Aviso (3)
Grace
Entro na faculdade. Todos estavam me olhando de soslaio. Eu estava caminhando pelo corredor quando ouvi risadinhas. Um grupo de garotos estava ali, e quando me viram, todos riram. O que está acontecendo? Entrei na minha sala e percebi que todos estavam fazendo a mesma coisa. Tanto faz. Suspirei.
Tenho que enfrentar isso. Sentei e tirei um livro para ler. Também precisava revisar minhas anotações. Do nada, um grupo de garotos apareceu ao meu lado. Olhei para cima e vi que estavam me encarando. Olhei para eles com uma expressão de dúvida, mas não disseram nada.
“Tá bom, o que vocês querem?” Levantei para não me sentir cercada. Eles estavam praticamente invadindo meu espaço pessoal.
“Temos que levar você.” O quê? Levar-me?
“Com licença?”
“Licença concedida.” Um deles disse, zombando de mim.
“Levar-me para onde e para quem?”
“Você vai saber.” Um deles respondeu.
“Eu não vou com vocês, para quem quer que seja ou para onde quer que seja.”
“Bem, você realmente não tem escolha. Vamos levar você com ou sem seu consentimento.” Meu coração estava disparado agora. Olhei para a porta, pensando em correr. Um cara, que estava bem ao meu lado, me lançou um olhar ameaçador e disse: “Nem pense nisso. Mesmo que você consiga escapar, o que não vai, ainda terá que voltar para a faculdade. E confie em mim, vamos pegar você antes que perceba quem fez isso. As consequências serão muito piores do que agora.” Era uma ameaça completa.
“Eu... eu vou reclamar de vocês.” Todos riram na minha cara e alguns alunos da sala se juntaram. Eles formaram um círculo, me cercando. Isso me sufocava.
“Pode tentar.” Engoli em seco. Não tenho outra opção. Tenho que ir com eles. Não tenho outra opção. Com as mãos trêmulas, peguei minha bolsa, mas um deles a arrancou imediatamente, dizendo: “Eu cuido disso para você, querida.” E então todos riram. Caminhei para os fundos da faculdade, para a floresta. Todo esse tempo, as pessoas apontavam para mim e riam. Era humilhante e vergonhoso. Não sei o que fiz para merecer isso. Quem é esse cara? Por que ele quer me encontrar?
Saímos em uma clareira na área da floresta. Era nos fundos da faculdade, escondida nas árvores. Eu não tinha visto esse lugar antes.
“Nós a trouxemos. Faça o que quiser com ela. Ninguém vai vir aqui.” Um deles falou.
Três caras altos surgiram de trás de uma árvore. Eles caminharam lentamente, me observando, e depois olharam para os garotos que me trouxeram aqui. De um lado estava um cara de ombros largos, tipo atleta, que usava um boné para trás. Ele tinha uma expressão zombeteira. Do outro lado estava um cara corpulento. Ele me olhava como se eu fosse um animal curioso em um zoológico. E entre os dois estava aquele idiota que me insultou ontem. Ele tinha as mãos nos bolsos e andava como se fosse o dono da faculdade, o que ele é. O nome desse cara é Jake.
Com um aceno de cabeça, ele gesticulou para os outros caras, que gentilmente me escoltaram até aqui, para saírem. Ele os dispensou, mas continuou me encarando. Eu sabia que tinha que escolher bem minhas palavras se quisesse manter minha bolsa de estudos.
“Você está se dando bem com os outros alunos?” Jake perguntou, me trazendo de volta do meu mundo de maldições.
“O que você quer? Nós dois sabemos que você não me chamou aqui para um bate-papo sobre minha vida.” Fechei a boca rapidamente quando percebi que tinha respondido. Sei que ele estava zombando de mim por ser a piada central da faculdade. Eu estava me xingando mentalmente por falar sem pensar quando de repente olhei para ele. Ele estava sorrindo de lado.
“Pela sua cara, sei que você sabe quem eu sou.” Ele disse e moveu as mãos atrás da cabeça, gesticulando para o prédio.
“Esta faculdade é meu reino.” Eu queria revirar os olhos com a palavra 'reino', mas me contive.
“Eu mando aqui. Nada acontece sem que eu saiba. Todos que trabalham ou estudam aqui estão sob minha supervisão. Posso fazer sua vida um inferno em segundos, só dizendo algumas palavras. Então, se você quer ficar aqui em paz, não entre no meu caminho de novo.” 'Ele é quem entrou na minha vida, não eu', mas deixei ele falar. Ele estava andando de um lado para o outro, mas quando percebeu que eu não estava reagindo, virou-se para me olhar.
“Entendeu?”
“Sim, entendi. Não vou entrar no seu caminho, nem vou tentar.” Balancei a cabeça com uma expressão séria. Tinha que alimentar o ego dele por enquanto, para que ele me deixasse em paz.
“Bom. Como foi a primeira vez e você não sabia quem eu era, desta vez vou deixar você ir com um simples aviso, mas marque minhas palavras, se você ao menos tentar...”
“Eu não vou. Eu prometo.” Eu disse. Ele me estudou por um tempo e acenou com a cabeça.
