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Capítulo 2

ANGEL SINCLAIR.

O sinal toca encerrando as duas primeiras aulas e eu saio da sala com a Ashley, indo direto para a cafeteria. A primeira coisa que ela nota em mim são meus saltos, claro.

"Salto?" ela pergunta, rindo logo em seguida, "Acho que aconteceu um milagre. Você usou tênis."

"É. Decidi mudar um pouco hoje," respondo, parecendo o mais entediada possível.

"Angel, o que está acontecendo?" ela pergunta, tocando meu braço logo depois que pego uma bandeja de comida.

"É uma longa história, amiga. Vamos sentar e eu te conto tudo," ela acena com a cabeça e solta meu braço.

Ashley pega sua comida e procuramos um lugar mais reservado aqui, o que é quase impossível, já que tenho que sorrir e falar com todo mundo onde posso. Esse é o lado ruim da popularidade. Você não tem privacidade em lugar nenhum.

"É, acho que aqui está bom," ela diz assim que nos sentamos, "Pode me contar agora o que está acontecendo?"

"Lembra que eu te contei que meu pai tem uma namorada fora?"

"Sim, lembro."

"Bem, agora ele está trazendo ela para morar com a gente."

"O quê? Seu pai ficou maluco?" ela pergunta, tendo a mesma reação de espanto que meus avós.

"Acho que sim, amiga. E sabe o que é pior em tudo isso?", Ashley arqueia a sobrancelha, "É que o filho do namorado da minha madrasta também está vindo," ela arregala os olhos. "E vai ser hoje à noite."

"Ah não, Angel, isso não pode estar acontecendo. Até onde seu pai vai por causa de mulheres, hein?"

"Não me pergunte, eu não sei," suspiro, "Sabe, às vezes eu só queria desaparecer do mapa e nunca mais olhar na cara do meu pai!"

"Olha, independentemente de qualquer coisa, você não pode ceder. Você fica na sua casa, porque ela é sua por direito também. Seu pai deveria ter te consultado antes de tomar qualquer decisão."

"É, mas ele nem considerou isso. Depois daquela mulher, parece que meu pai enlouqueceu. Entre eu e ela, ele não pensa duas vezes antes de escolher ela."

"Não exagera também, amiga. Seu pai é louco por você," Ashley tenta me consolar acariciando meu cabelo, mas eu discordo balançando a cabeça. Não há muito o que fazer.

No mesmo instante que Ashley diz isso, meu celular vibra. É uma mensagem da Vovó Florence dizendo que conversou com meu pai, mas que nada foi resolvido e que ele não vai voltar atrás. Suspiro e abaixo a cabeça, ignorando totalmente a comida porque isso me fez até perder a fome.


Assim que chego em casa, estaciono o carro com raiva porque o caminhão de mudança acabou atrapalhando minha entrada. Caminhando pelo corredor até meu quarto, vejo que está cheio de malas. Malas grandes, enormes o suficiente para nem me deixar passar.

"O que diabos?", eu grito, chutando uma das malas com meu salto, "Margareth!", eu grito, chamando por ela.

Margareth chega até mim em questão de segundos e me olha espantada, enquanto estou vermelha de raiva.

"Senhorita, o que aconteceu?"

"O que todas essas malas estão fazendo aqui? Eu não vou nem poder entrar no meu quarto mais? Inferno," chuto outra mala novamente.

"Calma, vou pedir para os carregadores tirarem as malas daqui, tá bom?"

"E por que elas estão todas aqui? Quem vai ficar nesse corredor?", pergunto, ainda indignada com a situação.

"O filho da Sra. Madison vai ficar nesse quarto aqui," Margareth aponta para o quarto em frente ao meu.

"O quê? Esse sujeitinho que eu nem conheço vai ficar no mesmo corredor de quartos que eu? Papai está realmente ficando louco, não está, Margareth? Como ele pode fazer uma coisa dessas?"

"Senhorita, deixe-me chamar os carregadores. Eles vão liberar o corredor e você poderá ir para o seu quarto."

"Por favor, faça isso, Margareth. E se você vir meu pai, diga a ele que eu não vou a esse maldito jantar nem morta!"


Às oito horas em ponto, ouço meu pai batendo na porta. Finjo que não escuto e aumento o volume dos meus fones de ouvido ainda mais, mas os tiro quando o ouço bater mais forte e me chamar em um tom baixo.

Saio da cama bufando e abro a porta do quarto. Meu cabelo provavelmente está bagunçado e minha cara de sono está bem visível, já que dormi a tarde toda e acabei de acordar há pouco tempo.

"Eu te disse para estar pronta às oito," ele diz, se segurando para provavelmente não me dar uma bronca.

"É, mas eu não vou a esse jantar."

"Angeline, não me importa se você quer ir ou não, porque eu já sei a resposta. O que estou dizendo é que você vai conosco, não estou falando grego."

"Eu sou poliglota, pai. Se até isso você esqueceu, não é?" digo, sendo totalmente irônica.

"Sem gracinhas. Você tem dez minutos para se arrumar."

"Se você quer que eu vá, vou ter que ir assim," digo, me virando.

"Pelo amor de Deus, Angeline! Você nem tirou o uniforme da escola."

Essa era a intenção. Não quero que eles pensem que passei horas me arrumando para eles, porque eu não dou a mínima.

"Você quer que eu vá ou não?" pergunto, dando um sorriso de lado.

"Passe um pente nesse cabelo e desça. Não vou falar duas vezes," ele diz finalmente, ajeitando o paletó e saindo irritado do corredor.

Fecho a porta do quarto e arrumo meu cabelo. Coloco meus saltos e deixo a saia do meu uniforme escolar ainda mais curta. Desabotoo alguns botões da minha camisa e jogo todo o meu cabelo para frente. Saio do quarto sem ao menos passar algo na boca. Eles não merecem nem um spray do meu perfume francês mais barato.

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