




Capítulo 2: Conheça Lilia
O sol nascente lançou sua primeira luz sobre a aconchegante cafeteria da Rua Principal, dando aos pisos de madeira polida e paredes de tijolos um brilho caloroso. Lilia cantarolava para si mesma enquanto limpava as janelas da frente, removendo a película nebulosa da noite. Com apenas 22 anos, Lilia praticamente administrava o The Daily Perk sozinha, gerenciando a equipe e mantendo as operações funcionando sem problemas enquanto seus pais cuidavam da parte financeira.
O pequeno sino tocou quando a porta da frente se abriu. "Bom dia, Lilia!" chamou uma voz alegre.
Lilia se virou para ver Miguel e Rosa, um jovem casal que trabalhava meio período na loja. Os olhos de Miguel se enrugaram enquanto ele sorria para Lilia, segurando a porta para sua esposa grávida.
"Oi, pessoal!" Lilia sorriu calorosamente, dando um abraço gentil em Rosa. "Mesa para dois?"
"Na verdade, faça para três," disse Rosa, acariciando carinhosamente sua barriga redonda. "Este pequeno está chutando muito hoje."
Lilia riu. "Um latte descafeinado vindo aí. E talvez um croissant de chocolate extra também," acrescentou com uma piscadela.
Ela adorava ver os mesmos rostos familiares e amigáveis iluminarem o The Daily Perk todas as manhãs. Esta aconchegante loja era seu lar - essas pessoas, sua família.
Depois de servir Miguel e Rosa com suas bebidas e doces em uma mesa de canto, Lilia se juntou a eles por alguns minutos antes da correria da manhã.
"Então, algum plano para o fim de semana?" Rosa perguntou a Lilia, soprando suavemente seu latte fumegante.
Lilia balançou a cabeça com um sorriso irônico. "Você me conhece, casada com a loja como sempre."
Miguel deu-lhe um empurrão brincalhão. "Vamos lá, Lil, você não pode passar todo o seu tempo aqui. Você deveria sair, se divertir!"
"Quem tem tempo para diversão?" Lilia riu. "De qualquer forma, gosto de me manter ocupada."
Rosa e Miguel trocaram um olhar cúmplice. "Só queremos ver você feliz, é só isso," disse Rosa gentilmente. "Já pensou em namorar de novo?"
Lilia ficou um pouco tensa com a pergunta antes de balançar a cabeça. "Depois do que aconteceu com meu último relacionamento... é melhor eu me concentrar na loja." Ela se ocupou limpando a mesa para evitar contato visual.
Percebendo seu desconforto, Miguel apertou sua mão de forma reconfortante. "Quando for a hora certa, você encontrará alguém que te mereça, Lil. Nunca se contente com menos."
Lilia assentiu, piscando para conter as lágrimas diante da gentileza de seus amigos. Por enquanto, ela tinha toda a família de que precisava bem ali. A porta da loja se abriu novamente, o sino alegre sinalizando novos clientes.
"O dever chama," disse Lilia, levantando-se da mesa. "É melhor eu voltar ao trabalho."
"Vamos começar a preparar os assados nos fundos," disse Miguel enquanto ele e Rosa também se levantavam.
Lilia foi para trás do balcão, colocando seu avental azul-marinho e seu melhor sorriso de atendimento ao cliente.
"Bom dia, bem-vindos ao The Daily Perk!" ela cumprimentou calorosamente enquanto alguns clientes se aproximavam para fazer pedidos.
Enquanto preparava cafés e chás com movimentos bem praticados, Lilia ocasionalmente lançava olhares para seus amigos trabalhando diligentemente na cozinha. Ela se sentia grata por saber que eles sempre a apoiavam.
Do outro lado da cidade, o armazém da Callahan Motors estava em plena atividade em preparação para a próxima exposição. Carros de luxo elegantes nos modelos mais recentes brilhavam sob as luzes fluorescentes enquanto os trabalhadores os poliam até um brilho intenso.
"Ela é uma verdadeira beleza, não é?"
Ryan se virou para ver o gerente do armazém, Stewart, se aproximar, sorrindo orgulhosamente. O homem mais velho e grisalho trabalhava para a família Callahan desde antes de Ryan nascer.
"Com certeza é," Ryan respondeu obrigatoriamente. Seu pai assentiu, inspecionando criticamente o protótipo autônomo que eles iriam revelar.
"O RX-9 representa o futuro dos veículos autônomos," proclamou seu pai. "Exterior elegante, interior de couro e o sistema de IA mais avançado do mercado."
Ryan caminhou lentamente ao redor do carro, passando a mão por suas contornos impecáveis. Objetivamente, era uma façanha impressionante de engenharia. Mas ele sentia a mesma indiferença em relação a isso como sentia em relação à maioria dos elementos do negócio da família ultimamente. Stewart os entretinha com as especificações e capacidades do RX-9, sorrindo como um pai orgulhoso. Ryan ouvia educadamente, oferecendo um comentário ocasional de elogio que parecia satisfazer os dois homens mais velhos.
Mas sua mente vagava, imaginando-se galopando por campos ensolarados, o vento ondulando em seus cabelos. Este armazém frio e clínico parecia mundos distantes da liberdade calorosa das terras do rancho.
