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Capítulo 2

Passos ecoando nos azulejos são altos e fortes. Raiva implícita, ódio implícito. O ranger dos dentes de alguém é audível. Uma mulher sai da sala de premiação, que agora se transformou em um salão de baile. A última dança antes de encerrar a noite.

Ela deveria estar lá dentro. Dançando com os nobres, sendo uma estrela em uma multidão que parecia um mar de gente. Mas seu interesse havia naufragado. Carlie estava até enjoada de sentir o perfume da sala, que agora cheirava a lixo em seu nariz.

Ela se lançou pelos corredores. Sabendo claramente dos pequenos passos de uma mulher a seguindo por trás.

"Emma!" chamou Carlie em voz alta. Assim que estavam saindo da sala do evento, que agora ela odiava.

"Sim, Madame," respondeu Emma, tremendo de medo.

Mesmo agora, Emma não ousava olhar para Carlie. Ela não ousava olhar para a mulher. Porque sabia claramente que sua patroa estava em um acesso de raiva e cutucar um pouco mais aquele ressentimento reprimido não era uma boa ideia.

Emma ainda ama seu trabalho.

"Você sabe o que estou tentando dizer, não sabe?" perguntou Carlie, firme como uma ordem.

Emma se curvou profundamente, "sim, madame. Para ver Avoni Rodriguez."

Carlie cerrou os dentes. "Bom. Faça isso agora."


Avoni não tinha certeza do porquê de ter comparecido à cerimônia de premiação. Para confirmar sua convicção? Não, ele não precisava. Ele sabia que isso aconteceria. Então, o que havia para ver, rir de Carlie Eloise por sua derrota?

Claro, Avoni não tinha tanta coragem.

Mas uma coisa o homem sentia. O evento era como uma jaula de crocodilos. Um segundo a mais, ele queria sair da cerimônia de premiação. Temendo que o homem que ele não gostava, o homem que havia arquitetado o caos daquela noite, viesse e o encarasse. Avoni só queria ir para casa, arrependido de sua decisão de se entreter.

Mas a realidade não era tão boa quanto suas expectativas.

Avoni tremia em sua cadeira, mordendo o lábio com força, enquanto agora era confrontado pelo olhar ardente de uma mulher. Na boutique que ele visitou ontem. No lugar que a expulsou ontem. Avoni foi puxado pelos subordinados de Carlie e forçado a uma audiência com Madame Eloise que ele realmente não queria, assim que saiu do salão de baile.

Como sair da jaula do crocodilo e entrar na caverna do leão. Avoni suava de medo. Seu destino naquela noite era infeliz.

"M-madame-"

"Até eu deixar essa sua boca falar, você não tem direito de falar," ordenou Carlie, tão absoluta como sempre. Sua raiva estava claramente estampada como um jornal aberto, e Avoni nem sequer ousava olhar diretamente em seus olhos.

"Vou te elogiar um pouco, Sr. Rodriguez. Sua previsão foi certeira. Aparentemente, você não veio apenas para me humilhar ontem," disse Carlie, erguendo o queixo.

Até os subordinados que ela colocou nesta sala, Emma e dois guarda-costas, intimidavam Avoni. Essa mulher é realmente assustadora.

"Eu não gosto de conversa fiada porque eu ordeno que você responda minhas perguntas e não ganhe tempo antes que minha paciência se rompa pelo último fio fino," rosnou Carlie, pressionando com força. "Como e onde você soube que a vencedora seria Tiffany Emerald?"

A mordida nos lábios de Avoni apertou além da medida. "D-desculpe, Madame, eu não posso responder."

"Essa não é a resposta que eu quero de você!" gritou Carlie, envolta em raiva.

"Não me teste com minha paciência fina. Eu não sou uma boa mulher."

Avoni sabia claramente disso. "Eu não tenho nenhum desejo de te tentar, Madame," disse Avoni, olhando profundamente para baixo. Seus gemidos eram lamentáveis. "Eu só sinto muito, eu não poderia te contar."

Carlie se levantou da cadeira, cheia de raiva. "Minhas palavras não são um pedido, são uma ordem, Rodriguez! Diga-me!" ordenou Carlie em voz alta.

"Desculpe, mil desculpas, madame. Eu não posso falar!"

"Esta é sua última advertência para mim!"

"Madame, me perdoe."

"Rodriguez!"

"Se eu disser, então minha vida estará em perigo, Madame!"

As últimas palavras de Avoni, carregadas de medo, frustração e explosões histéricas, fizeram com que toda a sala ficasse em silêncio. O homem gemia de medo aos seus pés. Como uma criança, sendo repreendida pelos pais.

