Capítulo seis: Liam
Entro na casa me sentindo bastante satisfeito que tudo tenha funcionado muito melhor do que poderíamos ter antecipado. Foi relativamente fácil. Acho que é isso que acontece quando você é um filho da mãe convencido. Mesmo que ele soubesse que algo estava acontecendo quando me avistou no fundo da sala. Quando ele terminou o discurso e foi ao banheiro, para onde minha cunhada levou Isabelle, para verificar sua esposa, já estávamos longe e quase saindo pela porta. Quando ele percebeu isso, eu já tinha saído do prédio junto com os poucos que trouxe comigo. Tudo correu sem muitos problemas. Ouvi alguns tiros, mas os poucos disparos pararam quase tão rápido quanto começaram e vi a van fugindo. Agora só preciso obter uma atualização do Declan e seguir para a próxima parte do plano.
Entro no meu escritório e ele está sentado lá, parecendo sombrio pra caramba pelo que acabamos de conseguir. Quando dou a volta para me sentar do outro lado da mesa, vejo Cara olhando para baixo, torcendo as mãos no colo. Declan tem o olhar perdido, fixo em algum ponto na parede atrás da minha cabeça. Olho para os dois, procurando cuidadosamente por qualquer sinal de que se machucaram durante o sequestro. Mas não vejo nenhum sinal óbvio de ferimento. Meu cérebro para de repente.
"Os tiros? Quem foi atingido se não foram vocês?" Não sei por que tenho essa sensação ruim no estômago ao pensar que poderia ter sido ela. Isso arruinaria tudo, mas eu poderia lidar com isso, então não há como essa ser a causa do meu desconforto repentino.
"Ninguém que eu saiba." Declan responde baixinho e eu solto um suspiro, recostando-me na cadeira com alívio. No entanto, isso dura pouco quando Cara soluça e vejo algumas lágrimas escorrendo pelo rosto dela. Declan tenta confortá-la, mas ela o afasta, não aceitando seu consolo. Isso me deixa em alerta novamente.
"O que vocês não estão me contando?" Exijo com um pouco mais de força do que provavelmente necessário.
Cara fica ainda mais pálida, e o pomo de adão de Declan sobe e desce enquanto ele lentamente vira o olhar para mim, olhando diretamente nos meus olhos. Posso ver o arrependimento e a vergonha ali. Ele não mostra emoções com frequência. Na verdade, vê-lo assim agora faz meu estômago subir até a garganta.
"Quando estávamos saindo, e os tiros começaram... corremos para a van." Ele pausa e é aí que sei que o que estou prestes a ouvir não será bom. Como mantive esperança até agora, não sei. "Quando a coloquei na van, foi apressado e talvez não muito gentil."
"Assuma logo, Declan!" Grito com ele. Sempre detestei quando as pessoas não vão direto ao ponto do que estão tentando dizer e não assumem o que fazem. Se você erra, adivinhe, assuma. Aprenda com isso e não repita. Sua hesitação em dizer o que aconteceu e o fato de ele ter dito "talvez" me dizem a verdade, ele não foi cuidadoso. Isso significa que ele quis o que aconteceu? Isso ainda está por ser visto.
"Eu simplesmente a joguei na van. Do mesmo jeito que faria com qualquer um. Juro que não quis machucá-la. Nem coloquei força nisso!" meu coração para.
"Ele realmente não fez isso, Liam! Não deveria ter causado nenhum problema, eu juro." Ela agora está soluçando. Olho de volta para meu irmão.
"O que aconteceu?" Pergunto rangendo os dentes.
"Ela disse que está deslocado, e que a clavícula pode estar quebrada." Fico em silêncio, atônito. "Parecia bem ruim, ela pode estar certa." ele continua.
"Ela te disse... Eu entendo saber que seu ombro está fora do maldito lugar." Levanto-me da cadeira, minha voz aumentando a cada palavra. Bato a mão na mesa. Quando volto a pensar, olho para Declan novamente, ele não está dizendo algo. "Desembucha!" Ele realmente empalidece antes de falar as próximas palavras.
"Depois que ela nos disse isso, na mesma respiração, ela disse de novo." Isso me faz parar.
"O que você quer dizer com ela disse de novo?"
"Ela disse que parece deslocado de novo, e que a clavícula pode estar quebrada de novo também." Cara acrescenta. Olho entre os dois tentando conectar os pontos. Então empalideço e caio de volta na cadeira.
"Merda." Olho para Declan. Ele me dá um pequeno aceno. Não é algo que a maioria das pessoas chegaria a uma conclusão óbvia, mas quando você vive como nós, é seu primeiro pensamento. De onde viemos, na Irlanda, somos ensinados a valorizar nossas mulheres e crianças, a maioria dos laços são inquebráveis. No entanto, às vezes alguém vai contra o status quo. Esse era Cormac O'Gallagher ao pé da letra. Nosso pai não era um homem, não, ele era um monstro. Então, sim, nossa primeira suposição é que o "de novo" significava que ela já sentiu essa dor antes, talvez mais de uma vez.
Arranco meu telefone do bolso. Ela já está sentada lá há algumas horas. Estremeço com esse pensamento. Abrindo meus contatos, procuro o que quero e aperto o botão de chamada. Ele atende no primeiro toque.
"Chefe."
"Vá para as celas nos Catskills." Lato pelo telefone, sem tirar os olhos do meu irmão.
"O que estou procurando?" Este homem é o único que pode me fazer perguntas sem medo de represálias, afinal, ele precisa de respostas para fazer seu trabalho.
"Vinte e poucos anos, mulher, provável deslocamento de ombro." Solto um suspiro. "Possível fratura de clavícula."
"Entendi." Ele fica quieto por um minuto como se estivesse esperando mais, ele é o melhor. É por isso que está na minha folha de pagamento.
"Ela pode ou não ter passado por isso antes, e não sabemos em que circunstâncias isso pode ter acontecido." Outro minuto de silêncio, ele entende exatamente o que não estou dizendo.
"Vou ter que levar meu assistente para recolocar o braço, no mínimo. A clavícula pode não ser tão fácil. Qual é o estado dessa garota?" Ele está perguntando quão confortável ele deve deixá-la.
"Ela não deve sentir dor. Eu não tinha intenção de tortura, apenas desconforto quando a coloquei lá." e isso é a verdade. Não queríamos dar luxo a ela, mas nunca tivemos a intenção de machucá-la.
"Muito bem. Estou saindo agora." Posso ouvi-lo reunindo suas coisas.
"Me mantenha atualizado." Desconecto a chamada. Como posso passar de me sentir no topo do mundo para esse sentimento inominável em tão pouco tempo?
Acho que fui o filho da mãe convencido esta noite.