




Capítulo 3: Eu vou cantar para você
Lara Chavez bateu na porta, seus punhos ressoando contra a madeira. O som ecoou pela mansão Vera, chamando a atenção de Angela e da Sra. Gale, que estavam conversando do lado de fora.
Quando entraram na sala de estar, Angela notou um homem sorrindo para ela. "Este é Frederick Milldam, o melhor amigo de Leonardo," apresentou a Sra. Gale. "Prazer em conhecê-lo, senhor," Angela o cumprimentou calorosamente.
"Por favor, me chame de Frex," disse Frederick com um sorriso amigável. "Você é a nova enfermeira do Leo? Viemos vê-lo."
Angela não pôde deixar de se sentir atraída pelo charme juvenil de Frederick. Seu cabelo encaracolado estava despenteado como se ele fosse uma estrela do rock em ascensão, e seus olhos escuros a lembravam de sua irmã Esper. Seu comportamento descontraído a deixou à vontade.
Os gritos furiosos de Leonardo continuavam a reverberar pela mansão. "Saiam! Eu não quero visitas!"
De repente, uma porta bateu, e passos ecoaram em direção a eles. Uma mulher bonita de pernas longas apareceu, seu rosto contorcido em soluços. Era Lara Chavez, a namorada de Leonardo. Ela chorava enquanto reclamava do comportamento frio de Leonardo para com ela.
Frederick deu um passo à frente para confortá-la. "Vamos sair e pegar um pouco de ar fresco," ele sugeriu, levando-a para fora da atmosfera tensa da mansão.
Enquanto eles saíam, a Sra. Gale falou. "Lara é uma modelo bem conhecida na cidade, e ela está profundamente apaixonada por Leonardo." Suas palavras deixaram Angela desconfortável.
Esper, pelo que Angela podia ver, não era páreo para Lara. A pele impecável de Lara e sua roupa cara sugeriam um fundo rico. Sua postura régia e movimentos graciosos só aumentavam sua presença impressionante. Em contraste, Esper vinha de uma família pobre e era tão modesta quanto Angela.
A Sra. Gale continuou sua descrição de Lara. "Ela foi a namorada mais recente de Leonardo antes do acidente."
Curiosa, Angela perguntou, "O que você acha que fez a Srta. Chavez chorar ao sair do quarto do Sr. Vera?"
"Bem," respondeu a Sra. Gale, "o Leonardo de hoje não é o mesmo homem que ele era antes do acidente."
"Eu ouvi a voz de Lara mais cedo, Alicia," disse a Sra. Vera, aparecendo de seu quarto. "Onde ela está agora?"
"Frederick a levou para fora, Sra. Vera," respondeu Alicia.
"Por favor, prepare o almoço," instruiu a Sra. Vera, antes de sair para se juntar aos visitantes. Angela permaneceu na sala de estar. Ela sentiu a tristeza da Sra. Vera e sentiu pena dela.
Sem ter o que fazer e sem som vindo do quarto de Leonardo, Angela foi até a porta principal e a deixou entreaberta. Ela ouviu a conversa deles do lado de fora, e a voz de Lara se destacou.
"Ela me afastou, Sra. Vera," soluçou Lara. Eles estavam sentados em um balanço no jardim, com Frederick e a Sra. Vera tentando confortá-la.
"Isso não vai durar para sempre, Lara," a Sra. Vera a tranquilizou. "Não leve isso tão a sério. Leonardo vai voltar a si eventualmente."
"Mas ele terminou comigo, Sra. Vera. Ele não queria me ver," Lara continuou a chorar.
Angela observava tudo o que acontecia na casa, silenciosamente tomando nota de todos os associados a Leonardo. Ela não pôde deixar de se perguntar se Lara tinha algo a ver com a morte de Esper.
"Angela, é hora do almoço de Leonardo," disse a Sra. Gale ao se aproximar da cozinha.
Angela pegou a bandeja de comida e se dirigiu ao quarto de Leonardo, lembrando-se do aviso da Sra. Gale sobre suas tendências suicidas. Ela se certificou de não dar a ele nada afiado que ele pudesse usar para se machucar.
Quando ela empurrou a porta, a audição aguçada de Leonardo captou sua presença, e ele jogou algo nela.
"Eu disse para sumir!" gritou Leonardo, com a raiva evidente em sua voz.
Quando o objeto voou em sua direção, Angela deu um passo para trás, fazendo a bandeja de comida escorregar de suas mãos. "Olha o que você fez!" ela exclamou, olhando a bagunça no chão. "Toda a comida foi derramada!"
"Fui claro? Eu não preciso de uma enfermeira, então suma!" Leonardo latiu.
"Desculpe, Sr. Vera, mas não há nada que você possa fazer para me afastar do meu trabalho," Angela respondeu firmemente. "Eu não me importo se você gosta de mim ou não. E não dou a mínima se você quer me machucar!"
"Você é uma mulher estúpida, teimosa e malvada!" gritou Leonardo enquanto se levantava.
"Não, Sr. Vera, você é o malvado," retrucou Angela. "Apenas ouça a si mesmo, e você perceberá o tipo de pessoa que você é."
