Read with BonusRead with Bonus

Saia, Davis!

"Saia daqui, Davis!" A voz impaciente de Madeline atacou seus ouvidos.

Davis ficou parado, dominado por uma mistura de dor e decepção. Ele estava prestes a embarcar em uma viagem de negócios com seu novo chefe como seu recém-nomeado motorista, mas algo urgente aconteceu e a viagem foi cancelada.

Ele voltou para casa e encontrou sua esposa na cama matrimonial com outro homem! Pior ainda, ela não sentia o menor remorso e agora queria que ele pegasse suas poucas coisas e...

"Desapareça! Você é um homem miserável que nem consegue pagar um apartamento! Estou cansada de você e não sinto nem um pouco de pena que você tenha descoberto dessa forma. Mas Jordan e eu..." Ela fez um gesto para que seu novo amante se aproximasse e o maldito bastardo caminhou até a porta, segurando Madeline pela cintura.

Davis sentiu o peito apertar ao ver outro homem segurando sua esposa daquela maneira, mas o que é um abraço quando ele tinha acabado de estar em cima dela, transando da maneira mais suja possível?

"Jordan e eu somos amantes há alguns meses e vamos nos casar em breve. Adivinha só? Vamos visitar as Maldivas na nossa lua de mel; meu destino dos sonhos! Você consegue ver como você é inútil e miserável por não conseguir nem me levar a um restaurante chique ou nos dar nosso próprio apartamento!" Madeline continuou a reclamar, enfatizando o quão incompetente ele tinha sido como marido.

É verdade, ele sabia que tinha sido um perdedor. Ele perdeu o emprego alguns meses depois de se casar com Madeline. Inferno, ela estava reclamando de um apartamento? Ele tinha uma casa antes de se casar com ela! Não passou nem um ano depois que ele perdeu o emprego, Madeline ficou doente. Ela estava com Síndrome de Echomelotis.

A condição dela era crítica e exigia uma cirurgia imediata. Ele não tinha dinheiro suficiente para isso e a família inútil dela também não podia ajudar. Ele teve que vender sua casa para conseguir dinheiro suficiente para a cirurgia e as despesas do tratamento e, felizmente, ela sobreviveu.

Eles tiveram que se mudar para a casa dos pais dela depois disso, mas a família inútil dela só permitiu que eles ficassem no pequeno chalé nos fundos do prédio principal.

Cada vez, eles nunca deixavam de jogar sal na ferida dele quando ele perdeu tudo o que tinha só para salvar a vida da filha deles e agora...

Agora Madeline o traiu. Ela teve a ousadia de traí-lo com outro homem e ainda o chamou de miserável. Mulheres! Malditas serpentes, é o que elas são.

Ele estava afundado em autopiedade e se esqueceu de si mesmo por um momento quando Madeline o chamou de volta à realidade com um baque alto de sua mala batendo bem na sua testa. Ele fez uma careta, sua cabeça já latejando de dor agora tinha a dor infligida pela mala para complementar.

"Saia, Davis! Saia e nunca mais volte!" A voz de Madeline atingiu um tom mais alto enquanto ela fechava a porta atrás dele com tanto ódio e desgosto que o deixou completamente atordoado.

Davis ficou parado, os grilos cantando ao fundo parecendo distantes e fracos. Para ele, parecia que estava em um espaço confinado onde todas as paredes estavam se fechando.

Foram dois golpes importantes. Primeiro, ele pegou sua esposa traindo e agora, ela o expulsou. Ele não tem mais um lar. Onde diabos ele deveria passar a noite?

Enquanto se afundava mais e mais no desespero, ele pensou em entrar no prédio principal. Relatar a infidelidade de Madeline aos pais dela e ver se eles apreciariam seus feitos passados, mesmo que fosse aparente que Madeline já os havia esquecido.

E assim, ele pegou sua mala e foi até a frente da casa. Quando chegou lá, bateu na porta.

"Quem está na porta a essa hora?" Ele ouviu o resmungo de Susan. Susan era a mãe de Madeline, com quem ele nunca se deu bem desde que perdeu o emprego e a casa. Ela sempre aproveitava qualquer oportunidade para lembrá-lo de como ele era pobre e sem esperança. Mas todos estavam errados. Totalmente errados sobre ele. Ele não era sem esperança. Ele apenas não tinha alcançado seu alívio porque podia sentir que não estava destinado a um destino mundano.

