Read with BonusRead with Bonus

Capítulo 3

ANGEL SINCLAIR.

Meus saltos altos fazem barulho no chão de madeira da escada. Enquanto desço, encontro uma mulher loira de olhos verdes. Ela está bem arrumada, embora pareça ter a idade do meu pai, mas, mesmo assim, é uma intrusa aqui. Meus olhos percorrem a sala e não vejo a outra criatura. Ele não vai se juntar a nós para o jantar? Melhor ainda.

"Angel, Madison. Madison, Angel," diz meu pai, nos apresentando.

"Prazer, Angel! Espero que você e eu possamos nos dar muito bem," ela diz, me recebendo com um sorriso gentil no rosto.

"Prazer em conhecê-la," respondo, sem dar muita importância, "Podemos ir?", pergunto olhando diretamente para o papai.

"Daqui a pouco vamos sair. Bryan teve um pequeno problema com o carro e está lá fora tentando consertá-lo."

"E o seu carro?"

"Ele faz questão de ir no próprio carro."

Reviro os olhos e saio da sala, indo para os fundos da minha casa. Além de ser forçada a jantar com eles, ainda tenho que esperar esse idiota consertar o carro, só porque ele se recusa a ir no carro do papai. Vejo que vou ter que ter muita paciência nos próximos dias, porque sei que não vai ser nada fácil.

Estou em um quartinho nos fundos quando ouço a porta sendo aberta bruscamente. Levanto-me do banquinho de madeira em que estava sentada com um taco de beisebol nas mãos, pronta para acertar qualquer um. O taco de beisebol cai automaticamente da minha mão quando fico cara a cara com a criatura mais bonita que já vi em toda a minha vida. Seu cabelo loiro cai um pouco sobre a testa. Sua boca carnuda parece me chamar ainda mais perto. E seus olhos verdes fixos nos meus parecem uma luz no fim do túnel. Sem mencionar sua altura, que deve ser o dobro da minha. Ambos saímos do transe quando ele toma a iniciativa de dizer algo.

"Não estou aqui para roubar nada," ele diz, levantando as mãos em sinal de rendição, "Estou atrás de uma caixa de ferramentas e acabei vindo parar aqui."

"Não tem nenhuma caixa de ferramentas aqui. Como você pode ver, é só um quartinho. Pode dar meia-volta e consertar esse carro agora porque não aguento mais esperar por esse maldito jantar," respondo, virando-me e tentando me recuperar do que acabou de acontecer há poucos segundos.

"Vejo que você não é um anjo, como pensei que fosse."

"O que você disse?", pergunto, virando-me e olhando para ele novamente.

"Você parece mais um demônio do que um anjo, querida. Acho que sua mãe cometeu um erro ao te dar esse nome."

"Nem ouse falar da minha mãe, seu idiota," digo, colocando meu dedo indicador na cara dele.

"Tira esse dedo da minha cara. Quem você pensa que é?" ele pergunta, apertando meu dedo.

"Sou sua maldita meia-irmã agora, e você está se mudando para a minha casa, então acho bom maneirar."

"E você acha que eu quero morar aqui? Por mim, eu ainda estaria em Londres morando com minha mãe, até que seu pai idiota entrou em nossas vidas e plantou essa ideia em nossas cabeças."

"Ah, claro. Com certeza," respondo, rindo sarcasticamente, "Como se não fosse sua mãe que cegou meu pai para trazer vocês para cá, com você como um presente."

"Eu preferia morrer a viver com uma pirralha mimada e insuportável como você."

"E para mim, tanto faz se você e sua mãezinha saíssem desta casa hoje, antes mesmo de passarem a primeira noite aqui. Vocês não são bem-vindos aqui. Muito pelo contrário, são intrusos!"

"Seu pai se tornou uma pedra no meu sapato e vejo que você vai ser a pedra no meu travesseiro. Eu desisti da vida que tinha em Londres porque minha mãe se apaixonou por aquele idiota. A partir de agora, minha única diversão vai ser transformar sua vida em um inferno, loirinha," ele solta meu dedo e eu o abaixo.

"Tente se meter no meu caminho para ver do que sou capaz."

"Não tenho medo de você."

"Eu menos ainda de você."

"Foi bom saber que você não gosta de mim, assim vou poder fazer você me odiar, Angel," ele enfatiza meu nome e sai do quartinho com um sorriso no rosto.

Rosno e jogo o cabelo para trás como sinal de nervosismo. Ele é pior do que eu imaginava, porque é bonito. Ele é um filho da mãe também. Ele é um lindo desgraçado. Tenho certeza de que ele pensa o mesmo de mim, mas eu já o odeio. Ele é um completo idiota.


Estou em frente à minha casa com meu pai e Madison. Bryan acabou de terminar de consertar o carro dele, que é até o modelo mais recente que o meu. Eu já deveria ter atualizado meu modelo, mas depois de ver que ele tem um carro igual, prefiro comprar outro. Não quero ter nada em comum com esse idiota, porque o endereço já é suficiente.

"Esse é meu garoto!", Madison diz, caminhando sorridente até Bryan.

Sinto meu estômago revirar com isso.

"Angel, por que você não faz companhia ao Bryan até o restaurante? Só para vocês se conhecerem melhor," sugere meu pai.

"Que ótima ideia!", completa Madison.

Estou pronta para recusar essa proposta ridícula, mas Bryan é mais rápido e abre a boca.

"Adoraria conhecer minha nova irmã!" ele sorri e eu sinto vontade de esmagá-lo.

"Perfeito, então. Nos encontramos lá," diz meu pai, me silenciando completamente e indo para o carro com Madison.

Olho furiosa para Bryan e ele ri enquanto abre a porta do carro para mim. Quando vê que meu pai acabou de sair, ele volta ao seu estado normal.

"Não tenho a noite toda, anjinho. Até abri a porta do carro para você, quer que eu te pegue no colo?"

"Vai se ferrar, idiota!", digo, entrando direto no carro dele.

Previous ChapterNext Chapter