




Capítulo 5 Entendendo nosso relacionamento
Água quente espirrou em seu rosto, e Yvette finalmente começou a recobrar a consciência. Ela se lembrou dos eventos da noite passada, que pareciam um pouco loucos, mas felizmente seu estômago não reagiu mal. Ela não conseguia dizer não a Albert, sempre deixando que ele tomasse o que queria. Sexo era sua única atração para ele.
Eles se casaram ontem de manhã, e a noite foi inesperadamente passada em intimidade. Se ela não se aprofundasse, essa noite poderia facilmente passar por uma noite de lua de mel de outra pessoa.
Yvette desligou o chuveiro, e o som da água no banheiro parou de repente. O banheiro, que não era muito grande, estava cheio de vapor quente. Yvette, meio atordoada, procurou suas roupas e ouviu barulhos do lado de fora. Provavelmente era Albert acordando e se vestindo.
De fato, sua voz ligeiramente rouca logo parou na porta do banheiro. "Victor quer me ver."
As mãos de Yvette pararam enquanto ela se enrolava na toalha, e após um longo silêncio, ela disse, "Tudo bem, pode ir."
Albert provavelmente estava confiante de que ela responderia assim, e logo o som da porta se fechando veio de fora.
Ele saiu decisivamente.
Como Victor havia dito, sua ternura pertencia apenas a Violet.
Ela não pôde deixar de sorrir. Se Albert amava tanto Violet, por que ele terminou com ela? Por que ele dormiu com ela?
E por que ele se casou com ela?
Yvette pegou um táxi de volta ao trabalho do hotel, felizmente não se atrasando. Ela esteve ocupada a manhã toda, pois uma colega tirou licença, e havia mais exames médicos pré-voo para a tripulação, mantendo Yvette ocupada sozinha.
Antes que ela pudesse começar a trabalhar, Sylvia veio questioná-la.
"O que aconteceu ontem à noite? Por que você saiu no meio do caminho? Eu te liguei, mas seu telefone estava desligado. Você não está satisfeita com o Victor que eu arranjei para você? Ele é tão bonito!"
Yvette, sentindo-se um pouco cansada, respondeu casualmente, "Minha mãe me chamou de volta, e nós brigamos quando cheguei em casa, então não tive tempo de te explicar."
Vendo isso, Sylvia se aproximou e perguntou, "Então você não está satisfeita com o Victor?"
Não querendo se aprofundar nesse assunto com Sylvia, Yvette respondeu de forma desinteressada, "O Sr. Thomas é bom. Ele é excelente."
"Sim, eu também acho que ele é ótimo."
"Certo."
"Ah, a propósito, tem uma fofoca." Sylvia abaixou a voz. "Violet veio ao Centro esta manhã para pegar um atestado médico, e Simon a examinou. Ela alegou ter uma alergia e uma erupção cutânea, mas na verdade, ela só bebeu demais. Ela não voltou depois de sair com Albert ontem, e talvez eles tenham brigado."
Ao ouvir o nome "Albert", Yvette levantou o olhar.
Sylvia continuou, "É comum as pessoas brigarem antes de se casar? Minha prima terminou com o namorado várias vezes antes de se casar."
Yvette olhou para os próprios pés. "Talvez eles não se casem."
Ouvindo as palavras de Yvette, Sylvia rapidamente disse, "Ainda espero que eles possam ficar juntos. Nós talvez não consigamos aquele tipo de amor que existe nos romances, mas ainda espero que alguém consiga, pelo menos eles podem nos dar um pouco de esperança."
"Sim."
Observando o olhar invejoso de Sylvia, Yvette acabou segurando o que queria dizer. Afinal, ela sentia que o relacionamento entre ela e Albert estava longe de ser amor de romance; parecia um absurdo.
Na Luken, os corredores estavam movimentados com funcionários das empresas subsidiárias, andando em grupos de dois ou três, apressados.
Victor procurou Albert logo de manhã para se intrometer em seus assuntos com Violet. Albert, com a testa franzida, tinha pouca paciência para ouvir Victor.
"Violet é uma boa garota; ela esperou por você por tantos anos, e vocês dois sempre brigam."
Albert o interrompeu. "Nós terminamos há dois anos."
"Vocês só se separaram fisicamente, e você deve ainda gostar dela no seu coração."
"Eu tenho que ir."
Ele não estava interessado em continuar a conversa com Victor. Enquanto se preparava para sair, Yvette e Sylvia passaram por eles.
Sylvia cumprimentou calorosamente Victor, "Oi, Sr. Thomas. Dormiu bem ontem à noite?" Depois de perguntar, ela notou Albert parado ali perto e acrescentou, "Olá, Sr. Valdemar."
Albert acenou levemente com a cabeça, seu olhar involuntariamente caindo sobre Yvette ao lado de Sylvia.
