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Capítulo 4
Os próximos três dias passam devagar e eu tento a todo custo não ficar ansiosa. Mas por que estou assim? "É só um almoço, Ana" - digo a mim mesma, tentando relaxar um pouco.
Aqueles olhos do Cam ficam na minha mente e não consigo tirá-los. Que diabos, o que há de errado com esse homem? Ele me olhou de uma maneira intimidadora e sua voz sexy com aquele sotaque americano dizendo meu sobrenome me deixou tão... envergonhada. Esse homem vai me deixar louca. Ele fala português super bem, imagine ele falando inglês? Mal o conheço e já estou super atraída por ele, mas por quê?
Afasto esse pensamento e outra coisa vem à minha mente. Minha faculdade de medicina está indo muito bem, estou adorando. É meu sonho cursar medicina e tenho certeza de que vou me sair bem. Depois de terminar minha aula na faculdade, chego em casa exausta, tomo um banho e assim que coloco um vestido, vejo meu celular vibrando na mesa do computador.
Vou até ele e leio a mensagem:
[Querida, peço perdão por aquele dia. Podemos conversar?]
Nesses dias que se passaram, eu nem tinha pensado no Márcio, o que eu sentia por ele realmente tinha acabado, e depois daquele comportamento horrível ele simplesmente desapareceu da minha mente e dos meus pensamentos. Felizmente, agora é o Cam que ocupa minha mente.
No entanto, diante do contato dele, o medo me consome. Leio a mensagem três vezes. Ele está louco? Eu nunca mais quero vê-lo ou falar com ele. O que ele fez comigo naquela ocasião foi um aviso para nunca mais deixá-lo se aproximar de mim. Agora tenho certeza de que ele é um louco e pode fazer coisas horríveis comigo. Só de pensar nisso me apavora.
Respiro fundo e tento me acalmar. Ligo para meu pai, que ainda está na rua, e peço para ele comprar um chip novo para mim.
Quando ele chega, agradeço e ligo para alguns amigos da faculdade em quem confio e que não vão passar meus dados de contato para ninguém. Dou meu novo número para minha amiga em São Paulo também. Informo meus pais sobre o motivo da troca do chip e eles concordam comigo. Ligo para a faculdade e dou meu novo número. E, finalmente, faltava o Cam. Ele pegou meu número antigo que estava no currículo dele. Preciso enviar uma mensagem para informá-lo sobre a mudança de número, senão ele não conseguirá me contatar. Crio coragem e envio uma mensagem para ele.
[Oi, Cam, aqui é a Ana Caroline. Desculpe incomodar a essa hora. Estou enviando esta mensagem para informar que este é meu novo número. Por favor, apague o antigo dos seus contatos. Tenha uma boa noite].
Clico em enviar e espero. Depois de alguns minutos, recebo a resposta dele.
[Boa noite, Caroline. Você não me incomodou em nada. Obrigado pela mensagem. Se me permite perguntar, aconteceu algo para você precisar trocar de número?]
Ele envia um emoticon com a mão no queixo no final, meio pensativo. Sorrio e respondo.
[Não foi nada, Cam, apenas alguns motivos pessoais, não se preocupe. Até amanhã].
Ele responde dizendo:
[Tudo bem, até amanhã.]
Depois de avisar todas as pessoas mais importantes, vou para a cama e ajusto o despertador. Vou dormir cedo para acordar descansada.
Acordo com o despertador tocando alto. Desligo e vejo uma nova mensagem chegando, da faculdade. Meu professor está passando por um momento difícil e agora não terei aula até sábado. Espero que ele fique bem, mas pelo menos vou poder dormir mais um pouco, penso feliz e volto a dormir.
Acordo novamente, sonolenta, às oito da manhã. Meu pai está no trabalho e minha mãe deve ter saído, já que ela não para em casa. Desço para a cozinha e vejo que há pão de queijo na mesa, bolo e café quente. Pego uma caneca, coloco leite e café, como alguns pães de queijo e assisto um pouco de televisão, já que faz muito tempo que não assisto.
Depois, como tenho um tempo livre, decido ler um livro da Jessika Rodrigues, Sedução do Amor. Estou na parte em que Bryan começa a se importar com Annie, que é tradutora. Ela trabalha para ele e os dois estão começando a gostar um do outro. Annie sofreu um acidente e Bryan, sem perceber, demonstrou preocupação por ela. Já estou torcendo por esse casal. Bryan é um empresário sedutor e lindo, essa autora se inspirou em Cinquenta Tons de Cinza, mas de uma maneira diferente. Bryan não é sádico como o Sr. Grey, ele é apenas arrogante, ciumento e controlador. Sim, eu li algumas partes adiantadas, estava curiosa. Eu sei, sou louca.
Depois de ler mais um pouco do livro, vou tomar meu banho mais rápido do que o habitual, coloco um vestido preto e uma maquiagem leve com um belo delineador nos olhos. Deixo a carne pronta para minha mãe só fazer o arroz ou algo mais.
Arrumo meu cabelo e respiro fundo. Na hora exata combinada, recebo uma mensagem do Cam dizendo que está me esperando na frente da minha casa. Abro a porta e o vejo encostado no carro, esperando por mim. No começo fico um pouco assustada por ele saber meu endereço, mas logo lembro que está escrito no meu currículo. Dou um sorriso torto enquanto tranco a porta e vou ao encontro dele.
Ele está lindo em um terno cinza escuro, com o cabelo penteado para trás e uma mecha caindo nos olhos. Seu perfume me deixa tonta, de um jeito bom, pois tem um aroma maravilhoso. Ele me olha, sedutoramente. "Nossa, não faz isso, Cam."
- Boa tarde, Caroline. Você está linda.
Sua voz e seu sotaque sempre me deixarão tonta.
- Boa tarde, Cam. Obrigada, você está ótimo.
Ele sorri e beija minha bochecha. Minhas bochechas queimam de vergonha e meu corpo todo arde. Sua boca é quente e muito macia. Ele me olha intensamente após o beijo e abre a porta para mim. Agradeço e olho para frente. De repente, vejo o Márcio me olhando do outro lado da rua e levo um susto. Ele está disfarçado, mas eu sei que é ele, eu o conheço bem.
O que ele está fazendo aqui? Fico paralisada e começo a tremer de medo. Cam percebe e se aproxima de mim, segurando minha mão gentilmente, e diz:
- Você está bem? Você está tremendo, Caroline, o que aconteceu?
Olho nos olhos dele, tremendo ainda mais, e uma lágrima escapa enquanto digo:
- Não é nada, por favor, vamos almoçar.
Dou um sorriso torto para ele, que me conduz para dentro do carro e segue dirigindo.
-
Está tudo realmente bem?
-
Sim, desculpe por qualquer coisa.
Sorrio, sem graça, e respiro fundo. Agora estou realmente ferrada. Estou morrendo de medo do Márcio, ele pode pensar que eu estava traindo ele. O que ele pode tentar fazer comigo?