Isso é a mesma coisa que ele disse ontem. Vida em perigo. Até agora, Carlie ainda não descobriu o que as palavras de Avoni de ontem significam.

E aquela mulher fará o que for preciso para descobrir.

"Emma," chamou Carlie, sendo a primeira a quebrar o silêncio. "Deixe-me a sós com este homem."

Emma abaixou a cabeça, obediente como um animal de estimação. "Sim, madame."

Carlie estremeceu enquanto três pessoas deixavam seu espaço pessoal, deixando apenas Avoni e Carlie para desfrutar do silêncio. Claro, Avoni não poderia possivelmente desfrutar disso.

Carlie deu um passo à frente, aproximando-se de Avoni, que ainda olhava para o chão, sem ousar se mover. O medo estava estampado em todo o seu corpo. Carlie agarrou o queixo do homem, forçando-o a olhar para ela, e o medo impresso em seus olhos era mais claro do que qualquer tolo poderia ver.

Mas Carlie conhecia aquele medo. O que Avoni emitia não era inteiramente direcionado a ela. Em vez disso, era direcionado a outra pessoa.

E Carlie quer descobrir quem está intimidando um homem tão poderoso quanto Avoni, além dela mesma.

"Sua vida estará em perigo, hein?" perguntou Carlie, sorrindo ironicamente. "Nesse caso, vou te dar duas escolhas."

Avoni enrijeceu enquanto Carlie aproximava seus lábios, ao lado de seu ouvido. "Sua vida é ameaçada ao me contar, ou a vida de sua família é destruída ao ficar em silêncio assim."

O medo de Avoni disparou. "Você tem apenas 10 segundos para decidir."

"Madame," chamou Avoni em um apelo suave. "Por favor, não seja assim, Madame! Eu imploro."

"Enquanto você estava falando, três segundos podem ter passado, Rodriguez," sem nem perceber, Carlie havia deixado de chamá-lo de 'Senhor'. Porque o que estava agora na frente dela não era mais o nobre Avoni. Mas apenas um homem de meia-idade, que era lamentável além da medida.

"Oh, veja, são sete segundos," Carlie riu, olhando para o relógio na parede. "Então?"

"Madame, eu ajudo-"

"8... 9..." Um sorriso astuto e inteligente se espalhou pelos lábios de Carlie.

"Mada-"

"E dez."

Avoni arregalou os olhos de surpresa quando Carlie pegou o celular em sua bandeja e abriu a função de contatos.

"Dez segundos de espera. Sua resposta não pareceu me satisfazer. É por isso que estou tomando uma conclusão sem rodeios. Você teve uma chance, Rodriguez," Carlie riu secamente.

"Então as consequências são suas para suportar."

O rosto de Avoni estava pálido, como se ele não tivesse sangue algum, quando o nome do pai de Carlie, 'Gerald Heston', apareceu no celular da mulher. Um homem poderoso, um nobre renomado que certamente poderia acabar com a família Rodriguez com um estalar de dedos.

"Madame! Eu farei o que for preciso, mas por favor, não faça isso."

"Eu tenho duas escolhas para você. O resto não é para você decidir," disse Carlie, ampliando seu sorriso.

A satisfação em seu coração disparou enquanto o rosto de Avoni ficava cada vez mais pálido. Seu pânico era óbvio. Avoni estava encharcado de suor. Aquele pobre homem estava em meio a uma imensa frustração.

E pouco antes de Carlie apertar o botão verde em seu celular, ligando para o número de seu pai, seu escudo mais poderoso, Avoni finalmente decidiu.

"Sim, madame! Eu entendo! Eu contarei a história!" exclamou Avoni, iluminando o sorriso de Carlie e sua felicidade imediata. "Portanto, eu imploro, não contate seu pai. Minha família não é comparável à sua."

Carlie sorriu com satisfação. 'Bom, este homem entende seu lugar.'

"Então? O que você pode me contar que me fez parar, Rodriguez?" perguntou Carlie enquanto se sentava no sofá vermelho profundo. Olhando fixamente para Avoni. "Estou toda ouvidos."

A dúvida estava claramente estampada no rosto de Avoni. Mas, felizmente, este homem não era tolo. Ele sabia que não poderia fazer mais nada agora além de revelar tudo a Carlie. E isso mesmo que, depois disso, sua vida fosse extinta.

'Pelo menos minha família estará segura, mesmo que eu não esteja mais vivo.'

Ele tremeu ligeiramente em seu assento antes de Avoni finalmente decidir contar a ela. "A Madame conhece o Rei do Mundo das Sombras?"