"Vá para o inferno!" Leonardo gritou.
"Você que vá para o inferno!" Angela gritou de volta enquanto começava a limpar a bagunça no chão, tomando cuidado para evitar os cacos de vidro.
"O que diabos é isso?" ele exclamou, dando um passo para trás ao notar seu pé sangrando.
"Bem, Sr. Malvado, agora você tem o que queria. Seu pé está sangrando, e você precisa de mim para limpá-lo," Angela comentou sarcasticamente.
"É toda sua culpa! Você está tão boa quanto morta!" ele fervia de raiva.
"Não, não estou. Entre nós dois, eu tenho mais chances de sobreviver do que você," Angela retrucou. Enquanto se ajoelhava para examinar o ferimento dele, de repente sentiu a mão dele agarrar firmemente seu cabelo, fazendo-a gritar de dor.
"Agora eu te peguei, Srta. Irritante," ele disse, torcendo os dedos pelo cabelo dela. "Você acha que eu não posso te machucar?"
"Solte meu cabelo, seu desgraçado!" Angela lutava, "Qual é o seu problema? Você é louco?"
"Vou te ensinar uma lição! Não tenho respeito por uma mulher estúpida como você!" Leonardo rosnou enquanto apertava o cabelo de Angela.
A Sra. Gale correu para o quarto e rapidamente interveio. "Leonardo, solte o cabelo de Angela!" ela exigiu, tirando os dedos dele do cabelo dela.
Assim que Angela ficou livre, ela empurrou Leonardo com força, fazendo-o tropeçar e cair no chão. "Você é um completo idiota, Leonardo! A maneira como você fala e me trata é desprezível," ela bufou, sentindo vontade de dar um tapa nele.
"Eu já disse a todos, eu não preciso de uma enfermeira! Tire essa idiota daqui!" Leonardo gritou.
"Você é quem está sendo um babaca," Angela retrucou. "Eu não vou embora."
"Por favor, parem os dois," implorou a Sra. Gale. "Isso está saindo do controle. Vocês dois podem acabar se machucando."
"Não se preocupe, Sra. Gale. Ainda não é hora de executar esse idiota," Angela rosnou.
"Essa enfermeira é a mais bárbara de todas que contratamos," Leonardo reclamou.
"Você é o bárbaro, não eu!" Angela retrucou. "Você foi quem começou essa briga."
"Quem é você? Quer brigar?" Leonardo gritou com raiva.
"Você é quem estava procurando briga," Angela retrucou. "Eu só estou aqui para te alimentar, mas olha o que você fez. Espalhou sua comida por todo o chão. Sra. Gale, por favor, traga outra bandeja de comida aqui."
Poucos minutos depois, a Sra. Gale voltou com uma nova bandeja de comida. Angela entrou no quarto e a estendeu para Leonardo. "Você precisa comer," ela exigiu firmemente, esperando dissipar a tensão.
Leonardo fez uma careta de dor e tentou mover o pé sangrando, mas Angela gentilmente o empurrou de volta para a cama. "Por favor, Leonardo, você precisa descansar e se cuidar," ela disse, seu tom firme mas gentil.
Leonardo a olhou com raiva, sua frustração transbordando. "Você sabe o que está fazendo?" ele resmungou. "Você é só uma enfermeira. Não pode mandar em mim."
Angela levantou uma sobrancelha, sem se impressionar. "Eu entendo que você está com dor e se sentindo frustrado, Leonardo. Mas como sua enfermeira, é minha responsabilidade garantir que você coma e tome seus remédios. Sua saúde é minha prioridade, e eu não vou deixar você negligenciá-la."
Leonardo olhou feio para Angela. "Você não entende, entende? Eu dou as ordens aqui," ele rosnou.
Angela balançou a cabeça, impassível. "Desculpe, Leonardo, mas sua mãe me contratou para cuidar de você. E isso significa que sou responsável por garantir que você coma e tome seus remédios."
Leonardo cruzou os braços teimosamente. "Bem, eu não vou fazer isso," ele disse desafiadoramente.
Angela suspirou, sentindo-se frustrada. Mas então teve uma ideia. "Ok, que tal isso?" ela disse, começando a cantar. "Eu sou um bule, curto e grosso..."
Leonardo revirou os olhos, sem se impressionar. "O que você está fazendo?" ele perguntou.
"Apenas tentando aliviar o clima," Angela disse, ainda cantando. "Aqui está minha alça, aqui está meu bico..."
Leonardo gemeu, cobrindo os ouvidos. "Por favor, pare," ele implorou.
Mas Angela continuou cantando, sua voz ficando mais alta e mais desafinada a cada momento que passava. Leonardo sentiu que ia enlouquecer.
"Tá bom! Eu vou comer, só cale a boca!" ele finalmente cedeu.
Angela sorriu triunfante e entregou a bandeja de comida a ele. "Excelente," ela disse. "E para constar, eu acho que tenho uma voz de canto adorável." Leonardo não pôde deixar de revirar os olhos novamente, mas pelo menos ele estava comendo.