“Bom. Se você souber qual é o seu lugar e, mais importante, qual é o meu lugar, não teremos problemas. Estou sendo generoso ao deixar você ir sem fazer você pagar.”
“Ok. Então posso ir agora?” Ele olhou para seus amigos e depois para mim.
“Sim. Você pode.” O ênfase na palavra 'pode' não passou despercebido. Ele estava tentando mostrar que estava me permitindo sair. Isso realmente não importava para mim. Eu estava mais do que feliz em sair daquele lugar. Quando me virei para sair, ouvi um deles dizendo “Ela é fofa.” Suprimi meu desgosto e saí de lá o mais rápido que pude.
Durante o intervalo, fui à cafeteria para comer algo. Sentei-me em uma cadeira ao lado da janela. Estava prestes a dar uma mordida no meu sanduíche quando duas mãos apareceram nos meus ombros.
“Boo!” Angela começou a rir da sua brincadeira idiota. Enquanto isso, eu estava olhando para o meu sanduíche bagunçado. Ela se sentou do outro lado da mesa. Olhei para ela.
“Você poderia, pelo menos, fingir que ficou assustada.” Dei a ela um olhar entediado.
“Esqueça. O que aconteceu com você? Quero dizer, você sabe sobre ontem. Ouvi dizer que te chamaram para a 'zona vermelha' deles.”
“Que zona?” Perguntei, confusa.
“Zona vermelha. É o lugar principal deles onde levam qualquer um que tenta desafiá-los.” Dei a ela um olhar perplexo.
“Zona vermelha? O que há de errado com eles? Estão comandando algum tipo de máfia aqui, neste lugar? Bem, na verdade, não me surpreenderia se estivessem.”
“Você pode me contar o que aconteceu com você lá?” Suspirei.
“Nada. Eles me deixaram com um aviso. Não devo entrar no caminho deles se quiser passar meu tempo em paz aqui. E todo aquele papo furado.”
“Você teve sorte, sabia.” Olhei para ela, e ela estava olhando para fora com uma expressão séria. Virei a cabeça para ver o que ela estava olhando. Só para encontrar Jake e seus amigos do lado de fora, rindo e conversando.
“Da última vez, um cara tentou mostrar que não tinha medo de ninguém aqui. Quando a notícia se espalhou, ele não apareceu no dia seguinte. Houve rumores de que ele foi expulso desta faculdade. A zona vermelha estava coberta de sangue e a camiseta dele, a que ele estava usando no dia anterior, foi encontrada em uma árvore, rasgada.” Eu estava olhando para ela, e ela estava olhando para o espaço.
“Eles gostam disso, sabe...” Ela se virou para mim.
“... eles pegam uma coisa de suas vítimas para mostrar o que aconteceu com elas. Para mostrar a todos o poder deles sobre os outros. E essas coisas geralmente eram encontradas cobertas de sangue. Eles não se importam com o gênero. Qualquer um que mexa com eles, tem que sofrer.” Ok, agora ela está fazendo parecer que eu escapei por pouco.
“... mas vamos esquecer isso. Eles são as estrelas desta faculdade, e são adorados por todos, além de que a música deles é incrível. Hoje à noite eles vão fazer um show. Você vai comigo. Nós duas vamos nos divertir muito.” Essa mulher é louca.
“Você acabou de me dizer que eles são algum tipo de sádicos e quer que eu vá com você ao show deles.” As pessoas se viraram para nós quando minha voz ficou um pouco mais alta. Eu me abaixei e sussurrei “Se eles me virem no show, podem me ter para o jantar. Eu não vou a nenhum show deles.” Angela revirou os olhos como se eu fosse a que estava sendo infantil.
“Eles não vão te ter para o jantar, pelo menos não do jeito que você pensa. Qualquer um, literalmente qualquer um pode ir ao show deles. Isso é o que chamamos de espaço seguro. Eles evitam qualquer tipo de problema lá. Eles consideram a música sagrada ou algo assim. Eles não vão fazer nada.”
“Eu acabei de escapar por pouco deles. Não vou arriscar, ok.” Peguei meu pacote de comida e joguei no lixo mais próximo. Voltei para minha cadeira e Angela agarrou o lado da minha cadeira.
“Você vai comigo e ponto final. Além disso, eles realmente não se importam com quem vai ao show deles. Até mesmo uma daquelas pessoas que os enfrentaram no passado pode ir ao show, e eles não se importam. Confie em mim. Você vai perder muita diversão. Vamos, por favor.” Balancei a cabeça.
“Mesmo que eu queira, não posso. Não tenho carro. Tenho que usar transporte público e não é seguro viajar à noite.”
“Não se preocupe com a volta para casa. Haverá muitas pessoas. Vou pedir a uma delas, certamente alguém te dará uma carona para casa. Você não precisa se preocupar com isso. Vamos, por favor? Por favor...” Droga, ela é persuasiva. Relutantemente, concordei. Ela deu um grito de felicidade, e eu estava morrendo de preocupação. Parecia errado. Como se eu tivesse tomado uma decisão errada, mas não posso voltar atrás agora.
O que devo fazer?