A porta rangeu ao abrir e o rosto de Susan, coberto por uma máscara facial branca, o encarou friamente. Ele podia perceber que ela não estava nada feliz em vê-lo. Não que ele estivesse feliz em vê-la também.

“O que você quer?!” Ela latiu. Isso provavelmente era a coisa mais difícil que Davis já tinha feito em toda a sua vida, mas ele não tinha muita escolha agora.

Ele começou a gaguejar, sabendo que essa mulher não dava a mínima para ele. “Erhm — Susan, veja — eu encontrei Madeline com outro homem na nossa cama e ela não me deu tempo para falar, apenas me jogou para fora com minha bagagem.” Ele mal conseguiu terminar sem que sua voz falhasse.

Inferno, ele não era o culpado aqui, mas por que ele se sentia como o vilão sob o olhar malicioso de Susan?

“E é por isso que você teve a ousadia de bater na minha porta tão tarde da noite? Não tem vergonha na cara? Sua esposa te expulsou de casa e você tem a coragem de vir relatar o incidente para mim — a mãe dela! SAIA!” Ela gritou, obviamente a única desrespeitando o horário.

Davis ouviu a voz da irmã mais nova de Madeline. “Mãe? Com quem você está discutindo?” Susan não deu a ela a chance de descobrir antes de fechar a porta na cara de Davis, murmurando alguns xingamentos audíveis como uma despedida.

Sentindo todo o peso se abater sobre ele, Davis se repreendeu por ter ido até Susan. “O que você estava pensando?” Ele se questionou, o coração pesado de dor. Ele tinha sido traído e humilhado pela única mulher por quem ele tinha sacrificado tudo. Era um crime viver como um homem quebrado hoje em dia e ele era mais do que culpado disso. Mesmo que a noite estivesse fria, o suor começou a escorrer de sua testa. Ele não tinha para onde ir e estava completamente arrasado.

Quando estava prestes a se virar e ir embora, a porta de entrada se abriu novamente. Quando ele olhou para cima, encontrou Evelina, a irmã de Madeline, na porta.

“Davis.” Ela chamou, os olhos cheios de pena por ele. “Sinto muito, Susan me contou o que aconteceu.” Ela saiu de casa, sua pele clara brilhando sob a luz do luar no pequeno espaço deixado para os olhos pelo pijama.

Ela sempre foi a única na família que tinha afeição por sua situação. “Para onde você vai agora?” Ela perguntou, abraçando-se por causa do frio.

Era irônico porque Davis não sentia nada além de calor, o que fez sua camisa ficar encharcada de suor. Ele não tinha ideia do que dizer a ela. Ele estava começando a se sentir envergonhado de si mesmo. “Eu vou sobreviver.” Ele forçou um sorriso e murmurou.

“Aqui.” Ela estendeu a mão para ele e, quando ele olhou, viu algumas notas nela. “Você pode usar isso para conseguir um motel para passar a noite e talvez jantar também, se ainda não tiver comido. Sinto muito.” Ela acrescentou, parecendo realmente preocupada com ele.

Isso o tocou. Ele não queria aceitar o dinheiro de Evelina, mas Davis sabia que precisava. Ele pegou.

“Muito obrigado, Evelina. Nunca vou esquecer sua gentileza.” Ele murmurou enquanto pegava o dinheiro dela, envergonhado.

Ele falava sério.

Ela lhe deu um grande sorriso triste. “Está bem. Apenas fique seguro. Sinto muito.”

“EVELINA!” A voz de Susan ecoou de dentro, fazendo Evelina pular assustada. “Hora de entrar.” Ela soltou apressadamente e voltou para dentro da casa.

Mais uma vez, Davis ficou sozinho, mas desta vez, ele tinha uma solução para o que faria naquela noite. Ele se certificaria de retribuir a gentileza de Evelina e, para Madeline e o resto da família dela, eles pagariam por todas as misérias que o fizeram passar; Davis jurou silenciosamente para si mesmo.

“Eu voltarei.” Ele resmungou, rangendo os dentes e deu uma última olhada na casa antes de se afastar miseravelmente com sua mala.

Previous ChapterNext Chapter