




Capítulo 4: Dias antes da tragédia
Eram 3:00 da manhã do dia 10 de dezembro de 1980, e o Parque da Esperança estava deserto, exceto por uma mulher de vestido vermelho que chorava ao telefone. "Não, Esper, por favor, não faça isso," ela implorava. O medo estava estampado em seu rosto enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas.
Do outro lado da linha, uma voz de mulher desesperada chorava e gritava, "Eu quero morrer! A vida não tem sentido sem ele!"
A mulher de vermelho tentou consolar sua irmã mais nova. "Não é o fim do mundo," ela tremia, sua visão embaçada pelas lágrimas. "Você pode encontrar alguém que realmente te ame. Por favor, não faça isso."
"Por favor, volte para casa, Angela," sua irmã disse com uma voz quase hipnótica.
"Estou voltando para casa," Angela prometeu, batendo no bolso onde estava sua passagem de avião. "Aguente firme, querida. Estarei aí em alguns dias."
Mas então a voz de sua irmã soltou um grito agudo que se transformou em um silêncio mortal.
Angela ficou paralisada, sua mão ainda segurando o telefone. Ela sabia naquele momento que sua amada irmã se foi, e ela estava impotente para fazer qualquer coisa do outro lado do mundo.
Eram 3:00 da manhã do dia 10 de dezembro de 1981, e uma mulher vestida de preto estava diante de um túmulo no Cemitério Celestial, seus olhos fixos na lápide. O nome gravado nela era Esper Brinson, uma memória que a assombrava.
Enquanto muitas mulheres acreditavam que o amor era a vida, Angela acreditava que o amor podia matar. Em sua bolsa havia uma pequena pistola calibre .45 com um carregador de 8 balas. Ela também carregava uma fotografia de um homem bonito que uma vez sorriu para ela: Leonardo Vera. "Você vai morrer em breve," ela sussurrou para a foto antes de colocá-la em cima do nicho.
Enquanto pensamentos corriam por sua cabeça, Angela sabia que hoje, em seu último dia de liberdade, ela mataria um homem. Um homem que pensava que o dinheiro poderia salvá-lo da morte. O "Dia do Julgamento" havia chegado, e ela trocaria a vida de um bilionário pela vida de sua irmã mais nova.
"Nós só temos uma vida," Angela pensou enquanto se afastava do túmulo. "E eu farei a minha valer a pena."
Dias Atuais
4:00 p.m.
"Que bom ouvir isso," disse a Sra. Vera. "Eu queria saber como você está se saindo com meu filho. Sei que ele pode ser difícil às vezes, mas ele é um bom homem no fundo. Espero que ele não tenha te dado muito trabalho."
Angela forçou um sorriso e respondeu, "Não, Sra. Vera, ele não tem dado muito trabalho. Eu entendo que ele está passando por um momento difícil, e estou aqui para ajudá-lo no que for preciso."
"Isso é muito gentil da sua parte," disse a Sra. Vera. "Se precisar de qualquer coisa, não hesite em pedir. Quero que você se sinta em casa aqui."
"Obrigada, Sra. Vera, eu aprecio isso," disse Angela.
"Fico feliz em saber que ele terminou a refeição," disse a Sra. Vera. "Leo pode ser exigente às vezes, mas ele precisa comer bem para manter a força."
Angela assentiu em concordância. "Sim, eu entendo. Vou garantir que ele coma direito."
"Eu agradeço por isso," disse a Sra. Vera. "A saúde de Leo é muito importante para mim. Ele passou por muita coisa, e quero que ele melhore logo."
Angela não pôde evitar sentir uma pontada de culpa enquanto a Sra. Vera falava. Ela sabia que estava planejando fazer Leonardo sofrer, e as palavras da Sra. Vera a lembravam do ser humano que ela estava prestes a machucar. Mas rapidamente afastou esses pensamentos. Não podia deixar suas emoções atrapalharem seu plano. Tinha que se manter focada e cumprir sua missão.
"Precisa de mais alguma coisa, Sra. Vera?" Angela perguntou, tentando soar o mais educada e profissional possível.
"Não, é só isso," disse a Sra. Vera. "Apenas cuide bem do Leo, ok? Ele é um bom homem, apesar de suas falhas."
"Eu vou, Sra. Vera," disse Angela, forçando um sorriso.
Quando a Sra. Vera saiu da sala, Angela não pôde evitar sentir uma sensação de pavor tomar conta dela. Ela sabia que o que estava prestes a fazer era errado, mas não podia desistir agora. Tinha que ver seu plano até o fim. A imagem do rosto de sua irmã, machucado e ferido, alimentava seu desejo de vingança. Ela faria Leonardo pagar, não importava o custo.
Angela sentiu uma profunda sensação de tristeza e raiva enquanto olhava para a foto de sua irmã. Não conseguia entender por que Esper tinha se apaixonado por um homem como Leonardo. Apesar de sua cegueira, ele ainda conseguia ser cruel e dominador. Angela não conseguia entender por que Esper tinha ficado com ele, e por que tinha suportado seus abusos.
Enquanto olhava para a foto, Angela fez uma promessa silenciosa de vingar a morte de sua irmã. Ela faria Leonardo pagar pelo que ele tinha feito, não importava o que fosse necessário. Sabia que tinha que ser cuidadosa e paciente, mas estava determinada a ver seu plano até o fim.
