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Capítulo 2

TREZE ANOS DEPOIS

Um ônibus roncava pela densa floresta que cercava a pequena cidade de Lockewood. Em um ponto de ônibus solitário, uma mulher na casa dos quarenta esperava pacientemente ao lado de sua van, seus olhos castanhos suaves escaneando a estrada.

O ônibus parou, e as portas se abriram. Uma jovem de traços marcantes desceu, seu cabelo ruivo captando a luz do sol filtrada pelas árvores. Quando o ônibus partiu, deixando-as sozinhas, as duas mulheres se olharam por um momento.

Então, um sorriso se abriu no rosto da mulher mais velha. "Shea!" ela exclamou, sua voz calorosa e alegre.

O rosto de Shea se iluminou com reconhecimento. "Tia Penélope!" ela gritou, correndo para abraçar a mulher. Penélope a envolveu em um abraço apertado, sua risada suave enchendo o ar.

"Oh, minha querida, é tão bom te ver," disse Penélope, afastando-se para olhar melhor sua sobrinha. "Você cresceu tanto desde a última vez que te vi."

Shea sorriu, seus olhos brilhando de felicidade. "Eu senti sua falta, tia Penélope. Faz tanto tempo."

Penélope levantou a mão para colocar uma mecha solta do cabelo de Shea atrás da orelha, sua expressão calorosa e afetuosa. "Venha, vamos te levar para casa," disse ela, guiando Shea em direção à van. "Mal posso esperar para ouvir todas as suas aventuras."


Shea colocou sua bolsa e bagagem no porta-malas da van, o metal batendo enquanto ela os guardava. Sentando-se no banco do passageiro, ela se virou para sua tia, um sorriso caloroso no rosto.

"É tão bom estar de volta," disse Shea, sua voz tingida com um toque de nostalgia. "Não acredito que faz tanto tempo."

Penélope retribuiu o sorriso, seus olhos gentis se enrugando nos cantos. "A cidade não mudou muito, sabe," ela respondeu, colocando a van na estrada sinuosa. "Ainda é o mesmo lugar tranquilo e pacífico que você lembra."

A conversa começou casualmente, com Penélope atualizando Shea sobre os acontecimentos em Lockewood. Ela falou sobre os novos negócios que abriram, a feira anual da cidade e a recente adição ao corpo docente da Faculdade de Lockewood.

Mas enquanto dirigiam, o clima mudou, e a expressão de Penélope ficou mais sombria. "E como você e sua mãe estão, querida?" ela perguntou, sua voz suave.

O sorriso de Shea desapareceu, e um lampejo de raiva cruzou seu rosto. "Nunca esquecemos o que aconteceu naquela noite, tia Penélope," ela disse, suas palavras carregadas de uma intensidade fervente. "Ainda queremos saber a verdade – o verdadeiro motivo da morte do papai."

A mão de Penélope apertou o volante, seus nós dos dedos ficando brancos. "Entendo," ela murmurou, seu olhar fixo na estrada à frente.

"É por isso que estou aqui," Shea continuou, seus olhos ardendo de determinação. "Vou entrar na Faculdade de Lockewood, e vou descobrir o que realmente aconteceu naquelas florestas todos aqueles anos atrás. Não vou descansar até conseguir as respostas que merecemos."


Tia Penélope viu o fogo ardendo nos olhos de Shea, uma determinação que espelhava a sua própria. Ela soltou um suspiro pesado, seus dedos apertando o volante.

"Eu entendo, Shea," disse Penélope, sua voz tingida com uma mistura de empatia e resignação. "Sua mãe e eu – nós duas lutamos com as perguntas sem resposta sobre a morte do seu pai. O não saber tem sido um peso constante em nossos corações."

Shea ouviu atentamente, sua testa franzida com uma mistura de antecipação e medo.

"Sua mãe... ela te contou alguma coisa?" Penélope perguntou, seu olhar encontrando brevemente o de Shea no retrovisor.

Shea balançou a cabeça, sua expressão endurecendo. "Não, ela insistiu em esperar até eu chegar a Lockewood e começar na faculdade. Ela disse que não era algo que podia explicar pelo telefone."

