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Capítulo 3 : Um encontro casual

Conforme as semanas passavam, Grayson continuava a me pressionar cada vez mais. Trabalhamos nas minhas fraquezas, aprimorando minhas habilidades até que eu me tornasse uma oponente formidável. Eu me sentia mais confiante do que nunca e sabia que estava pronta para qualquer desafio que surgisse. Mas, justo quando pensei que tudo estava indo bem, o desastre aconteceu. Uma noite, enquanto patrulhávamos a floresta, fomos atacados por um grupo de vampiros.

Lutei com todas as minhas forças, mas não fui páreo para eles. Eram rápidos demais, fortes demais, e antes que eu percebesse, estava no chão, sangrando e quebrada. Grayson não estava em lugar nenhum, e eu fiquei sozinha, vulnerável e indefesa.

Por semanas, fiquei deitada em uma cama de hospital, me recuperando dos meus ferimentos. O ataque me deixou abalada e com medo, e eu sabia que precisava encontrar uma maneira de ficar mais forte se quisesse sobreviver no mundo sobrenatural.

Assim que pude, procurei Grayson. Estava desesperada por respostas, por algum tipo de explicação sobre por que ele me abandonou durante o ataque. Quando finalmente o encontrei, ele estava sentado sozinho em um beco escuro, seus olhos brilhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes.

"Grayson, o que aconteceu?" perguntei, minha voz tremendo de raiva e medo.

Ele olhou para mim, sua expressão indecifrável. "Eu tive que te deixar," ele disse. "Eu tive que te proteger."

"Proteger de quê?" exigi. "Dos vampiros? Você me deixou lá para morrer!"

O maxilar de Grayson se apertou. "Eu não te deixei para morrer," ele disse. "Eu te deixei para te proteger. Há coisas que você não entende, Mabel. Perigos que você nem pode imaginar. Eu tive que fazer o que fiz para te manter segura."

Eu o encarei, meu coração batendo forte no peito. Eu não sabia no que acreditar. Grayson tinha sido meu mentor, meu amigo, mas agora eu não tinha certeza se podia confiar nele. Mas, no fundo, eu sabia que precisava dele. Precisava da sua ajuda para ficar mais forte, para aprender a me defender contra os vampiros e outras criaturas que espreitavam nas sombras.

"Ok," eu disse finalmente. "Eu vou confiar em você. Mas você tem que me prometer uma coisa."

"O que é?" Grayson perguntou.

"Que você nunca mais vai me deixar. Não importa o que aconteça."

Grayson assentiu, sua expressão séria. "Eu prometo," ele disse. "Não vou te deixar de novo."

Nos meses seguintes, Grayson me treinou mais intensamente do que nunca. Trabalhamos na minha velocidade, minha força e meus reflexos, e eu podia sentir que estava ficando mais forte a cada dia que passava.

Mas quanto mais eu treinava, mais começava a perceber que havia algo estranho em Grayson. Ele desaparecia por dias a fio, e quando voltava, parecia mais distante e frio do que nunca.

Um dia, enquanto estávamos lutando, notei que ele estava se segurando. Ele não estava me atacando com a mesma ferocidade de antes, e eu sabia que algo estava errado.

"Grayson, o que está acontecendo?" perguntei, ofegante. "Por que você não está lutando comigo?"

Ele hesitou por um momento antes de responder.

"Eu não posso mais fazer isso, Mabel," ele disse.

"Eu não posso te treinar. Eu não sou a pessoa certa para o trabalho."

"O que você está falando?" exigi, meu coração afundando.

"Eu vou embora," Grayson disse.

"Eu preciso ir embora por um tempo. Há coisas que eu preciso fazer, coisas que eu preciso descobrir."

Senti um pânico crescendo no meu peito. Grayson era minha única esperança, minha única chance de sobrevivência no mundo sobrenatural. Se ele me deixasse agora, eu não sabia o que aconteceria comigo.

"Mas e eu?" perguntei, minha voz tremendo.

"O que eu devo fazer?"

"Você vai descobrir," Grayson disse.

"Você é forte, Mabel. Você não precisa mais de mim."

E com isso, ele se afastou silenciosamente.

Por semanas, lutei para me virar sozinha. Tentei manter o treinamento que Grayson havia me ensinado, mas não era a mesma coisa sem ele para me pressionar. Uma noite, enquanto estava deitada sob as estrelas, percebi que não poderia ficar com a matilha para sempre. Eu tinha que encontrar uma maneira de seguir em frente, de começar uma nova vida para mim.

Mas como? A ideia de deixar a matilha era assustadora, e eu não sabia por onde começar.

Como se sentisse meu tumulto, Grayson se aproximou de mim no dia seguinte.

"Algo está te incomodando," ele disse, seus olhos penetrantes.

"O que é?" Hesitei, sem saber como expressar meus sentimentos.

Finalmente, falei. "Sinto falta da minha vida antiga," disse, minha voz mal acima de um sussurro.

"Sinto falta da minha família. Não sei como seguir em frente." Grayson assentiu compreensivamente.

"Eu sei como é perder tudo," ele disse.

"Mas você não pode viver no passado. Você tem que olhar para o futuro."

Suas palavras tocaram fundo em mim, e percebi que ele estava certo. Eu não podia continuar vivendo no passado. Tinha que encontrar uma maneira de seguir em frente. Com a orientação de Grayson, comecei a planejar minha saída da matilha. Sabia que não seria fácil, mas estava determinada a fazer uma nova vida para mim. À medida que o dia da minha partida se aproximava, a matilha ficou em silêncio. Eles sabiam que eu estava indo embora e estavam tristes em me ver partir. Mas também sabiam que era hora de eu seguir em frente.

No dia da minha partida, juntei minhas coisas e me despedi de cada membro da matilha. Grayson foi o último a se despedir, e ele apertou meu ombro com firmeza.

"Lembre-se do que eu te disse," ele falou, seus olhos brilhando.

"Olhe para o futuro."

"Sim, Grayson," respondi, com um sorriso no rosto.

Sentindo uma esperança que não sentia há muito tempo. Grayson era mais do que apenas um líder; ele era um mentor e um amigo. Ele me acolheu e me mostrou que a vida não era apenas sobre sobreviver, mas também sobre viver.

Enquanto viajava pela vasta natureza selvagem, encontrei outras criaturas pelo caminho. Algumas eram amigáveis e curiosas, enquanto outras eram agressivas e territoriais. Aprendi a ler a linguagem corporal delas e a adaptar meu comportamento de acordo.

Também observei os ritmos naturais da terra, a maneira como as estações mudavam e os ciclos da lua. Era como se eu fosse parte do ambiente, vivendo e respirando junto com os animais e plantas.

Apesar da minha existência isolada, havia momentos em que ansiava por companhia. Desejava me conectar com outros como eu, encontrar uma matilha que eu pudesse chamar de minha. Mas toda vez que encontrava um grupo de lobos, eu me segurava. Estava sozinha há tanto tempo que a ideia de me juntar a uma matilha parecia estranha para mim.

Será que eles me aceitariam? Poderia confiar neles?

Essas eram perguntas que eu não conseguia responder, e assim continuei no meu caminho solitário.

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