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Capítulo 7: O Ato Final

O quarto de Leonardo estava silencioso, e ele estava deitado na cama, olhando fixamente para o teto. Quando Angela entrou, ele se incomodou com a presença dela.

"Por que você voltou?" ele gemeu. "Está tentando me provocar? Seu perfume está me deixando louco."

"Não tenho intenção de te aborrecer, senhor," Angela o tranquilizou. "Voltei por alguns motivos. Primeiro, para garantir que você está comendo e para te agradecer por isso. Segundo, você tem algumas visitas esperando para te ver."

"Mande-os embora," Leonardo resmungou. "Você deveria saber o que eu quero." Ele tossiu.

"Talvez você devesse tomar um xarope para a tosse," Angela sugeriu, entregando-lhe o frasco. "E sua ex-namorada, a senhorita Lara Chavez, está aqui de novo."

"Terminamos," Leonardo afirmou friamente.

"Sinto muito por ouvir isso," Angela disse sem emoção. "Mas não é por isso que estou aqui. Eles estão aqui por causa das suas pinturas."

"Você está louca?" interrompeu Leonardo. "Já te disse que não quero mais ouvir falar das minhas pinturas."

"Por favor, não grite comigo," Angela disse calmamente. "Estou apenas fazendo o que me pediram. Sua mãe tem total autoridade para me delegar tarefas, e ela queria que eu te contasse sobre o plano deles."

"Que plano?" Leonardo perguntou, parecendo confuso.

"Não foi sua mãe que me mandou; é sua namorada e seu melhor amigo," Angela disse, com a voz carregada de acusação.

A resposta imediata de Leonardo foi mandá-la calar a boca, mas Angela persistiu. "Só então eu ficarei em silêncio quando você ouvir a intenção deles? Eles querem continuar exibindo suas pinturas!"

Leonardo permaneceu em silêncio, mas Angela continuou. "Você está planejando uma exposição de arte, não está?" ela disse, caminhando até a mesa dele e fixando o olhar nele. "E você está envolvido porque suas pinturas são o que eles planejam vender."

Leonardo estava ficando cada vez mais agitado. "Não estou interessado nos planos deles," ele retrucou.

"Mas sua arte é o que eles estão usando para ganhar dinheiro," Angela apontou. "Você não se importa com isso?"

"Eles são pessoas problemáticas," Leonardo murmurou, tentando encerrar a conversa.

Angela não se deu por vencida. "Quer que eu diga algo a eles?" ela perguntou, com um tom desafiador.

"Apenas diga que cabe a eles decidir o que fazer. Eu não me importo," Leonardo disse, sua frustração aumentando.

"Se é assim, dê a eles a chave do seu estúdio porque eles pretendem inspecioná-lo," Angela retrucou.

"Minha mãe tem a chave. Saia agora," Leonardo disse, sua voz fria e definitiva.

Depois de alguns momentos

"Abra a porta, Angela," Lara exigiu impacientemente enquanto estavam do lado de fora do estúdio de arte, que parecia uma casa abandonada que não tinha sido cuidada. Folhas secas estavam espalhadas, ervas daninhas cresciam ao redor, e a varanda estava desgastada. O estúdio tinha um telhado e estava localizado abaixo de um penhasco alto.

"Calma, Lara. Não incomode a Angela," Fredrick aconselhou, tentando aliviar a tensão.

Mas Lara não se acalmava facilmente. "Apenas abra a porta já!" ela retrucou.

Relutantemente, Angela abriu a porta do estúdio, e eles foram imediatamente atingidos pela visão de sujeira e desordem. "Meu Deus, o estúdio está imundo," Lara exclamou, horrorizada.

Latas de tinta estavam espalhadas, telas estavam no chão, e pincéis com tinta endurecida estavam em todos os cantos da sala. As cadeiras estavam cobertas por camadas grossas de poeira, e o estúdio parecia não ter sido usado há anos.

Angela podia imaginar Leonardo em um acesso de raiva, jogando e descartando suas tintas e telas em seu luto. "O que está acontecendo aqui?" ela perguntou, sua voz tingida de decepção.

"É porque Leonardo se revolta contra o mundo por ser cego," Fredrick explicou, tentando justificar o estado lamentável do estúdio.

Mas Lara havia avistado algo que chamou sua atenção. "Fredrick, os cavaletes com as telas estão logo ali," Lara exclamou enquanto corria para as telas cobertas. "Olha, Fredrick!" ela riu.

Os olhos de Fredrick se arregalaram de alegria. "Uau!" ele exclamou.

Lara continuou a rir. "Fredrick, é isso que estamos procurando. As pinturas de Leonardo!" ela exclamou, sua excitação superando qualquer decepção que eles tinham sentido antes.

Eles começaram a explorar o estúdio, puxando e reunindo todas as pinturas de Leonardo no centro do chão. Angela apenas os observava imóvel. Ela não gostava das expressões felizes deles. Tudo o que importava para eles eram as pinturas do mestre.

Lara estava dançando com Fredrick e balançando pela sala quando perceberam que Angela os observava. Todos se viraram para encará-la.

"Você pode ir agora," Lara disse, mudando abruptamente seu humor de alegre para sombrio e irritado.

