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O começo de Charlotte

Charlotte Knight nasceu em uma noite tempestuosa de outono, com o vento assobiando pelas árvores e a chuva batendo na janela como se tentasse entrar na mansão para testemunhar a chegada de um ser tão belo. Sua mãe, Iris, era uma mulher gentil com uma beleza incomensurável. Sua pele era clara, e seus cabelos, escuros como a noite, brilhavam ao sol com tons de azul safira e toques de ouro. Ela era gentil e justa, não gananciosa nem arrogante. Quando ria, seus olhos brilhavam como estrelas no céu noturno; seus olhos únicos, de um roxo profundo, eram cativantes e místicos, fazendo com que qualquer um quisesse permanecer em sua presença o máximo de tempo possível.

Seu pai era maior que a vida. Ele tinha mais de um metro e oitenta de altura. Seus ombros largos exigiam ternos sob medida. Os músculos vinham naturalmente para ele, sem qualquer esforço, e ele tinha cabelos pretos e encaracolados que penteava para trás, longe do rosto. Seus olhos eram afiados e claros, mas se suavizavam ao olhar para sua esposa e filha. Ele sempre foi inteligente e rapidamente chegou ao topo de sua área.

A mansão havia sido construída estrategicamente no topo de uma alta montanha que dava vista para a cidade. Toda a propriedade era cercada por muros de três metros de altura, patrulhados por seguranças com cães o tempo todo. Um sistema de segurança de última geração mantinha tudo sob vigilância 24 horas por dia. Apenas uma estrada levava à mansão, e qualquer entrega ou pessoa que chegasse era parada no início da estrada e só podia prosseguir com permissão exclusiva.

Todos os veículos dos Knight tinham vidros à prova de balas, pneus à prova de furos e um recurso para garantir a sobrevivência dos ocupantes mesmo nos acidentes mais extremos. Um heliponto havia sido colocado na parte de trás da propriedade, se necessário.

A equipe de segurança era composta pelos melhores profissionais treinados. Eles moravam no local e sua lealdade à Família Knight era absoluta.

Após muitas horas de trabalho de parto e com a tempestade rugindo durante a noite, impedindo-os de deixar a propriedade, o choro de um bebê pôde ser ouvido claramente. O médico da família, que também morava no local, saiu do quarto e encontrou Jeh Knight ansiosamente andando de um lado para o outro no corredor, à beira de perder a paciência, o que para ele era muito raro. O médico sorriu e deu um tapinha em seu ombro, informando que sua esposa estava bem, assim como sua nova filha.

Com um sorriso cobrindo todo o rosto, Jeh passou pelo médico e entrou no quarto, encontrando Charlotte nos braços de sua mãe, que parecia irradiar luz ao olhar para seu novo milagre. Ele correu para a beira da cama e se ajoelhou, verificando como estava sua esposa. Ao confirmar que ela não estava em perigo, olhou para os braços dela e viu o anjo adormecido ali. A pele clara combinando com a da mãe, cabelos escuros na cabeça, longos cílios criando sombras nas bochechas. Ele estendeu a mão para tocá-la, tomando cuidado para ser delicado. Como se sentisse a presença do pai, Charlotte estendeu a mão e agarrou seu dedo, capturando seu coração em um único movimento. No momento em que a família se uniu, a tempestade lá fora se dissipou e o amanhecer começou a surgir com raios de sol cruzando o céu, criando um brilho quente que anunciava ao mundo a chegada de alguém verdadeiramente especial.

Anos se passaram felizes na mansão. A família aproveitava cada marco juntos. Charlotte corria pela casa, mantendo todos os guardas em alerta. Charlotte só havia ganhado um joelho ralado em uma ocasião. Logo após essa pequena queda, seu pai contratou muitos outros seguranças para que alguém pudesse estar sempre ao alcance de sua preciosa filha. Os guardas estavam com ela todos os dias, tornando-se também seus companheiros de brincadeiras. Eles atendiam quase todos os seus pedidos, pois não queriam vê-la infeliz. Isso às vezes significava usar cartolas e desfrutar do chá da tarde com ela ou brincar de esconde-esconde fingindo que não sabiam sua localização exata pelo GPS. Em dias claros, ela se aventurava no jardim com suas pequenas tesouras para escolher uma flor diferente para cada um de seus guardas. Mesmo o segurança mais endurecido colocava a flor na lapela e a usava o dia todo, guardando a alegria no coração.

Sua felicidade teve um fim abrupto quando sua mãe adoeceu. Começou com uma tosse persistente e depois tirou toda a energia de sua mãe. Charlotte sabia, mesmo naquela idade jovem, que sua mãe estava definhando. Ela passava cada momento que podia com sua mãe. Queria memorizar seu rosto, o som de sua voz, seu cheiro, como era ser abraçada por ela. Queria lembrar de seu riso e do olhar em seus olhos quando ria.

Sua mãe não estaria lá para dar conselhos à filha sobre as dificuldades futuras com o amor que Charlotte enfrentaria nos anos seguintes. Se ela soubesse então, teria perguntado à mãe o que fazer quando seu amor está dividido entre duas pessoas e como fazer a escolha certa. Teria perguntado o que fazer quando a pessoa por quem você tem sentimentos acha que você não é boa o suficiente. Como ela deveria lidar com a dor de um coração partido e traçar a linha entre aqueles que não podem escolhê-la abertamente em detrimento de outros? É bom seguir o coração ou a cabeça? Quais são os movimentos certos a fazer sem se preparar para ser machucada? Como ela saberá quando o amor é verdadeiro e a pessoa é digna? Como ela pode encontrar o amor eterno que seus pais tiveram?

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