Carlie revirou os olhos sarcasticamente. "Não estou sentada aqui para ouvir suas histórias de fantasia bobas."

Avoni balançou a cabeça rapidamente. "Não, madame. Isso não é mera fantasia," ele disse. "O mundo sombrio ao qual me refiro é a vida de seres humanos trabalhando ilegalmente. Traficantes de drogas, fornecedores de armas ilegais, traficantes de pessoas e traficantes de órgãos que operam no mercado negro."

A testa de Carlie franziu. "Você quer dizer, o trabalho da máfia?"

Até a palavra Máfia conseguiu perfurar o corpo de Avoni. "O relacionamento do meu pai é bastante forte, claro, eu também sei por ele sobre viver assim. Mas o Rei? Eu não sabia que aqueles mafiosos teimosos estavam dispostos a fazer de alguém seu governante."

Avoni engoliu em seco. "N-não o rei nesse sentido, Madame. É apenas um apelido. Rey de la Oscuridad, em espanhol, é um apelido que significa Rei das Trevas."

"Um homem tem seguido esse chamado até agora. Um homem misterioso, poucos podem encontrá-lo. Ele é o mafioso com as conexões e riqueza mais altas, o maior traficante de armas ilegais, contrabandista e fornecedor de equipamentos de guerra em centenas de países."

Avoni fez uma pausa, como se estivesse reunindo sua energia desmoronada. Aparentemente, recitar uma história sombria galvanizou sua coragem. O homem estava pingando de suor, embora seus lábios fossem os únicos se movendo.

"Por favor, do fundo do meu coração, não expanda isso, Madame. Mas eu, de fato, tenho traficado maconha nos últimos 15 anos, ao redor do Iraque, Irã, Afeganistão e Finlândia," disse Avoni em um sussurro.

A testa de Carlie franziu. "É por isso que você está tendo tantos problemas com a polícia agora?"

Avoni assentiu, embora estivesse envergonhado. "Desde 5 anos atrás, a disseminação do meu comércio foi dificultada. Naquela época, eu realmente senti que não havia saída. E, infelizmente, cometi um erro fatal."

"Eu me dei ao trabalho de ir até Rey de la Oscuridad para pedir sua ajuda. Enquanto pagava algumas condições em troca. Uma delas era nunca se expor na frente de ninguém."

Carlie levantou uma sobrancelha. A história era um pouco mais interessante do que eu esperava.

"Continue."

"Eu trabalhei sob ele depois disso, tornando-me um de seus muitos parentes," disse Avoni.

"Mas com o tempo, percebi uma coisa, Madame. Aquele homem não é humano. Ele é um demônio. O assassino mais impiedoso que o mundo já viu."

O suor escorria na testa de Avoni. Os tremores que seu corpo criava mostravam claramente o quão deprimido o homem estava, apenas contando histórias.

O Avoni Rodriguez que Carlie lembra era um homem poderoso. Um homem de muitos inimigos, mas ao mesmo tempo implacavelmente confiante. Mas agora, olhando para o medo que irradiava dele e a relutância em seus olhos, Carlie começou a pensar.

Que tipo de homem é Rey de la Oscuridad para esmagar mentalmente um homem tão forte quanto Avoni?

Ele é realmente tão ruim quanto dizem?

"Meu amigo na época, havia dois homens," disse Avoni. "E quando um não conseguiu cumprir nem uma das condições do homem..." o silêncio caiu por um momento.

"Ele foi apagado do mundo, sem hesitação."

Carlie ouviu atentamente. "Foi quando eu e outro amigo meu descobrimos que havíamos caído nas mãos do homem errado. Se possível, não apenas nossas vidas, mas também nossas famílias estão em jogo se desafiarmos seus desejos, mesmo uma vez," continuou Avoni.

"E no final, decidimos fugir dele."

Carlie levantou o queixo. "Então você conseguiu."

Avoni parecia relutante em admitir. "Eu ainda posso estar respirando hoje, mas meu amigo... foi abatido no caminho de volta para a América, de volta para sua própria família."

Avoni apertou as mãos com força ao lado do corpo. "E eu estou na mesma situação agora, Madame. Eu não ousei voltar para casa e ver meus filhos e esposa por um ano inteiro. Porque tenho medo, e se minha chegada em minha própria casa trouxer desastre em vez de transbordar de saudade? Eu não posso deixar minha família sofrer por minha imprudência."

Este homem não estava mentindo. Carlie podia ver isso. Carlie é boa em evitar cair nas armadilhas de qualquer um, e este homem, incluído.

'Ele falou honestamente.'