"Agora aqui temos o novo Cypher SUV," continuou Stewart entusiasticamente, levando-os pelo armazém. "Capacidades de comando de voz de ponta, vistas de câmera de 360 graus e assentos mais confortáveis que sua sala de estar!"
O pai de Ryan riu aprovadoramente enquanto eles observavam o exterior polido azul meia-noite.
"E o motor dessa belezinha tem 400 cavalos de potência, então ela realmente anda," acrescentou Stewart com uma piscadela.
Ele então os guiou pelo restante da frota de luxo - cupês esportivos elegantes com interiores de couro macio, caminhonetes robustas perfeitas para off-road, sedãs imponentes destinados a viagens com motorista.
Seu pai, por outro lado, ouvia atentamente, seus olhos astutos brilhando enquanto Stewart descrevia o mercado potencial para cada modelo. Para ele, isso era apenas inventário - produtos projetados para expandir o alcance da empresa e a fortuna da família.
Depois de percorrer todo o piso do armazém, Stewart se voltou para Ryan e seu pai. "Bem, o que acham, senhores? Mais alguma pergunta?"
O pai de Ryan coçou o queixo pensativamente enquanto olhava ao redor para os veículos de luxo polidos. "Acho que isso cobre tudo por enquanto, Stewart. Você fez um excelente trabalho preparando a frota para a exposição."
O peito de Stewart se estufou orgulhosamente com o elogio.
"Este evento precisa dar aos nossos consumidores um vislumbre do futuro - um em que a Callahan Motors domina o mercado de veículos autônomos," continuou o pai de Ryan.
"Vou garantir que tudo esteja perfeito e pronto, senhor," respondeu Stewart ansiosamente. "As pessoas não vão resistir a essas belezas que vocês criaram."
O pai de Ryan deu um tapinha nas costas de Stewart. "É isso que eu gosto de ouvir!" Ele então olhou para o relógio. "Bem, Ryan e eu devemos ir. Continue com o excelente trabalho. O futuro da empresa depende disso."
Ryan levantou a mão em despedida, sua mente já vagando para pensamentos além do armazém estéril e do império de seu pai - para as possibilidades que se estendiam além do horizonte.
Naquela noite, à mesa de jantar da família Cruz, o pai de Lilia perguntou sobre seu dia enquanto serviam pratos cheios de arroz com frango.
"Foi movimentado como sempre no café," respondeu Lilia, pegando um pouco de arroz. "Mas Miguel e Rosa me ajudaram a manter tudo funcionando bem."
"Você trabalha tanto lá, querida," disse sua mãe orgulhosamente, dando um tapinha na mão de Lilia. "Mas, você já pensou mais em se estabelecer? Odeio pensar em você sozinha naquele apartamento."
Lilia deu um pequeno suspiro, já tendo respondido a essa pergunta antes. "Mamãe, estou feliz sozinha. Depois de como as coisas terminaram com o Luis, não estou com pressa de começar algo novo."
Sua mãe abriu a boca para responder, mas seu pai interveio gentilmente. "Agora querida, não vamos pressioná-la. Lil é uma jovem independente." Ele sorriu para sua filha. "Você se concentra no que te faz feliz primeiro."
"Obrigada, Papi." Lilia sorriu de volta, agradecida. Ela sabia que eles só queriam o melhor para ela, mas pretendia continuar seguindo seu próprio caminho - tanto na vida quanto no amor.
Por enquanto, seus dias no café com o cheiro de pão fresco e pessoas que pareciam família eram suficientes para mantê-la contente. Ela não tinha pressa de complicar essa vida tranquila.
"Você pode passar o flan?" Lilia pediu, sorrindo enquanto seus pais trocavam um olhar cúmplice, mas não insistiam mais. Pelo menos por hoje, eles deixariam o assunto descansar.
Mais tarde naquela noite, Lilia estava deitada na cama olhando para o teto escuro, incapaz de dormir. Sua mente continuava repetindo os comentários bem-intencionados de seus amigos e pais sobre encontrar alguém.
Ela queria isso algum dia? Um parceiro para compartilhar sua vida? Lilia não era contra a ideia - no futuro abstrato.
Lilia se virou com um suspiro, abraçando seu travesseiro com força. Ela não tinha pressa de arriscar esse tipo de dor novamente. A cafeteria era seu santuário - ela não precisava de mais nada ou ninguém. Ainda assim, uma pequena voz dentro dela sussurrava, tarde da noite quando estava sozinha - não seria bom ter alguém com quem rir? Alguém que a envolvesse em seus braços? Alguém que realmente a conhecesse, com todos os seus defeitos, e ainda a amasse?
Um rio serpenteava atrás da casa da família Cruz, fluindo constantemente sob o brilho da lua cheia. A água cintilava como seda ondulante enquanto se torcia pela natureza selvagem logo além do quintal.
Lilia frequentemente encontrava conforto sentada nos degraus da varanda dos fundos, ouvindo o murmúrio suave do rio. Ele tinha sido uma constante em sua infância - pescando com seu pai quando era menina, jogando pedras com seus amigos, com os pés balançando na margem em dias quentes de verão.
Ela podia confiar em seu caminho sinuoso, assim como devia confiar no seu próprio. Com essa sensação de calma, Lilia deslizou silenciosamente a porta da varanda e voltou para dentro para dormir.