para a suíte presidencial. Ela o seguiu perdida em seus pensamentos, sua ansiedade aumentando a cada passo que davam, ela estava apavorada com a informação que receberia dele em breve.
Do nada, Edmund teve o impulso de envolvê-la em um abraço, assim que entraram na suíte, pois ela parecia à beira de desmoronar.
Bastante perturbada pelo gesto íntimo, ela se desvencilhou do abraço e se sentou no lounge, seus lábios formando um sorriso malicioso, essa não era a reação que ele estava acostumado. As mulheres que ele conhecia geralmente morriam por sua atenção, e até pisavam em cadáveres para se beneficiarem de um simples toque dele.
"Você tem algo para beber?" Ela quebrou o silêncio.
"Claro. O que você prefere, quer que eu misture algo para você?"
Ela arqueou uma sobrancelha para ele, sem confiança. "Não, vou querer um uísque puro, sem gelo, se você for um querido."
O olhar intimidador que ela lançou para ele tornou difícil não esboçar um sorriso divertido.
Ele serviu a bebida para ela, novamente algo novo para ele, normalmente era o contrário.
Ela tomou um grande gole, começando a tossir. "Agora me conte tudo, não perca um único detalhe, eu imploro!"
O pânico estava tomando conta dela. Parecia que horas haviam se passado desde que saíram do restaurante até chegarem ao hotel.
O trânsito estava um inferno, mais do que o usual. Como esse era o primeiro dia ensolarado em meses, as pessoas aproveitavam ao máximo a hora do almoço, rostos sorridentes por toda parte, em contraste com seu coração angustiado.
O homem com quem ela estava, ela não confiava nem um pouco. Ela achava o poder de atração que ele possuía perigoso, e estava convencida de que deveria ser punível por lei.
Ela não o teria seguido sob nenhuma circunstância até o hotel, mas ele tinha informações vitais para ela, informações sobre sua irmã. Ela acreditava que odiava Luisa, mas a ideia de que ela estivesse machucada provou que estava errada.
Ela ressentia a irmã, de fato, mas ainda a amava, mesmo com a situação complicada entre elas. Elas não se viam há anos, mas ela sabia que sua irmã havia se casado com alguém da família Stark.
"Suspeito que você pelo menos saiba que meu irmão e sua irmã fizeram uma viagem de negócios para a Itália." Edmund estreitou os olhos para ela.
"Não, eu não sabia. Nós não estamos exatamente nos falando." Ela respondeu, prendendo a respiração em antecipação para absorver todos os outros detalhes.
Ele lançou um olhar incrédulo antes de falar. "Foi uma viagem que sua irmã insistiu para que fizessem, mesmo sem saber nada sobre os negócios da nossa família." Ele continuou. "Eles alugaram um carro e, depois de beber e festejar com os outros associados, sofreram um acidente. Quem estava dirigindo o veículo era sua irmã."
"Mentira! Minha irmã não é do tipo que bebe e dirige!" Ela gritou para ele, incrédula.
"Encontraram álcool no sistema dela." Ele declarou.
"Isso não é possível, eu a conheço, você está mentindo!"
Embora não tivessem contato há anos, ela sabia que Luisa não era capaz de fazer uma coisa dessas. Beber e dirigir era algo proibido na família delas, ainda mais depois que a mãe morreu em um acidente de carro causado pelo seu problema grave com a bebida.
"Eles estão bem? Os dois?" Suas palavras saíram cheias de preocupação.
"Sua irmã está fora de perigo, embora tenha sofrido ferimentos que provavelmente levarão meses para cicatrizar."
"E seu irmão?" Ela o interrompeu, prendendo a respiração novamente, a impaciência a matava.
"Com meu irmão é uma história diferente." Seus olhos estavam frios enquanto forçava aquelas palavras para fora da garganta.
"Ahhh!"
"Ele está na UTI, sua vida está por um fio, as próximas horas serão críticas."
"Então, por que você está aqui e não ao lado dele?" Ela perguntou antes de se controlar, mas sua pergunta era legítima.
"Ele queria te conhecer, se algo acontecesse com ele, ele queria pelo menos ver seu rosto." Seus olhos se conectaram, ela podia sentir o olhar dele na profundidade de sua alma.
Não é que ela odiasse o irmão dele, ela desprezava toda a situação familiar. Mas sim, pode-se dizer que ela não era muito fã dele, os motivos eram mais do que suficientes.
"Minha irmã sabe sobre seu irmão?" Ela sussurrou, lágrimas escorrendo pelas bochechas, ela não conseguia mais segurá-las.
"Não, ninguém falou com ela. Eu esperava que você fizesse isso."
Por alguns segundos, ela pensou ter visto algo nos olhos dele semelhante a uma espécie de anseio direcionado a ela, mas ele de repente olhou para o lado como se estivesse se contendo para não mostrar isso.
'Não, devo ter imaginado!' Ela descartou a ideia.
"Um helicóptero estará no telhado em menos de uma hora. Ele nos levará ao aeroporto, onde meu avião particular está esperando." Ele divulgou.
"O quê?"
"Acredito que você tenha seu passaporte com você. Se não, ainda há tempo para pegá-lo. Meu assistente arranjou alguns dias de folga com seu empregador, então não haverá problema com seu trabalho."
"Ele falou com meu empregador em meu nome?" Ela gritou, perplexa.
"Aquele do–" Ele parou, olhando para ela com desgosto. 'Restaurante.'
"O quê?" Ela não podia acreditar no que ouvia. "E esse não é meu único trabalho."
"Acredito que ele mencionou que você também passeia com cães, se isso pode ser considerado um trabalho. De qualquer forma, ele ligou para a agência e você será substituída. Você não tem com o que se preocupar."
"Não tenho com o que me preocupar? Eu tenho que pagar o aluguel!"
"Isso já foi resolvido." Ele acrescentou. "Seu aluguel foi pago com três meses de antecedência." Ele continuou, ignorando a irritação nos olhos dela. "Novas roupas estão esperando por você na minha mansão, acredito que acertei seu tamanho." Ele sorriu.
"Você ousou fazer tudo isso sem me consultar primeiro?"
Ele suspirou. "Achei que era o melhor na situação dada. Reservar passagens de avião e encontrar um anfitrião é algo que leva tempo e, considerando que tempo é o que não temos, fiz o meu melhor para organizar tudo."
Verdade, embora ela odiasse admitir.
"Sim, suponho que você esteja certo. Tenho meu passaporte, podemos partir a qualquer momento."