




Capítulo 7
Os dedos de Shea se fecharam em torno da espingarda, seu aperto tão forte que os nós dos dedos ficaram brancos enquanto ela se levantava da cama. Seu coração batia forte no peito, mas ela forçou sua respiração a permanecer lenta e constante. A cabana de repente parecia incrivelmente pequena, cada sombra uma ameaça em potencial.
Ela deu um passo hesitante à frente, fazendo uma careta quando o assoalho rangeu sob seu peso. O som parecia ecoar na quietude da noite. Shea congelou, ouvindo atentamente qualquer reação do que quer que estivesse lá fora.
O arranhar continuava, agora mais insistente. A mente de Shea corria, lembrando dos olhos vermelhos que a observaram no banheiro. Seria a mesma criatura, voltando para terminar o que começou?
Outro passo. As tábuas do assoalho gemeram em protesto. As palmas das mãos de Shea estavam escorregadias de suor, dificultando manter um firme controle na espingarda. Ela ajustou seu aperto, lembrando das lições da Tia Penélope de mais cedo.
Enquanto se aproximava da porta, os sentidos de Shea pareciam se aguçar.
Ela podia ouvir o leve farfalhar das folhas lá fora, sentir o cheiro persistente de pinho que impregnava as paredes de madeira da cabana. Mas, por baixo de tudo isso, havia algo mais – um odor almiscarado, animal, que fez os pelos na nuca dela se arrepiarem.
O arranhar parou abruptamente. Em seu lugar, veio um rosnado baixo e retumbante que vibrava através da porta e diretamente nos ossos de Shea. Ela levantou a espingarda, seu dedo pairando perto do gatilho enquanto dava mais um passo à frente.
A tábua do assoalho sob seu pé soltou um rangido particularmente alto, e o rosnado lá fora se intensificou. A respiração de Shea ficou presa na garganta quando percebeu que agora estava a poucos metros da porta.
Ela se dirigiu lentamente para a porta com a espingarda. Shea congelou, forçando os ouvidos no silêncio repentino. Seus olhos se moviam rapidamente pela cabana, absorvendo as formas familiares dos móveis lançadas em sombras assustadoras.
A luz do luar filtrava-se pela janela com cortinas brancas, banhando seu rosto com um brilho suave e etéreo.
A luz prateada fazia sua pele parecer quase translúcida, destacando a tensão em seu maxilar e o brilho determinado em seus olhos.
Sem aviso, um baque pesado soou de cima, fazendo Shea sobressaltar. Sua cabeça se ergueu, o olhar fixo no teto como se pudesse ver através das tábuas de madeira. A espingarda vacilou em suas mãos por um momento antes de ela estabilizá-la, apertando o controle.
Mais sons seguiram – o ritmo inconfundível de passos se movendo pelo telhado. Os olhos de Shea acompanharam o barulho, seu corpo girando lentamente para seguir seu caminho. Os passos eram deliberados, sem pressa, como se o que quer que estivesse lá em cima soubesse que tinha todo o tempo do mundo.
Os passos pararam perto do centro do telhado, diretamente acima de Shea. Ela prendeu a respiração, músculos tensos como uma mola, esperando o próximo movimento da criatura. O silêncio se estendeu, quebrado apenas pelo batimento rápido de seu coração.
Então, muito lentamente, os passos começaram novamente. Eles se moviam com propósito agora, circulando o perímetro do telhado. Shea girou no lugar, arma levantada, enquanto seguia o som. Era como se a criatura estivesse testando-a, vendo como ela reagiria.
A mente de Shea corria, pesando suas opções. Deveria ela fugir, correndo para a noite? Ou manter sua posição, pronta para enfrentar o que quer que estivesse lá em cima? A espingarda parecia pesada em suas mãos, uma linha de vida contra o desconhecido.
Ela respirou fundo, acalmando os nervos. Com uma lentidão dolorosa, Shea se aproximou da porta. A tábua do assoalho sob seu pé soltou um rangido traiçoeiro, quebrando o silêncio tenso.
Os passos no telhado cessaram abruptamente.
Shea congelou, seu coração martelando contra suas costelas. Ela forçou os ouvidos, procurando qualquer indício de movimento. O silêncio a envolvia, espesso e opressivo. O suor brotava em sua testa, e ela resistiu ao impulso de limpá-lo, relutante em fazer o menor som.
