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Capítulo 1

POV de Sophia

Enquanto o sol se escondia no horizonte, lançando um brilho âmbar sobre as estradas sinuosas, eu dirigia pela rota cênica. O campo sereno passava borrado pelas minhas janelas enquanto eu cantava junto com minha música favorita tocando no rádio.

Perdida em meus devaneios, não percebi a curva acentuada à frente até que fosse quase tarde demais. Com um sobressalto de pânico, pisei no freio, mas os pneus chiaram. O carro derrapou, sua inércia o levando perigosamente perto da beira do penhasco que margeava a estrada.

Com o coração batendo forte no peito, minhas mãos apertaram o volante, meus nós dos dedos ficando brancos de medo. O tempo parecia desacelerar enquanto o veículo balançava à beira do desastre, o precipício abaixo se abrindo como um abismo faminto.

Desesperada, lutei para recuperar o controle, mas as leis da física já haviam conspirado contra mim. Com um solavanco nauseante, o carro despencou da borda, a gravidade agarrando sua estrutura metálica. Meu grito perfurou o ar, abafado pela cacofonia de metal retorcido e vidro estilhaçado.

Naqueles momentos fugazes, minha vida passou diante dos meus olhos, um caleidoscópio de memórias. O impacto foi brutal, uma sinfonia de destruição enquanto o carro despencava pelo penhasco, rolando de ponta a ponta em um turbilhão de caos.

E então, tão repentinamente quanto começou, tudo acabou. O mundo ficou em silêncio, os ecos do acidente desaparecendo na noite. Fumaça subia dos destroços, misturando-se com a névoa que pairava espessa no ar.

Na quietude que se seguiu, eu estava caída entre as ruínas do meu carro outrora amado, meu corpo quebrado e sem vida. Meus olhos, antes cheios de sonhos e aspirações, agora encaravam o abismo abaixo.

Quando minhas pálpebras se abriram, me encontrei banhada pela suave luz da manhã filtrando pelas cortinas. Pisquei para afastar os resquícios do sono, lutando para me livrar dos vestígios persistentes dos meus sonhos. Sonhos que pareciam mais memórias, ecos assombrados de uma vida outrora vivida.

Com um suspiro pesado, me empurrei para cima, os lençóis deslizando pelo meu corpo esguio. Meu coração ainda corria com os resquícios do meu devaneio noturno, as memórias de outro tempo e lugar ainda frescas em minha mente.

Esfregando o sono dos olhos, balancei minhas pernas para fora da cama, meus pés descalços encontrando o chão de madeira fria abaixo. Uma sensação de inquietação corroía meu interior enquanto me levantava.

Caminhando até o espelho de corpo inteiro que ficava no canto do quarto, parei, meu fôlego preso na garganta ao ver meu reflexo. Olhando de volta para mim estava a imagem de uma jovem no auge da juventude, meus traços sem rugas e meus olhos brilhando de curiosidade.

E então me atingiu como um raio, as peças do quebra-cabeça se encaixando com uma clareza que beirava a revelação. Eu estava de volta. De volta ao auge da minha vida, renascida em um mundo que pensei ter deixado para trás.

Lágrimas brotaram nos cantos dos meus olhos enquanto eu lutava com o peso dessa realização. Era uma segunda chance, um novo começo que eu nunca pensei ser possível. Mas com isso veio uma enxurrada de emoções, memórias tanto amargas quanto doces, que ameaçavam sobrecarregar meu coração frágil.

O acidente que me roubou tudo o que eu amava, que despedaçou meu mundo com um único e fatídico golpe do destino.

E então eu lembrei. Lembrei das palavras do meu ex-marido, proferidas em um acesso de raiva e ressentimento. Os freios do meu carro haviam sido adulterados.

Com uma mão trêmula, estendi a mão para tocar o vidro, meu reflexo me encarando com compreensão silenciosa. Era uma verdade que eu não podia ignorar. Mas enquanto olhava nos meus próprios olhos, fiz um voto silencioso—um voto de descobrir a verdade, de buscar justiça pela vida que me foi roubada. Pois eu podia ter renascido, mas ainda era a mesma Sophia Claire, com um fogo ardendo no meu coração que nunca poderia ser extinto.

Sozinha no meu quarto iluminado, cercada pelos ecos das minhas vidas passadas, flashes de memórias inundaram minha mente, cada uma um fio na tapeçaria da minha existência.

Em minha lembrança, eu estava diante do altar, meu coração batendo de excitação enquanto trocava votos com Daniel. A memória daquele dia era agridoce agora, manchada pela traição que se seguiu.

A voz de Daniel ecoava na minha mente enquanto ele professava seu amor e lealdade a mim no dia do nosso casamento.

“Eu prometo te amar sempre, Sophia. Você é o amor da minha vida, e não deixarei nada nos separar.”

Mas aquelas promessas não passavam de palavras vazias, como descobri mais tarde. A traição perfurou meu coração como uma adaga quando descobri a verdade sobre a infidelidade de Daniel. Nosso casamento, outrora feliz, desmoronou sob o peso de sua deslealdade.

