




Capítulo 4
Só saiba que eu te amo. Mais do que tudo,
Mamãe
E foi aí que a represa se rompeu. As lágrimas vieram. Ela soluçou. Soluços enormes e convulsivos que a fizeram se sentir mal. Quando parou de chorar, sentia-se completamente esgotada. Como se não houvesse mais umidade dentro dela.
Ela estava vazia por dentro.
Mas havia algo que precisava perguntar a Adam e Elisabeth. Cambaleando, levantou-se e foi até o pequeno banheiro do outro lado do corredor e jogou água no rosto.
Ela se encarou no espelho.
Não reconhecia a garota que a olhava de volta. Sair do culto tinha sido difícil. Deixar seus amigos para trás... ela pensou que isso seria a pior coisa que teria que suportar.
Acontece que ela estava errada.
Virando-se, forçou-se a descer as escadas. Adam e Elisabeth estavam sentados na sala de estar, tomando bebidas quentes.
Elisabeth se levantou rapidamente quando Ágata entrou. "Querida, posso te trazer um chocolate quente? O que você precisa?"
Ágata balançou a cabeça e tentou sorrir. Não conseguiu.
"Oh, querida."
Ela deixou Elisabeth abraçá-la. Mas era mais pelo bem da outra mulher do que pelo seu.
Porque ela estava entorpecida. Nada estava chegando até ela naquele momento.
Adam lhe lançou um olhar compreensivo. Ele entendia. Sabia como ela estava se sentindo.
Talvez.
Porque nem ela tinha certeza. Estava com raiva, depois triste, depois confusa, e agora havia... nada.
"Preciso te perguntar uma coisa," disse ela enquanto Elisabeth se afastava.
"Você pode ficar o tempo que quiser, Ágata," disse Elisabeth. "Você sabe que pensamos em você como família. Como nossa sobrinha."
Isso era realmente doce. Mas não era o que ela precisava perguntar. No entanto, fez um aceno de cabeça. Tinha sido desafiador desaprender tudo o que havia sido ensinado enquanto vivia no Acampamento.
No Acampamento, tudo girava em torno de esconder coisas do Deidade e seus Sentinelas. Esconder-se e mantê-los felizes enquanto fazia o que queria.
As coisas eram diferentes aqui fora, mas de certa forma, iguais. Sempre havia uma figura de autoridade de quem você precisava esconder coisas.
Ela molhou os lábios. "Vocês sabem de quem Mamãe está se escondendo?"
Eles trocaram um olhar, e seu coração disparou. Eles sabiam? Se soubessem... então ela poderia encontrá-los. Destruí-los.
E Mamãe poderia voltar para casa.
Então Elisabeth balançou a cabeça. "Sinto muito, querida. Nós não sabemos."
Eles estavam dizendo a verdade? Ela se virou para Adam. Ele não era um homem que mentia.
Ele fez uma careta. "Realmente não sabemos. Tentei fazer Penélope me contar tantas vezes. Quando seu pai morreu, ela ficou fora de si. Estava histérica. Trouxemos ela para cá. Tentamos fazer com que ficasse conosco. Ela ficou por um tempo. Você tinha quase cinco anos, eu acho."
Ela não se lembrava. Não deveria se lembrar?
"Você adorava meus cookies de chocolate," disse Elisabeth. "Sua mãe tinha pesadelos. Ela gritava coisas. Nomes. Mas quando eu perguntava sobre isso na manhã seguinte, ela não dizia nada."
"Então, um dia, acordamos e vocês duas tinham ido embora. Não tínhamos ideia se estavam vivas ou mortas até você aparecer de surpresa na nossa porta um ano atrás," Adam contou.
"Fomos morar com os Filhos do Divino quando eu tinha dez anos. Ou quase dez. Acho que queria uma festa de aniversário quando nos mudamos para lá e fiquei chateada quando alguém me disse que crianças não tinham festas de aniversário. Mamãe fez um bolo pequeno em segredo. Tivemos nossa própria festa privada. Ela provavelmente teria problemas se fôssemos pegas."
"Isso soa como Penélope." Elisabeth sorriu tristemente. "Ela faria qualquer coisa por você."
"Ela me deixou!" Ágata amassou as notas em suas mãos.
"Tem que haver uma boa razão para isso," disse Elisabeth.
Ela olhou para Adam. Ele estava escondendo algo dela? As pessoas faziam isso. Precisavam aprender a não subestimá-la.
Ele suspirou. "Não me olhe assim, garota. Se eu soubesse de algo, eu te contaria. Caramba, implorei para Penélope me dizer do que ela tinha tanto medo. Mas tudo o que ela dizia era que seria mais seguro para todos se ela não nos contasse o que estava acontecendo." Ele soltou um suspiro frustrado.
Ágata entendeu. Mamãe era teimosa. E protetora com ela.
Ela só nunca pensou que a deixaria.
Segurando as lágrimas, ela respirou fundo. "Ela não te disse nada?"
"Não." Ele balançou a cabeça. "Tudo o que sei é que ela está fugindo e se escondendo há muito tempo. Nem sei como ela conseguiu dinheiro para se mover como fez."
Ágata não tinha pensado nisso. Mamãe nunca trabalhou. De onde ela tirou o dinheiro?
"Talvez meu pai tivesse algum dinheiro guardado." Ela mal sabia algo sobre ele. O nome dele era Tom Cooper. Nunca usaram o sobrenome dele, e ela não sabia por quê.
Elisabeth e Adam trocaram um olhar.
"O quê? O que é?" Ela estava tão cansada de ser mantida no escuro. Talvez se tivesse pressionado mais Mamãe, ela teria contado o que estava acontecendo.
Então, não estaria nessa situação.
Você pode sobreviver a isso.
"Pelo que sabemos do seu pai, ele, bem, ele nem sempre estava do lado certo da lei," Adam revelou.
"O quê?" Ela afundou em uma cadeira. "Não."
"Sei que é difícil ouvir isso, querida," disse Elisabeth. "Tentamos tantas vezes convencer Penélope a deixá-lo, mas ela não deixava. Acho que ela o amava. Ele podia ser encantador. Muito divertido. Mas então ele tinha esse lado mais sombrio."
Isso não era o que Mamãe tinha contado. Ela disse que ele era gentil e divertido. Nunca disse que ele era um criminoso.
"Isso não é verdade! Mamãe teria me contado." Ela se levantou, a raiva pulsando através dela. Por que estavam mentindo para ela? Mamãe se foi e seu pai está morto, e tudo o que eles queriam era falar mal dele?