Ela ainda estava usando as roupas de ontem—um suéter de gola alta cor creme e um casaco cáqui. Seu cabelo longo estava preso em um rabo de cavalo baixo e solto, com algumas mechas soltas emoldurando seu rosto delicado, tornando-a ainda mais encantadora.
Depois de trocarem cumprimentos, Yvette e Sylvia saíram rapidamente. Quando a figura de Yvette desapareceu, Albert semicerrava os olhos, seu olhar pousando em sua cintura esbelta e curvilínea, ainda lembrando como era segurá-la.
Antes que pudesse reunir seus pensamentos, Victor de repente disse, "O que você acha da Dra. Orlando?"
Albert lentamente virou a cabeça, um tanto surpreso que Victor estivesse de repente discutindo Yvette com ele.
"O quê?"
Victor hesitou. "Ela está interessada em mim."
Albert estreitou os olhos. "Ela disse isso?"
"Ela é tímida. A amiga dela me contou."
Albert ainda tinha um leve cheiro de álcool, misturado com o perfume do cabelo de Yvette. Ele não gostava muito da fragrância, achando-a um pouco forte e desconfortável quando grudava nele.
"Você pode julgar por si mesmo."
"Ela é médica de voo, e é atraente. Acho que ela é legal." Victor fez uma pausa, depois acrescentou, "Mas de repente me lembrei, há dois anos, em um evento social, ela parecia ter sido designada para você, e você até a levou para casa naquela vez."
Albert respondeu casualmente, "Ah, não me lembro."
"Se você não se lembra, não deve se importar, certo?"
"Sim."
A voz de Albert permaneceu desprovida de qualquer emoção.
Victor aconselhou, "Já que você só tem olhos para Violet, deveria se reconciliar com ela rapidamente e não nos envolver."
Yvette não sabia por que se sentiu compelida a voltar, apenas para ouvir Victor e Albert falando sobre ela.
Ela ouviu cada palavra claramente.
No fundo, ela sabia que ele nunca se importou com ela, mas ainda assim, ela estava envolvida nisso há dois anos, um abismo pessoal que ela mesma criou.
De repente encontrando coragem, Yvette procurou Albert depois do trabalho.
Sentada no carro dele, Yvette se encontrou em um estado de silêncio, com as janelas bem fechadas. Nem ela nem Albert falaram para quebrar a quietude estranha que envolvia o carro.
Yvette abaixou o olhar para seus dedos, sentindo uma sensação de desespero se aproximando, percebendo que havia conscientemente tocado em um tabu que não deveria ter tocado.
"Violet está bem? Minha colega disse que ela se embriagou ontem à noite e tirou o dia de folga hoje."
De fato, a expressão de Albert mudou sutilmente. Seu cotovelo apoiado no volante, e seu olhar se tornou frio instantaneamente. "Isso não parece uma pergunta que você deveria fazer," ele comentou.
Pela primeira vez, Yvette não evitou, mas encontrou seu olhar diretamente.
"Sr. Valdemar, dado nosso relacionamento atual, não posso perguntar?"
Albert geralmente era muito bom em controlar suas emoções. Mesmo quando provocado, ele não mostrava diretamente.
Inclinando-se levemente para trás, ele advertiu em um tom medido, "Você sabe melhor sobre a natureza do nosso relacionamento."
Yvette sentiu um aperto sufocante no peito, embora estivesse respirando. Ela forçou um sorriso e disse, "Sim."
"Se você quiser este filho, eu assumirei a responsabilidade." Albert ajustou sua postura, sua expressão ainda indiferente. "Isso vai acabar eventualmente. Você acha que nosso casamento vai durar a vida toda?"
Yvette sentiu como se tivesse sido despida e colocada na rua mais movimentada de Luken, cercada por pessoas que impediam sua fuga. A sensação sufocante a fez querer fugir.
Abaixando a voz, ela negou veementemente, "Claro que não; é só pelo bem das crianças."
Albert não mostrou emoção e parecia indiferente à resposta de Yvette.
"Parece que esquecemos de discutir a coisa mais importante ontem."
"O quê?"
"Nossas expectativas um do outro."
O ar-condicionado do carro não estava ligado, e Yvette sentiu um pouco de frio. Arrepios surgiram em sua pele, tornando-a tensa e desconfortável. Ela tentou manter a compostura, sorrindo enquanto dizia, "Você pode falar primeiro."
"Primeiro, não pergunte sobre minha família; segundo, não pergunte sobre os assuntos de Violet," ele afirmou firmemente.
Yvette assentiu. "Tudo bem, não trarei esses tópicos à tona novamente no futuro."
Albert ficou satisfeito com a resposta de Yvette e se virou para perguntar, "E você?"
Yvette riu levemente e disse, "Dinheiro. Minha mãe disse que se você quiser se casar comigo, deve nos dar não menos que trinta e oito mil dólares." Ela fez uma pausa por um momento. "Acho que é o que eu mereço."