




O décimo oitavo aniversário
“Crystal-- Crystal--- CRYSTAL!” Crystal voltou ao planeta Terra depois de ser empurrada por sua amiga Stacy, que a olhava com o nariz evidentemente franzido de irritação.
“O quê?” ela perguntou, desinteressada. Stacy suspirou e balançou a cabeça.
“Eu já te chamei umas cem vezes e você está perdida nesses oceanos,” disse Stacy, indicando os olhos azul-água de Crystal, que riu. Achava engraçado que Stacy sempre mencionasse como seus olhos lembravam o vasto oceano, enquanto, ao contrário, sempre via fogo em seus olhos quando se olhava no espelho.
“Desculpa, minha mente estava em outro lugar. Tenho estado muito cansada esses últimos dias,” Crystal se desculpou e Stacy fez um beicinho, sentando-se ao lado de Crystal, já que tinha se levantado irritada por ser ignorada pela amiga.
“Odeio como você está sempre tão ocupada e cansada. Você ajuda no negócio dos seus pais, ajuda as senhoras idosas com a agricultura e a colheita, brinca com as crianças e cuida delas, e ainda cuida dos animais feridos que têm medo das pessoas. É bom que você esteja sempre ajudando, mas às vezes parece que você não tira um tempo para si mesma.” Crystal apenas sorria constantemente para sua amiga, pois não era a primeira vez que ela demonstrava essas preocupações.
“Não se preocupe, você sabe que eu gosto do que faço. Nada disso é sem sentido para mim.” Stacy revirou os olhos com a mesma frase que sempre ouvia.
“Sim, blá, blá. Enfim,” a melhor amiga de Crystal, Stacy, fez uma pausa, procurando as palavras certas. “Eu queria dizer que seu aniversário de dezoito anos é daqui a dois dias. Quais são seus planos? E, por favor, não me diga que você vai para a floresta procurar animais feridos de novo.” O medo evidente no rosto de Stacy era impossível de ignorar. Ela tinha uma fobia enorme de animais e nunca se oferecia para ajudar Crystal por esse motivo.
Crystal, por outro lado, se perdeu novamente naqueles oceanos ao se lembrar do que a criatura em seu sonho lhe disse. Ela disse que Crystal descobriria algumas verdades no seu aniversário, então isso significava que faltavam apenas dois dias para que toda aquela espera chegasse ao fim, tão facilmente?
Algo dentro dela dizia que talvez não fosse tão fácil quanto parecia.
“De novo!” Stacy empurrou Crystal mais uma vez e desta vez ela parecia apenas exausta, não apenas irritada.
“Não-- Não! Eu não estou planejando fazer isso. Na verdade, não pensei muito sobre isso, não pensei nisso de jeito nenhum.” Stacy beliscou a ponte do nariz e balançou a cabeça; sua amiga ainda ia matá-la de preocupação.
“Então deixa comigo. Vamos reunir todos os nossos amigos e festejar a noite toda.” Crystal imediatamente balançou a cabeça; ela tinha a sensação de que isso seria desastroso.
“De jeito nenhum, só venha para minha casa com a Sasha e o Eman. Vamos fazer alguns bolos e nos divertir sozinhas. Nada de drama.” Stacy revirou os olhos, mas concordou com a ideia, já que Crystal era a aniversariante.
...
Crystal caminhava sem rumo em direção à sua casa, sua mente ainda consumida pela criatura de seu sonho. As palavras ecoavam em sua mente, e ela não conseguia parar de repassar cada detalhe do encontro repetidamente junto com outros sonhos, tentando relacioná-los de alguma forma.
Enquanto caminhava, não conseguia se livrar da sensação de que havia algo mais nas palavras da criatura. E se a resposta que ela procurava estivesse bem na sua frente o tempo todo, e ela simplesmente não conseguisse ver? Ou pior, e se a resposta fosse apresentada a ela e ela não a reconhecesse pelo que era? Sua cabeça estava cheia de perguntas que pareciam não ter respostas.
Perdida em pensamentos, de repente ouviu um arbusto farfalhando ao seu lado, mais violentamente do que o vento poderia explicar. Ela se virou, seus sentidos em alerta máximo, e viu o arbusto balançando fortemente, como se algo estivesse deliberadamente tentando chamar sua atenção.
“Tem alguém aí?” ela chamou, tentando soar corajosa apesar do coração acelerado. O farfalhar parou abruptamente, e Crystal inclinou a cabeça em incerteza; um arrepio percorreu sua espinha.
Ela se assustou e arregalou os olhos quando uma pequena criatura saltou dos arbustos e parou bem na frente de seus pés. Ela estava prestes a recuar, mas parou ao ver o tamanho minúsculo da criatura.
Era tão pequena quanto um hamster, com um rosto de gato, corpo de coelho, orelhas de urso e uma cauda fofa como a de uma raposa. A criatura era completamente branca com uma coleira rosa bebê ao redor de seu pescoço quase invisível. Crystal se perguntou como aquela coisinha foi capaz de dar um salto tão poderoso para fora daqueles arbustos densos e, sem mencionar, fazê-los balançar como um trovão por dentro.
Crystal olhou rapidamente ao redor, certificando-se de que não havia mais ninguém ali, porque não havia ninguém no mundo, exceto ela, que não surtaria ao ver uma criatura estranha na sua frente, e ela precisava garantir que não haveria alvoroço.
Quando não encontrou ninguém ao seu redor, finalmente olhou de volta para perto de seus pés, suspirando de alívio. Os humanos certamente são bondosos em um momento, mas não há garantia de que essa bondade se estenderia a algo tão desconhecido para eles.
A criatura levantou a cabeça, olhando para ela com seus olhos completamente negros, sem a esclera branca ao redor, e piscou duas vezes. Crystal quase soltou um gritinho com o gesto fofo. Era como se uma bola de pelo estivesse colocada na sua frente.
Ao contrário dos coelhos reais, ela conseguia se sentar sobre as patas e fez um gesto para que Crystal se abaixasse ao seu nível. Embora fosse quase impossível, Crystal obedeceu sem fazer perguntas sobre o que no mundo estava na sua frente e como chegou ali, e se agachou, inclinando o rosto mais para baixo para dar uma olhada mais de perto.