Penélope assentiu, seus lábios se comprimindo em uma linha fina. "Faz sentido," murmurou, seus olhos fixos na estrada sinuosa à frente. "O que aconteceu naquela noite, Shea... não é algo comum. É... extraordinário. Sobrenatural, até."

Os olhos de Shea se arregalaram, seu coração acelerando com uma mistura de curiosidade e apreensão. "Sobrenatural?" ela repetiu, a palavra saindo de sua boca com um tom de descrença. "O que você quer dizer?"

Penélope respirou fundo, sua expressão grave. "Sempre suspeitei que as criaturas que perseguiram você e seus pais naquela noite... não eram apenas animais comuns. Há uma escuridão nessas florestas, Shea, uma escuridão que faz parte da história de Lockewood há gerações."

Shea sentiu um arrepio percorrer sua espinha, sua mente correndo com mil perguntas sem resposta. O que poderia estar à espreita nas profundezas dessas florestas aparentemente tranquilas? E o que isso tinha a ver com a trágica morte de seu pai?

"Quando você chegar à faculdade," Penélope continuou, sua voz carregada de um senso de urgência, "quero que você tenha cuidado. As respostas que você procura podem ser mais... complexas do que você jamais poderia imaginar."

Shea assentiu, sua determinação agora tingida com um crescente senso de inquietação. Quaisquer que fossem os segredos que Lockewood guardava, ela estava determinada a descobri-los, não importava o custo.


A viagem pelas estradas sinuosas de Lockewood era tranquila, a folhagem densa e os pinheiros altos lançando sombras tremeluzentes sobre o asfalto desgastado. Shea olhava pela janela, seus dedos tamborilando ansiosamente contra a coxa enquanto tia Penélope navegava pela rota familiar.

Quando se aproximaram dos arredores da cidade, Penélope virou em uma entrada estreita ladeada por árvores, o carro roncando sobre o cascalho. Os olhos de Shea se arregalaram ao ver a charmosa casa de madeira, suas vigas desgastadas e a grande varanda envolvente dando-lhe um apelo rústico e acolhedor.

"Bem-vinda ao meu humilde lar," disse Penélope, um sorriso suave brincando em seus lábios enquanto ela parava o carro.

Shea seguiu sua tia pelos degraus rangentes e pela porta da frente, absorvendo o interior aconchegante. Pisos de madeira, poltronas confortáveis e prateleiras cheias de livros criavam uma atmosfera acolhedora. Penélope gesticulou para uma estrutura menor e independente nas proximidades.

"E essa é minha pequena cabana de escrita," disse ela, seus olhos brilhando. "É onde faço a maior parte do meu trabalho. Venha, deixe-me te mostrar."

Shea seguiu obedientemente sua tia, absorvendo o layout simples, mas funcional da diminuta cabana – uma mesa, uma cadeira de couro desgastada e um pequeno fogão a lenha no canto. Era um espaço sereno e isolado, perfeito para contemplação tranquila.

"Passo muito tempo aqui, apenas pensando e escrevendo," explicou Penélope. "É meu pequeno santuário."

Shea assentiu, um leve sorriso surgindo nos cantos de sua boca. "É perfeito, tia Penélope. Obrigada por me deixar ficar."

"Claro, minha querida," respondeu Penélope, estendendo a mão para dar um aperto gentil na mão de Shea. "Estou tão feliz que você está aqui. Agora, por que você não se acomoda, e podemos discutir seus planos para o semestre durante o jantar?"

Shea observou enquanto sua tia se virava e voltava para a casa principal, seus passos leves e graciosos. Uma vez sozinha, Shea soltou um suspiro pesado, seu olhar vagando pela aconchegante cabana de escrita. Este era seu novo lar, pelo menos por enquanto. Um novo começo, uma chance de descobrir a verdade sobre a trágica morte de seu pai.

Enquanto Shea começava a desempacotar suas coisas, um movimento repentino do lado de fora da janela chamou sua atenção. Virando-se, ela congelou, sua respiração presa na garganta ao encontrar os olhos de uma criatura curiosa.

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