Os segundos passavam, cada um parecendo uma eternidade. A criatura acima não dava sinal de sua presença. Teria fugido? Ou estava simplesmente esperando, pronta para atacar?
Os músculos de Shea ardiam com o esforço de permanecer perfeitamente imóvel. Seu dedo pairava perto do gatilho da espingarda, pronta para se defender a qualquer momento. Ela examinava o quarto, os olhos se movendo das janelas para o teto e de volta novamente.
A luz do luar lançava longas sombras pelo chão, e a imaginação de Shea transformava cada uma em uma ameaça potencial. Aquilo foi um movimento perto da cortina? Uma forma escura no canto?
A mente de Shea corria enquanto ela permanecia congelada no lugar, espingarda em punho. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas por sua própria respiração ofegante.
"Se controla, Shea," ela sussurrou para si mesma. "Você já enfrentou coisas piores que isso. Lembre-se do porquê está aqui."
Imagens de seu pai passaram por sua mente - seu sorriso caloroso, seu abraço protetor, a expressão de determinação em seu rosto enquanto se sacrificava naquela noite fatídica. Shea sentiu uma onda de determinação percorrer suas veias.
"Não vou deixar o medo me controlar," ela pensou. "Devo isso ao papai, à mamãe, para descobrir a verdade."
Com uma coragem renovada, Shea respirou fundo e alcançou a maçaneta da porta. O metal estava frio contra sua palma enquanto ela a girava lentamente, fazendo uma careta a cada pequeno clique do mecanismo.
Ela abriu a porta com cuidado, saindo para o ar fresco da noite. A espingarda era um peso reconfortante em suas mãos enquanto ela a levantava, mirando no telhado onde os passos foram ouvidos pela última vez.
Os olhos de Shea se moviam rapidamente, procurando qualquer sinal de movimento. Ela deu um passo cuidadoso para trás, depois outro, criando distância entre ela e a cabana. O cascalho rangia suavemente sob seus pés.
Enquanto ela se movia, o ângulo da luz do luar mudava, iluminando mais do telhado. O olhar de Shea varreu as telhas, procurando qualquer indício de uma figura à espreita. Mas à medida que a luz prateada revelava cada canto e sombra, ela viu... nada.
O telhado estava vazio.
Os ombros de Shea relaxaram com alívio enquanto ela examinava o telhado vazio. O ar da noite esfriava o suor em sua testa, e ela abaixou a espingarda ligeiramente.
Mas seu alívio foi de curta duração.
Quando ela se virou para ir em direção à casa da Tia Penélope, um movimento chamou sua atenção. Shea congelou, sua respiração presa na garganta.
Lá, na borda da linha das árvores, dois olhos carmesins brilhavam na escuridão. Os mesmos olhos que a observaram no banheiro. O aperto de Shea na espingarda se apertou, seus nós dos dedos ficando brancos.
Um rosnado baixo e retumbante quebrou o silêncio.
A criatura deu um passo à frente, sua forma maciça emergindo das sombras. A luz do luar refletia nas garras afiadas como navalhas e nos dentes reluzentes.
Os olhos de Shea se arregalaram de incredulidade enquanto a besta surgia completamente à vista. Era um lobisomem, seu pelo marrom ondulando sobre músculos poderosos.
A criatura tinha quase dois metros de altura, seus ombros curvados e os pelos eriçados.
Os lábios do lobisomem se curvaram em um rosnado, revelando fileiras de dentes amarelados. Seus olhos carmesins se fixaram em Shea, queimando com uma inteligência que enviou calafrios por sua espinha.
A mente de Shea corria. Esse era o momento - o momento que ela tanto temia e ansiava desde aquela noite fatídica treze anos atrás.
As respostas que ela procurava estavam bem na sua frente, encarnadas nessa criatura aterrorizante.
O lobisomem deu outro passo à frente, suas garras deixando sulcos profundos na terra. Shea levantou a espingarda, seu dedo pairando sobre o gatilho. Balas de prata, Tia Penélope havia dito. Mas será que ela realmente conseguiria puxar o gatilho?
Enquanto a besta se preparava para saltar, o mundo de Shea se estreitou a um ponto.
O peso da arma em suas mãos, o batimento de seu coração, os olhos carmesins perfurando sua alma.