"Então, o que a história que você acabou de contar tem a ver com meu prêmio sendo roubado por outra mulher?" perguntou Carlie, com os braços cruzados sobre o peito.

Avoni mordeu o lábio com força. "Tifanny Emerald. Eu não sei o que aquela mulher fez, mas descobri que ela estava em contato com Rey de la Oscuridad através de dados dos meus subordinados. E ela pediu a ele para garantir sua vitória por qualquer meio necessário e, claro, ele poderia fazer isso facilmente," Avoni fez uma pausa por um momento. "Ela estava certa em tomar um prêmio que deveria ser seu."

'Que desgraçada!' Carlie estalou a língua. "Diga o nome dele."

As vibrações de Avoni se intensificaram. Esse nome era um desastre para ele.

"J-jonathan Austin," Carlie levantou as sobrancelhas de surpresa. "E-esse é o nome dele, madame."

'Aquele aristocrata dono de bares!? Que possui vários locais de entretenimento por toda a Europa?' Pelo que Carlie se lembra, ele não é um homem impressionante. Um nobre de classe média. 'Mas quem diria que, por trás de sua reputação usual, ele tinha uma vida tão ruim?'

Mais uma vez, Carlie teve uma surpresa hoje.

Avoni olhou para cima pela primeira vez hoje, conseguindo olhar Carlie diretamente nos olhos.

"É por isso, Madame. Eu pedi que você não se comportasse mal com ela ontem," ele disse, quase gaguejando. "Tifanny tem um escudo muito grande por trás dela, e perturbá-la é uma coisa muito perigosa."

O aviso de Avoni, no entanto, não parecia funcionar para Carlie. "Você está sonhando se está me dizendo para ficar quieta, Avoni."

Avoni se levantou da cadeira. Ele olhou para Carlie cheio de medo. "Eu imploro, Madame! Eu não quero que você sofra o mesmo destino que eu! Seu pai me ajudou há muito tempo quando eu estava em baixa, e agora eu quero retribuir o favor a você."

"Eu imploro que não a perturbe, Madame! Isso é muito perigoso e não vale a honra que deveria ser sua!"

Carlie riu. 'Infelizmente, vale a pena para mim.'

"Você quer retribuir o favor para mim, Rodriguez?" Carlie perguntou. "Você sabe a única maneira de fazer isso agora?"

Carlie estendeu a mão para Avoni. "Entregue todos os dados que você sabe sobre ele. Eu posso rastrear o resto sozinha."

Avoni arregalou os olhos, "você não pode, madame! Você está condenada!"

"Rodriguez," Carlie disse, erguendo o queixo. "Espero que você saiba. Sob o domínio da família Heston, qualquer empresário, até mesmo um mafioso ilegal, pode ser derrubado. Eu não serei prejudicada."

"Isso é diferente, Madame! Ele é diferente de todos os inimigos que você já conheceu!"

A testa de Carlie franziu. "Então o que? Você está dizendo que mesmo com o nome da minha família, esse homem ainda pode me prejudicar?" o silêncio de Avoni parecia concordar com a pergunta de Carlie. Carlie riu sem graça.

"Se houvesse um homem tão grande, minha família já o conheceria há muito tempo e até agora, ninguém ousou agir assim."

Avoni mordeu o lábio mais uma vez. "As pessoas no mundo sombrio não gostam de espalhar sua riqueza, Madame. Talvez a empresa exposta seja apenas uma fração do total de bens."

"Assim como aquele homem, na frente é apenas um dono de bar comum, um nobre de classe média. Mas por baixo, sua riqueza é transbordante; mesmo que o mundo inteiro o use, eles ainda são capazes de se entregar à felicidade."

Carlie levantou as sobrancelhas. "Mesmo tão grande quanto minha família?"

Avoni se curvou de medo. "Estou preocupado, talvez mais."

Foi surpreendente. Impressionante ao mesmo tempo.

Carlie não era estúpida o suficiente para não perceber. Se Avoni estava dizendo a verdade, esse homem que ela chamou de perigoso não era brincadeira. Carlie não deveria incomodá-lo. Mas, de fato, sua coragem não vacilou nem uma vez. Tiffany tem um homem tão grande para ser seu apoio, então que razão eu tenho para ceder?

Um sorriso involuntário surgiu no rosto de Carlie. Ela adorava um desafio e a história de Avoni parecia chamar por um desafio para ela amar.

"Rodriguez," Carlie chamou enquanto sorria, estendendo sua mão bonita coberta de unhas postiças.

"S-sim, Madame?"

O sorriso de Carlie era torto. "Os dados. Deixe tudo comigo."

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