




Capítulo 4
ANGEL SINCLAIR.
É um verdadeiro castigo passar 15 minutos naquele carro com aquele idiota do Bryan. Quando não estamos em silêncio, estamos nos provocando. Não faz nem uma hora que conheci esse garoto e já estou de saco cheio dele.
"Aqui estamos," ele diz, deixando o carro no estacionamento do restaurante.
"Sério? Se você não me dissesse, eu nem saberia que chegamos," respondo, óbvia.
"Você deixou suas roupas em casa?" ele pergunta, me olhando de cima a baixo.
"Escuta aqui, seu idiota, este é meu uniforme escolar, e eu não ia me arrumar para te receber, porque você não significa nada para mim!".
"Da próxima vez, pelo menos tome um banho. Tem ketchup aqui," ele diz, apontando para minha saia.
Maldita Ashley! Ela derramou molho em mim hoje enquanto se lambuzava com o almoço. Eu nem lembrava mais dessa manchinha na minha saia. Ele foi muito observador para ter notado isso.
Nós dois seguimos para nossa mesa reservada. Papai e Madison já estão aqui. Eu me sento ao lado do meu pai e Bryan se senta ao lado da mãe dele. Os dois estão de frente para nós. Levo um pouco de água à boca, já estou ficando desidratada com o tanto que Bryan me cerca com os olhos.
"Angel, querida, me conte mais sobre você. Está no último ano?", Madison pergunta.
"Sim, estou."
"Bryan também. Ele mal pode esperar para a escola acabar," ela ri. Bryan permanece sério, assim como eu.
"Angel, por outro lado, adora ir à escola. Ela sempre tira as melhores notas."
"Eu queria poder dizer o mesmo do Bryan. Em Londres, eu tinha que ir à escola toda semana. Ele foi expulso de 5."
"5 escolas? Meu Deus!" meu pai diz, espantado.
"Mãe, você não precisa entrar em detalhes," ele diz suavemente.
"Uau, mas cinco escolas é muito, não é? Para ser honesta, Bryan não parece ser inteligente, mas eu não tinha ideia de que ele era tão rebelde!", digo e dou uma risadinha, sabendo que isso vai provocá-lo.
Eu posso até ver a expressão de Bryan mudar. Ele parece querer voar em mim e xingar todas as minhas gerações. Ele está fervendo de ódio, mas eu só estou brincando com ele. Ele começou, então agora vou mostrar como se joga.
"Angeline!" meu pai sussurra, como uma forma de me repreender.
"Bryan realmente não era uma criança obediente. Eu sempre tinha que falar mais de 3 vezes ou colocá-lo de castigo para ele aprender a lição."
"Ele não parece ter mudado," comento.
"Ele mudou um pouco, sim. Não me dá tanto trabalho quanto antes. Pelo contrário, sou eu que estou dando trabalho para ele," Madison e meu pai se olham e riem. Eu reviro os olhos discretamente e Bryan faz uma cara de tédio.
"Essa comida nunca vai chegar?", Bryan pergunta, "Estou morrendo de fome."
"Falando na comida, ela acabou de chegar," diz meu pai.
Olho para trás e vejo o garçom chegando com o carrinho de comida. Ele deixa toda a comida na mesa e oferece pimenta para o meu prato, mas eu recuso.
"Eu adoro pimenta," comenta meu pai, "Angel, por outro lado, é alérgica desde os 5 anos."
"Não estou perdendo nada. Pimenta é horrível!", digo.
"Bryan também odeia, não é, filho?", pergunta Madison.
"Não sei. Faz um bom tempo que não provo algo apimentado," responde o idiota, fixando os olhos em mim.
Engulo seco e decido começar o jantar, ainda pensando que aquela última frase dele pode ter um duplo sentido.
Quando chego em casa, a primeira coisa que faço é tomar um banho quente e relaxante. Tomo meus comprimidos e me sento na escrivaninha para estudar. Perco o foco quando sinto um cheiro horrível. Levanto da cadeira giratória e olho para a cortina da janela, vendo uma sombra masculina. Não pode ser... Vou como um furacão até a janela e, ao puxar a cortina, vejo Bryan fumando na minha varanda.
"Isso é sério? Não basta eu ter que aturar você fumando no meu quarto? O cheiro aqui está insuportável, seu imbecil! O papai vai saber disso."
"Tente contar para o seu pai e eu vou ser obrigado a dizer a ele que a filhinha dele está cheia de drogas para estudar como uma louca. Esse é o segredo das suas boas notas? Até eu seria inteligente assim," ele ri e solta a fumaça. Olho para ele, incrédula.
"Você estava me espionando, seu pervertido? Isso é crime, sabia?"
"Não vi nada, não se preocupe. Só vi você tomando o que não devia. Sabe quais efeitos colaterais essas drogas podem causar?"
"Sei muito bem, não preciso que você me diga nada."
"Ainda bem que você sabe dos riscos então. Boa noite," Bryan fala, saindo da varanda.
Puxo a cortina e aproveito para fechar a janela, porque ele só conseguiu me espiar porque aquela maldita janela estava aberta.
Estou tremendo de ódio desse garoto. Tenho uma carta na manga para tirá-lo desse corredor, mas ele tem algo contra mim que certamente não vai pegar bem. Papai vai me matar se descobrir que estou tomando essas drogas para melhorar meu desempenho escolar.
Fiz um grande alarde, mas nunca pensei que ele poderia me ver pela janela. Tenho certeza de que esse idiota vai usar isso para me chantagear, mas não vou deixar, porque também tenho algo comprometedor sobre ele e vou tentar descobrir mais, essa é a única maneira de levar a melhor.
Continuo meus estudos e converso um pouco com meus avós antes de dormir. Meus únicos avós são paternos, porque minha mãe era órfã. Vovó Florence e Vovô John são meu ponto de paz em meio a todo o caos. Dou minha vida por eles.