"Eu prometo, Esper, eu vou fazê-lo sofrer," Angela disse, sua voz cheia de determinação. "Eu não vou descansar até que a justiça seja feita."
Com isso, ela cuidadosamente colocou a foto de Esper de volta no criado-mudo e sentou-se na cama, perdida em pensamentos. Ela sabia que o caminho à frente seria difícil, mas estava preparada para enfrentar qualquer desafio que surgisse. Pelo bem de Esper, ela não mediria esforços para garantir que a justiça fosse feita.
Os pensamentos de Angela foram interrompidos por uma batida na porta. Era a Sra. Gale sorrindo quando ela abriu. E ela notou a foto no criado-mudo. "E quem é essa moça adorável na foto?"
"Ela é minha irmã mais nova," disse ela solenemente.
"É mesmo? Sabe, vocês têm os mesmos olhos. Onde ela está agora?" perguntou a Sra. Gale.
"Ela morreu há alguns anos," Angela disse casualmente, tentando esconder a dor por dentro.
"Oh, meu Deus, sinto muito. Eu não deveria ter perguntado isso."
"Está tudo bem, não há nada que possamos fazer sobre isso. Ela se foi agora," disse Angela, acrescentando, "Mas ainda sinto falta dela. Ela era uma ótima companhia, sempre animada. Não havia tempo para tédio com ela, é isso que sinto falta."
A Sra. Gale continuou, "De qualquer forma, é isso que a vida é. A morte não pode ser evitada; ela vem quando é nossa hora, e a dolorosa realidade é que às vezes alguém nos deixa primeiro."
"Se eu pudesse escolher quando morrer, escolheria morrer antes da minha família amada; é muito doloroso assistir à morte," ela disse com os dentes cerrados.
"De qualquer forma, a comida está pronta para você na cozinha," a Sra. Gale então saiu do quarto.
Angela ficou aliviada por não ter que lidar com a raiva de Leonardo naquela noite. Ela colocou a foto de Esper de volta na mala e foi para a cozinha. O aroma da comida fez seu estômago roncar. A Sra. Gale já havia preparado a mesa, e havia um prato de espaguete com almôndegas, junto com um pão e uma garrafa de vinho tinto.
"Por favor, sente-se," disse a Sra. Gale enquanto servia o vinho em dois copos. "Espero que goste de espaguete com almôndegas. É minha especialidade."
"Obrigada, Sra. Gale. Está com um cheiro delicioso," disse Angela enquanto se sentava.
Elas comeram em silêncio por alguns minutos, apreciando a comida. "Então, Angela, me conte mais sobre você," disse a Sra. Gale, quebrando o silêncio.
Angela hesitou no início, mas decidiu compartilhar um pouco sobre si mesma. Ela falou sobre sua infância e como se tornou enfermeira. Também mencionou sua irmã e o quanto sentia falta dela.
"Sinto muito por sua irmã. Perder um ente querido nunca é fácil," disse a Sra. Gale, sua voz cheia de simpatia.
Angela apreciou a empatia da Sra. Gale e se sentiu um pouco mais confortável ao seu redor. Ela esperava que o relacionamento delas continuasse a melhorar, mesmo estando ali para vingar a morte de sua irmã.
Uma manhã fria saudou Angela quando ela saiu do quarto, enrolada em um moletom pesado. Apesar de ter tomado um banho quente mais cedo, ainda sentia o frio nos ossos. Entrando na sala de estar vazia, o aroma tentador de café fresco vindo da cozinha aberta a animou, apenas para ser interrompida pelo toque do telefone.
A Sra. Gale entrou e disse com uma voz preocupada, "Por favor, atenda o telefone, Angela. Pode ser o médico de Leonardo ligando."
Quando Angela atendeu o telefone, uma voz exigente de uma mulher do outro lado da linha disse, "Quero falar com Leonardo. Conecte a linha para ele."
Educada, mas hesitante, Angela respondeu, "Vou tentar, senhorita. Posso saber quem está ligando, por favor?"
A voz do outro lado exigiu, "Quem é você?"
"Sou a nova enfermeira do Sr. Vera, Angela."
"Ok, Angela, conecte-me ao quarto de Leonardo," Lara exigiu.
Angela hesitou, "Devo pedir o número do ramal do quarto dele."
A Sra. Gale interveio, "O ramal de Leonardo é o número três."
No quarto de Leonardo, o toque incessante do telefone o acordou, e ele gritou, "Quem diabos está ligando! Sra. Gale! Desligue o telefone! Sra. Gale!"
Angela entrou no quarto, "Sr. Vera, por que está fazendo tanto barulho tão cedo?"
"Silencie o toque; não quero ouvir o telefone tocando. Faça parar!" Leonardo vociferou.
"Não vai parar se você não atender. É sua namorada na linha. Ela quer falar com você," Angela explicou.
"Silencie o telefone e jogue-o fora!" Leonardo estava furioso.
"Tenho que atender," disse Angela enquanto pegava o telefone e atendia.
"Passe o telefone para Leonardo," Lara exigiu do outro lado da linha.
Angela entregou o telefone a Leonardo, mas ele não respondeu nem se moveu.
"Desligue e nunca mais atenda esse telefone," Leonardo rosnou.
"Sinto muito, senhorita, mas o Sr. Vera não quer falar com você," Angela disse enquanto desligava o telefone e permanecia onde estava, a tensão palpável no quarto.