Angela saiu do estúdio sem dizer uma palavra. Ela estava de mau humor naquele momento. Desprezava Lara Chavez desde que a viu saindo do quarto de Leonardo chorando. Detectou algo falso em seus movimentos. Ela estava interpretando um personagem.

Enquanto Angela caminhava para a cozinha, o rico aroma de café encheu o ar. Dona Vera estava sentada à mesa de jantar, tomando seu café sozinha.

"Como estão as coisas no estúdio?" Dona Vera perguntou.

"Eles encontraram o que estavam procurando, Dona Vera," Angela respondeu. "E eles estão-"

"O quê, Angela?" Dona Vera interrompeu.

Angela hesitou. "Talvez eu devesse falar com o Sr. Vera. A senhora se importaria se eu deixasse isso com você?"

"Espere, Angela. Podemos conversar por um momento?" Os olhos de Dona Vera escureceram, e ficou claro que ela havia chorado. "Preciso de alguém para conversar."

"Claro, Dona Vera," Angela disse, sentando-se em frente à sua patroa. Os olhos de Dona Vera estavam fixos em sua xícara vazia, e Angela podia sentir a dor por trás deles. Mas sabia que não podia se envolver demais.

Depois de alguns momentos de silêncio, Dona Vera falou. "Não sei o que fazer com meu filho, Angela. Toda vez que o vejo, meu coração se parte por sua condição." Ela soluçou e continuou, "Leonardo é uma pessoa tão gentil e amorosa."

Angela sentiu um nó se formar em sua garganta, mas permaneceu em silêncio e ouviu enquanto Dona Vera desabafava. "Como mãe, eu deveria ter assumido mais responsabilidade por Leonardo, mas não consegui. Sabia que teria um ataque cardíaco se tentasse vigiá-lo constantemente. Então, Angela, estou implorando a você."

"O que é, Dona Vera?" Angela perguntou, sua preocupação crescendo.

"Por favor, ajude-me a tornar a vida do meu filho melhor. Ele é minha única fonte de alegria neste mundo, e se eu o perder, tudo será em vão." Dona Vera segurou a mão de Angela com força, suas próprias mãos frias e trêmulas.

Angela assentiu, "Farei o meu melhor, Dona Vera. Pode contar comigo." Seu coração batia com as mentiras que acabara de prometer.

O coração de Angela disparou enquanto lutava contra a vontade de fugir. Não tinha certeza do que estava sentindo, mas seu peito doía de dor.

"Angela, por favor, faça tudo o que puder para dar esperança a Leonardo. Por favor, por minha causa, ajude-o," Dona Vera implorou.

"Farei o meu melhor, Dona Vera," Angela disse, fazendo uma promessa que sabia que não poderia cumprir. Seu verdadeiro objetivo naquela casa era matar Leonardo.

"Obrigada," Dona Vera disse, soltando as mãos de Angela. "Cuide do meu filho."

"Sim, Dona Vera," Angela disse, saindo rapidamente da cozinha. Sentia-se como se estivesse flutuando, seus pés não tocando o chão. O peso da angústia da mãe de Leonardo parecia já tê-la consumido. Sabia que, se ficasse naquela casa por mais tempo, sua vida mudaria para sempre. Precisava reunir suas forças e pediu permissão suavemente para sair.

A mente de Angela corria enquanto ela estava do lado de fora do quarto do pai de Leonardo. Sabia o que tinha que fazer, e tinha que ser feito rapidamente. Localizou a chave escondida debaixo do vaso de flores falso e entrou no quarto. Encontrou a pistola na gaveta, exatamente como Leonardo havia instruído.

Suas mãos tremiam enquanto segurava a arma, e ela respirou fundo para se acalmar. "É hora dele morrer," sussurrou para si mesma.

Angela rapidamente fechou a gaveta e limpou as bordas para remover quaisquer impressões digitais. Já tinha visto filmes de suspense suficientes para saber que precisava não deixar rastros. Correu para o quarto de Leonardo e fechou a porta.

Leonardo estava sentado na beira da cama, olhando para a janela fechada. "Onde está?" ele murmurou, sem se virar para encará-la.

Angela sabia o que ele queria dizer e permaneceu imóvel. Lentamente, tirou a pistola da cintura, e Leonardo finalmente se virou em sua direção. "Tenho certeza de que você é, Angela," ele disse calmamente. "Agora, me dê a arma."

Mas Angela não se mexeu. "Não tenha pressa," ela disse friamente, seus olhos fixos em Leonardo.

"Você sabia que a pintura foi meu primeiro amor?" ele perguntou, rangendo os dentes. "Eu estava feliz no começo, mas isso foi interrompido por uma mulher estúpida. Foi por isso que Fredrick e eu sofremos um acidente de moto." Sua voz tremia de raiva.

"Você e seu melhor amigo estavam nesse acidente?"

"Sim, e eu sou o que piorou e ficou cego," Leonardo soluçou. "Sou inútil agora," ele disse, apertando a mandíbula. "Não consigo mais pintar. Neste mundo, sou um ocioso, então... me dê a pistola agora."

Angela jogou abruptamente a pistola na cama. "OK, se mate," ela disse, sua voz não era mais a sua. Sua garganta doía de segurar a raiva e as lágrimas.

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