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Capítulo 11: A varanda

"O que você disse?" Leonardo exclamou, incrédulo.

"A mulher que você atropelou na rua não está mais viva," Angela repetiu, com a voz sem emoção.

"Eu não atropelei aquela garota; ela estava correndo e eu a atingi; foi um acidente!" Leonardo se defendeu.

Angela sentiu a gravidade da situação enquanto resmungava, "Alguém a matou. Alguém no carro preto a matou."

Leonardo não conseguia acreditar na notícia. "Você está falando a verdade?" ele perguntou, com a voz tingida de desespero.

"Sim, e quem quer que sejam essas pessoas... qualquer que tenha sido a motivação para matá-la... eles vão pagar o preço; o karma é real, e eles vão sofrer como a garota sofreu," Angela disse, ofegante.

Ela se desculpou e saiu para tomar um pouco de ar fresco. Enquanto se encostava na parede, se perguntava por que não conseguia contar a Leonardo sobre Esper. A voz da Sra. Vera interrompeu seus pensamentos.

"Você está pálida. O que aconteceu?" perguntou a Sra. Vera.

"Oh, nada, Sra. Vera," Angela tentou esconder sua ansiedade.

"Como ele está?" perguntou a Sra. Vera.

"Ele ainda está um pouco teimoso e cabeça-dura, mas eu fico de olho nele porque a mente dele pode mudar de novo; você sabe o que acontece quando uma pessoa está deprimida, qualquer coisa pode passar pela cabeça," Angela respondeu.

"Obrigada, Angela, por realmente entender meu filho," disse a Sra. Vera, agradecida.

"Eu faço esse trabalho, Sra. Vera, e vou fazer de tudo para deixar meu paciente feliz. Com licença, preciso pegar o café dele," Angela disse, ansiosa para sair da conversa.

Mas a Sra. Vera não tinha terminado ainda. "Espere, Angela," ela disse, olhando para ela com os olhos marejados. "Vou te oferecer uma recompensa para trazer meu bom filho de volta ao que era antes."

"Não preciso de recompensa para fazer meu trabalho, Sra. Vera. E se não se importa, preciso pegar uma xícara de café para seu filho," Angela disse firmemente antes de se afastar.

Leonardo recebeu alta do hospital logo depois, mas Angela sabia que os eventos do acidente ainda o assombravam. Ela decidiu ficar de olho nele para garantir que ele não caísse em depressão novamente.

Alguns dias depois, o telefone tocou novamente na sala de estar, quebrando o silêncio da manhã. Angela, a única por perto, atendeu hesitante. Uma voz familiar a cumprimentou do outro lado - era Frederick, o rico colecionador que a havia contratado para cuidar de Leonardo Vera e de sua propriedade.

"Como está a pintura, Angela?" A voz de Frederick era urgente. "Você tem alguma ideia de onde está a Dama Chorosa?"

"Eu não a vi, Sr. Frederick," Angela respondeu, tentando esconder a preocupação em sua voz. "Tenho certeza de que está escondida, se estiver aqui na casa."

"Você tem que encontrá-la," Frederick insistiu, seu tom se tornando mais firme. "Nosso acordo depende disso."

Angela suspirou, o peso da situação recaindo sobre ela. "Não esqueci disso, Sr. Frederick; se eu encontrar essa pintura, ligarei para o senhor imediatamente."

Horas depois, quando a noite caiu sobre a propriedade, Angela preparou um jantar cedo para Leonardo Vera. Mas, apesar de seus esforços, a atmosfera na sala estava carregada com uma tensão não dita. Leonardo estava sentado na beira da cama, olhando para a parede com uma expressão assombrada.

"O que está pensando, Sr. Vera?" Angela perguntou gentilmente.

Leonardo permaneceu em silêncio por um momento antes de finalmente responder. "Você acredita em fantasmas?"

Angela ficou surpresa com a pergunta repentina. "Eu... não sei, senhor. Por que pergunta?"

"Eu continuo vendo ela," Leonardo murmurou, com os olhos desfocados. "A Dama Chorosa. Ela está sempre me observando, me seguindo. Eu sinto a presença dela neste quarto."

O coração de Angela afundou ao perceber a extensão total das ilusões de Leonardo. Ela tentou distraí-lo com sua comida favorita, mas nem isso conseguiu aliviar o clima. Leonardo comeu seu frango com os dedos, mal percebendo o sabor, e pediu outra xícara de café antes de adormecer abruptamente.

Enquanto Angela sentava no chão, vigiando seu paciente perturbado, não conseguia deixar de sentir uma sensação de inquietação. A Dama Chorosa - quem quer que fosse ou o que quer que fosse - parecia estar assombrando a propriedade, e ela não conseguia se livrar da sensação de que todos estavam em grande perigo.

