




Capítulo 3: Vínculo Proibido
Silvana piscou, chocada.
“Lobisomens e bruxas estão em guerra,” ela disse. “Eu não entendo. Por que você me salvaria?”
Faróis iluminaram a janela do quarto.
“Seu pai está aqui,” disse Bruce, seus olhos demorando-se nos lábios rosados de Silvana por um longo segundo. Ela sentiu seu hálito quente e viu suas presas afiadas quando ele disse, “Deixe-me ajudá-la a ir até o carro.”
Silvana ficou sem palavras. Ser uma Bruxa Guardiã significava trabalhar contra as famílias de lobisomens. Seu pai a havia treinado para desprezar lobisomens, até ensinando-lhe feitiços para matá-los, e ali estava ela, envolta nos braços de um gigante, sendo guiada por sua casa aconchegante e saindo pela porta da frente.
Ela não se sentia pronta para partir. Ela esfregou os arranhões nas costas de Bruce e perguntou, “E você? Está machucado.”
“Eu vou ficar bem,” disse Bruce desafiadoramente. Silvana acreditou nele. O toque dele fazia seus sentidos enlouquecerem, e ela tinha dificuldade em acreditar que algo pudesse machucar alguém tão poderoso. Os dois saíram da casa de Bruce, desceram as escadas e entraram no feixe de luz dos faróis do carro. Um frio varreu a noite, e Silvana estava grata pela camisa confortável e larga de Bruce. Ela estava ainda mais grata por senti-lo ao seu lado, seus corpos aconchegados e quentinhos.
Solaris saiu do carro e mancou até a porta da frente com sua bengala. Ele foi abraçar Silvana, mas Bruce se colocou entre eles. Ele se erguia sobre Solaris e disse, “Não estrague os pontos dela.”
Silvana sentiu um arrepio com o quão protetor Bruce estava sendo. Seu coração batia tão rápido que ela pensou que suas respirações pesadas poderiam rasgar seus ferimentos. Então, novamente, isso não a colocaria de volta onde ela queria estar, na cama de Bruce?
Solaris exalou com os olhos vermelhos. Ele ainda estava de roupão e parecia desarrumado. Ele tinha estado chorando?
Solaris, pela primeira vez na vida, parecia preocupado com sua filha. Isso era tudo novo para Silvana. Ela estava acostumada a ser repreendida, mas não familiarizada com ser considerada, e ela apreciava cada segundo disso. Bruce foi o primeiro homem em sua vida a mostrar-lhe tal afeição, e ela o adorava por isso.
Mas ela não podia ter tais pensamentos!
Era proibido para bruxas e lobisomens sequer falarem um com o outro.
“Se a última coisa que eu falei com você,” Solaris disse, com as costas retas e dirigindo-se a Silvana, “fosse algo tão cruel sobre suas inadequações, eu teria ficado de coração partido.”
Solaris enxugou uma lágrima debaixo do olho. “Desculpe, Silvana,” ele disse.
Silvana segurou os soluços. Em vinte e um anos, essa era a primeira vez que seu pai se desculpava com ela.
“Está tudo bem, pai,” ela disse, mordendo a parte interna da bochecha. “Estou apenas feliz que estamos todos vivos.”
Bruce soltou Silvana e ela ficou de pé sozinha. Ele era muito mais alto que ela, mas ainda assim a olhou com um sinal de respeito, como se estivesse impressionado que, depois de tudo pelo que ela passou, ainda estivesse de pé por conta própria. Bruce manteve um braço no ombro dela enquanto ela terminava de se estabilizar e recuperar o equilíbrio. Ela segurou o lado do estômago e respirou rápido, com pequenas inspirações.
“Mantenha-a segura,” Bruce disse a Solaris, mais como uma ordem do que um pedido.
Silvana derreteu por dentro, sentindo uma atração incrível por Bruce, como se preferisse voltar para a cama dele e passar a noite em seus braços fortes do que voltar para sua própria casa e sua própria cama, sozinha. O que estava acontecendo com ela? Ela não podia simplesmente rejeitar tudo o que havia aprendido crescendo.
Solaris se aproximou de Bruce e Silvana temeu que os dois pudessem perder a cabeça e atacar um ao outro. Havia gerações de ódio entre bruxas e lobisomens, e Solaris e Bruce se encararam.
Solaris olhou para Bruce e disse, “Entenda isso, Sr. Winters. Não somos amigos, nem nunca seremos. Mas, aconteça o que acontecer entre nossas famílias, eu me lembrarei do que você fez esta noite.”
Bruce assentiu e disse a Solaris e Silvana, “É melhor vocês irem embora e nunca mais falarmos sobre isso.”
“Concordo,” Solaris disse, ajudando Silvana a ir até o carro.
Silvana pigarreou e interveio, “Eu gostaria de ajudar Bruce com seus ferimentos. É o mínimo que posso fazer.”
Solaris franziu a testa. Ele perguntou a Bruce, “Sr. Winters, você ficará bem?”
“Ficarei,” Bruce disse, lançando um último olhar para Silvana, como se estivesse a observando pela última vez enquanto ainda podia.
Bruce fechou a porta da frente de sua casa atrás de si e Silvana e Solaris fecharam as portas do carro.
Solaris não desviou o olhar da estrada enquanto dirigia.
Tudo o que ele disse durante toda a viagem de volta foi, “Você nunca está autorizada, sob nenhuma circunstância, a ver aquele homem novamente.”
Mas Silvana mal ouviu. Ela estava ocupada demais memorizando o caminho para a casa de Bruce. Mesmo com milhas entre eles, Silvana sentia uma conexão profunda com Bruce, como se, não importasse o que acontecesse, eles estivessem destinados a ficar juntos.