"Eu confiei em você, Daniel," sussurrei para o quarto vazio, minha voz tremendo de dor e raiva, "Como você pôde fazer isso comigo? Com a gente?"

Mas a traição de Daniel não terminou com a minha morte. Em um acesso de raiva e desespero para me silenciar, ele tirou minha vida, deixando minha família devastada com suas ações.

Fechando os olhos, tentei acalmar a tempestade de emoções que rugia dentro de mim. Respirei fundo, deixando o peso das minhas memórias se acomodar ao meu redor como um cobertor pesado.

No canto pitoresco e ensolarado do meu escritório, sentei-me, meus dedos dançando sobre as teclas do meu laptop, desvendando o passado que eu havia enterrado há muito tempo. A cada tecla pressionada, memórias surgiam, misturando-se com os ecos de traição e desgosto. Daniel, um nome que eu havia jurado apagar da minha existência, agora ressurgia.

Minha busca por encerramento me levou por um labirinto digital, onde cada clique me aproximava da verdade que eu procurava. A vida de Daniel agora estava exposta diante de mim, cada movimento seu registrado na vasta extensão da internet. Descobri que ele havia se aventurado no mundo dos negócios, envolvendo-se em uma rivalidade com um certo Jacob David.

Jacob. O nome reverberou na minha mente, despertando um turbilhão de emoções. À medida que me aprofundava, desenterrava a teia intrincada de conexões entre Daniel e seu novo adversário. Com cada revelação, minha determinação se fortalecia, alimentada por um desejo de vingança que queimava como uma chama implacável dentro de mim.

Um sorriso sinistro surgiu nos cantos dos meus lábios ao perceber o potencial adormecido dentro dessa revelação inesperada. Jacob detinha a chave para minha vingança, um peão no meu grande plano de desmantelar a fachada construída por Daniel.

Com um novo senso de propósito, planejei meu próximo movimento, tecendo uma tapeçaria de engano e manipulação com Jacob no centro. Eu exploraria suas vulnerabilidades, jogaria com suas ambições e orquestraria uma queda tão profunda que reverberaria pelos corredores do poder.

À medida que as peças do meu plano se encaixavam, meu coração pulsava, cada batida ecoando o ritmo do meu triunfo iminente. Pois eu não era mais a mulher desprezada, mas uma fênix renascida das cinzas da traição, pronta para desencadear uma tempestade de vingança sobre aqueles que me prejudicaram.

A suave luz das velas dançava pelo elegante restaurante enquanto eu aguardava a chegada de Jacob. Alisei o tecido do meu vestido carmesim, meu coração batendo de antecipação. Jacob apareceu na entrada, sua presença chamando atenção. Alto e imponente, ele exalava um charme despretensioso que capturou meu olhar. Seu cabelo escuro estava levemente despenteado, dando-lhe um ar de sofisticação casual, e seus olhos azuis penetrantes brilhavam com inteligência.

"Jacob," murmurei, um sorriso se espalhando pelos meus lábios enquanto ele se aproximava de mim. "Você está deslumbrante."

Jacob retribuiu meu sorriso, seu olhar demorando-se em mim de uma maneira que me fez arrepiar. "E você, Sophia, está deslumbrante," ele respondeu, sua voz suave como veludo.

Em um café pitoresco no coração da cidade, sentei-me em frente a Jacob, minha postura firme, mas determinada. O aroma de café recém-preparado pairava no ar, misturando-se com o suave murmúrio de conversas que fluíam ao nosso redor.

"Não tenho tempo para conversa fiada, Jacob," declarei, meus olhos fixos nos dele com uma intensidade que desmentia meu exterior calmo. "Preciso ir direto ao ponto."

Jacob, surpreso com minha franqueza, recostou-se ligeiramente na cadeira, um toque de curiosidade misturando-se com a surpresa em sua expressão. "Tudo bem, Sophia. O que está na sua mente?"

Não perdi tempo em ir direto ao ponto. "Quero que trabalhemos juntos para derrubar Daniel."

A testa de Jacob se franziu em confusão. "Derrubar Daniel? O que você quer dizer?"

Um sorriso astuto brincou nos cantos dos meus lábios enquanto me inclinava para frente, minha voz caindo para um sussurro conspiratório. "Quero que você me ajude a fugir quando eu deveria me casar com Daniel."

O peso das minhas palavras pairou no ar, fazendo Jacob hesitar por um momento enquanto processava as implicações do meu pedido. "Fugir? Sophia, isso é... isso é uma proposta e tanto."

"Mas pense nisso, Jacob," insisti, meus olhos brilhando com determinação. "Se fizermos isso, não só envergonharemos Daniel, mas também mancharemos irreparavelmente sua reputação."

Minha mente corria enquanto eu lutava com a enormidade da proposta de Sophia. Eu poderia realmente entreter a ideia de tal engano, de trair alguém que eu uma vez considerei um amigo? E ainda assim, o apelo do desafio, combinado com a química inegável entre nós, provou ser irresistível.

Depois de um momento de contemplação, encontrei o olhar de Sophia com uma nova determinação. "Tudo bem, Sophia. Estou dentro."

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