A expressão cansada de Leonardo chamou a atenção de Angela enquanto ela estava sentada ao lado de sua cama. Ela não podia deixar de se sentir conflituosa sobre a situação com ele. Sua raiva por ele ainda estava presente, mas havia se transformado em um tipo diferente de frustração até que ela adormeceu.

De repente, um tapa forte despertou Angela. "Acorde, Angela!" a voz de Lara Chavez ecoou.

Angela ficou surpresa ao ver Lara de pé no quarto. "Eu estava apenas descansando no chão, Lara," Angela explicou enquanto se virava e percebia que já era de manhã.

O tom de Lara ficou mais alto. "Por que você está dormindo no quarto de Leonardo?"

Angela se sentiu desconfortável sob o olhar acusador de Lara. "Sou a enfermeira dele, e preciso garantir que ele não tenha acesso a nada que possa machucá-lo."

"Como você pode fazer isso dormindo?" Lara retrucou.

"Estou por perto, e vou acordar se algo acontecer," Angela argumentou.

Lara não estava convencida. "Saia daqui! Eu vou assumir a partir de agora."

Leonardo acordou. "Está tudo bem, Angela. Lara pode assumir hoje."

Angela sentiu uma pontada de dor e raiva com a aceitação repentina de Lara por parte de Leonardo. Ele a havia afastado antes, e agora estava permitindo que Lara assumisse. Apesar do frio da manhã, o rosto de Angela ficou quente de frustração.

"Tudo bem, eu vou sair," Angela disse, tentando manter o tom calmo enquanto saía do quarto. "Não precisa gritar."

Ao sair, Angela não pôde deixar de se perguntar por que Leonardo foi tão rápido em receber Lara de volta em sua vida. Era frustrante, mas Angela sabia que precisava manter a calma e permanecer profissional.

Quando Angela saiu do quarto de Leonardo, a Sra. Gale se aproximou dela. "Lara te expulsou?" ela perguntou.

Angela assentiu. "Sim, ela insistiu em cuidar de Leonardo hoje."

A Sra. Gale suspirou. "Ela vai ter que se esforçar mais para fazer seu trabalho como esposa de Leonardo."

Os ouvidos de Angela se aguçaram ao ouvir sobre o status do relacionamento deles. "Espere, eles são casados?"

"Ainda não, mas planejam se casar," confirmou a Sra. Gale. "Lara até entrou em contato com a organizadora do casamento antes do acidente."

Angela ficou surpresa. Ela não tinha percebido a extensão do relacionamento de Leonardo e Lara. Tentando mudar de assunto, ela comentou: "Esta é uma casa bonita."

"É, mas também é a casa mais triste," disse a Sra. Gale com um toque de melancolia.

Angela levantou uma sobrancelha. "O que você quer dizer?"

"Antes de Leonardo ficar cego, esta casa costumava dar festas toda semana. Mas depois do acidente, o clima mudou," explicou a Sra. Gale. "E eu esqueci de te avisar, nunca pise na varanda dos fundos do estúdio."

"Por que não?" Angela perguntou, confusa.

A Sra. Gale hesitou. "Apenas confie em mim, quanto menos você souber, melhor."

Com isso, a Sra. Gale se retirou para dentro da casa, deixando Angela com perguntas sem resposta e uma sensação de inquietação.

Angela olhou para seu relógio de pulso. Eram 6 da manhã, e ela tinha tempo suficiente para explorar a varanda mencionada pela Sra. Gale. Ela fez seu caminho até os fundos da mansão, através da densa floresta, até chegar ao estúdio. Ao se aproximar da varanda, ela notou um balaústre quebrado que havia sido deliberadamente partido ao meio, o que lhe causou arrepios.

Ela empurrou cautelosamente a porta trancada que levava à varanda e subiu os degraus, segurando firmemente o corrimão. A varanda circundava a parte de trás do estúdio, oferecendo uma vista deslumbrante da cidade abaixo.

De repente, Angela ouviu um sussurro fraco, como se alguém estivesse tentando se comunicar com ela. Ela se esforçou para ouvir, mas não conseguiu distinguir nenhuma palavra. "Talvez seja o vento," pensou. Nesse momento, a voz da Sra. Vera quebrou o silêncio assustador. "Saia daí, Angela!" ela gritou em pânico.

Angela ficou surpresa com o súbito grito e rapidamente se afastou da varanda. "Desculpe, eu estava apenas curiosa," ela gaguejou, tentando explicar.

A expressão da Sra. Vera suavizou um pouco. "Essa varanda é proibida, Angela," ela disse, com a voz trêmula. "Prometa-me que não voltará lá novamente."

"Eu prometo," Angela respondeu, sentindo uma sensação de inquietação se instalar sobre ela.

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