




2. Destemido
O suor encharcava o corpo inteiro de Cathy. Seu rosto estava pálido e o sangue continuava a escorrer de sua panturrilha. Ela foi levada para a sala mal iluminada por Cal e Rissa.
"Mess!" ordenou Cal a Rissa, a garota de óculos. "Precisamos remover a bala antes que o ferimento infeccione."
A consequência de ser uma assassina de aluguel era a vida. Cathy sabia disso. Mas, depois de quatro missões bem-sucedidas, ela achava o trabalho muito menos estressante. No entanto, este incidente a fez perceber que não é possível matar todos.
Sua vida estava em risco. Cathy poderia ser morta por seu cliente ou até morrer nas mãos de seu alvo. O alvo poderia conhecer seu pai, e Cathy não queria envolver seu pai.
"Vai doer. Mas vai melhorar logo," disse Cal, então colocou um pano na boca de Cathy. "Ainda bem que ele não atirou na sua cabeça."
Cathy mordeu forte o pano para abafar os gritos da dor insuportável. Suas mãos começaram a agarrar a borda da cama enquanto Cal tocava seu ferimento de bala. Com a ponta de uma faca, o homem rasgou a carne ao redor do ferimento.
Os gritos de dor de Cathy se afundaram no pano enrolado em sua boca. Lágrimas rolavam por suas bochechas em um fluxo constante, suor escorrendo. Seu cabelo estava uma bagunça. Suas pernas tremiam. Cathy - uma bela assassina - estava um completo desastre. Mas uma coisa chamou minha atenção. Seus lábios ainda estavam brilhantemente vermelhos naquele estado.
A lâmina da faca continuava a cavar em sua carne até que Cathy começou a perder o fôlego e a força, e ela não conseguia mais distinguir seus gritos. Sua visão começou a escurecer e a desvanecer.
"Não perca a consciência, Cathy," alertou Rissa. "Não podemos te levar ao hospital agora."
Cathy lutava para manter a consciência que já estava no limite. Ela absolutamente não podia perder a consciência. Pois o alvo poderia ter ido a qualquer hospital em Barcelona para persegui-la. Então, uma situação como essa, em um lugar como esse, era muito mais segura.
"Cathy? Você pode nos ouvir?" A voz de Cal soava distante e ecoante. Cathy também sentia seu corpo sendo sacudido algumas vezes.
"Catharina! Diga alguma coisa!" Rissa deu tapinhas frenéticos na bochecha de Cathy.
Cathy sentiu uma dor avassaladora atingir seu cérebro. Ela não conseguia mais nem colocar oxigênio nos pulmões. Tudo inválido.
"Pegue a bandagem!"
"Ela vai desmaiar, Cal!"
"Talvez as costelas dela estejam quebradas também."
"Quem é aquele desgraçado?"
"É uma boa hora para falar sobre isso?!" gritou Cal. "Precisamos garantir que Cathy não desmaie."
"Então quando seria uma boa hora?" desafiou Rissa com um senso de inquietação. "Quando aquele desgraçado nos encontrar aqui?"
"Guarde sua raiva! Precisamos manter Cathy consciente primeiro," disse Cal.
Rissa, a garota, riu. "Não é sobre Cathy. É sobre nós! Nossas vidas estão em jogo também, Cal! E se aquele bastardo nos encontrar? De novo, essa não é minha missão. Eu não quero morrer na missão de outra pessoa!"
"Cale a boca!" Cal não conseguiu conter sua raiva contra Rissa.
"Eu não posso ficar aqui mais tempo. Eles devem estar atrás de nós."
"Vá embora, Rissa."
Cathy, apesar de sua fraqueza impotente, ainda podia ouvir a discussão barulhenta. Sua visão turva ainda conseguia ver Cal segurando a gola da camisa de Rissa. Enquanto isso, Rissa deixou a cena.
"Cathy, você pode me ouvir?" Cal confirmou enquanto tocava sua bochecha.
Cathy respondeu apenas piscando os olhos. Sua energia ainda não estava totalmente recuperada.
"Certo. Fique consciente. Eu tirei a bala."
"Obrigada..." ela gaguejou.
"Confie em mim, você será muito mais forte depois desta noite," Cal entregou a Cathy uma garrafa de água mineral.
Depois de engolir a água com a ajuda de Cal, Cathy posicionou seu corpo de forma mais confortável. A dor ainda latejava, mas com o tempo, as coisas estavam muito melhores, embora ainda dolorosas.
"Você reconhece o alvo?"
Cathy estava fraca demais para responder. Ela apenas olhou para o teto enquanto lembrava da figura do alvo. A aura fria ainda estava lá. O olhar afiado parecia capaz de arrancar seu coração.
"Então descanse um pouco." Cal limpou as ferramentas.
"Ele é um homem frio," Cathy disse em um tom trêmulo que fez Cal franzir a testa.
"Eu pensei que ele fosse um homem velho como os alvos anteriores, mas ele ainda é jovem. Na casa dos trinta, talvez?"
Enquanto Cathy começava a contar a história, Cal puxou uma cadeira para ouvir mais.
"Os olhos dele eram azul-turquesa..." Cathy ainda estava imaginando as coisas. "E aqueles olhos... eles me congelaram. Ele era tão bonito."
"Você está louca?! Você ficou encantada por ele?"
Cathy ficou em silêncio por um momento. Porque, na realidade, era assim mesmo. Também era possível que o alvo fosse a primeira pessoa a quem ela tinha elogiado pela boa aparência.
Cal riu. "Não acredito que uma assassina mortal como você ficaria encantada pela boa aparência de um homem."
"Ele também tem uma tatuagem de floco de neve nas costas e um urso polar?" Cathy estreitou os olhos. "Não tenho certeza de que animal é."
"Melhor descansar um pouco esta noite."
"Ele é membro do 88," Cathy continuou depois de encontrar uma resposta. "Sim, isso mesmo!"
"O quê?!" Cal ficou chocado. "Não podemos lidar com eles, Cat!"
"Sem problema. Vou tentar de novo."
"Você está louca?!"
"Não posso parar o que comecei, Cal."
"Pare de arriscar sua vida, Catharina!"
"Eu só tenho medo do cliente. Mesmo que não nos conheçamos por questões de segurança, e se o cliente estiver nos observando em vez de deixar por nossa conta?"
Cal massageou a testa latejante. "Vamos encontrar outro trabalho lucrativo."
"Não! Contate o cliente. Vou continuar esta missão." Cathy disse firmemente.
Ser uma descendente pura da família Beltz a fez se acostumar com as coisas acontecendo como antes. Jonathan olhava para as ruas de Barcelona por trás do vidro de seu carro de luxo.
Não era a primeira vez que algo assim acontecia com sua família. Seu irmão também havia passado por algo semelhante como chefe da Corporação 92. Jonathan entendia bem que a vida era matar ou morrer.
"Eu consegui a localização daquela vadia, senhor," disse Jayden. Ele deu a informação de que a prostituta se chamava Marta Vicenzy. O engraçado era que ela havia morrido dois anos atrás.
Jonathan riu. "Uau... muito esperta, Catharina." Ele então pediu ao seu assistente para rastrear o dispositivo de rastreamento na bala.
"Ela está em uma área remota, La Corts. Devemos ir até lá agora?"
"Não! Deixe-a se recuperar. Não gosto de lidar com pessoas doentes."
"Ela não vai fugir?"
"Ela virá até mim novamente."
Depois de chegar à sua residência luxuosa, um dispositivo no bolso de Jonathan acendeu. Ele arregalou os olhos.
"Então, você ainda quer brincar comigo, Catharina?"