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Casamento e despedida

As enfermeiras do hospital privado mais prestigiado da cidade cochichavam entre si enquanto observavam a bela mulher chorar inconsolavelmente diante delas.

Laura permanecia com um olhar vazio, fixo em algum ponto distante, o rosto manchado de maquiagem e o longo vestido tingido de vermelho, dando-lhe a aparência triste de uma boneca quebrada.

Uma senhora idosa se aproximou para lhe oferecer chá. Com mãos trêmulas, tentou fazer Laura beber um pouco, mas ela não se mexeu, aparentemente alheia ao que acontecia ao seu redor.

A dor que invadia seu peito era tão imensa que ela sentia que poderia explodir a qualquer momento.

A irmã de Laura, Sarah, a observava com desdém enquanto estava de pé ao lado do corredor, braços cruzados sobre o peito, fazendo um esforço considerável para não rir.

Aquela imagem lhe parecia patética; Laura só tinha o que merecia. Luke era para ser dela; ele era atraente e o CEO mais poderoso conhecido.

Ela queria gritar na cara de Laura tudo o que sentia. O sofrimento de Laura lhe trazia total alegria; ela estava genuinamente desfrutando de ver a vida daquela simplória desmoronar.

Dentro da sala de cirurgia, Luke Lombardo lutava por sua vida. As vozes ao seu redor ressoavam em sua cabeça como estranhos ecos que ele não conseguia compreender.

Ele não queria morrer; queria ser feliz com Laura e o filho que esperavam. O destino não podia ser tão cruel; não podia acabar com sua vida naquele momento.

Suas pálpebras estavam pesadas, uma estranha sonolência o dominava. Um dos médicos se aproximou, e Luke conseguiu abrir os olhos por um momento. O homem ao seu lado pegou uma seringa, injetando seu conteúdo em seu braço.

Uma sensação de queimação invadiu todo o seu corpo. Ele tentou respirar, mas a sensação esmagadora em seu peito parecia impedir.

Logo, seus pulmões ficaram sem oxigênio. O médico se inclinou para falar discretamente em seu ouvido enquanto o corpo de Luke convulsionava.

"Eu te avisei. Não diga que eu não tomei o tempo para te alertar. Agora tudo o que você tem será meu, incluindo sua bela esposa. Mal posso esperar para torná-la minha."

Luke tentou levantar a mão para agarrá-lo pelo pescoço, mas foi inútil. Após um grito agonizante, sua vida se esvaiu.

Minutos depois, Laura gritava inconsolavelmente. O médico à sua frente abaixou o olhar, acostumado a dar esse tipo de notícia, mas aquela bela garota o comoveu.

Enquanto os avós de Laura tentavam confortá-la, o médico que havia administrado a injeção letal em Luke passou por eles despercebido. Ele se dirigiu à saída e, antes de entrar no elevador, parou. Seu olhar fixou-se na cena que se desenrolava no corredor.

Seu rosto ainda estava coberto pela máscara médica, ocultando sua verdadeira identidade. Ele sorriu sadicamente.

"Em breve, muito em breve, você será minha, e com você, todo o império Lombardo," ele sussurrou antes de desaparecer no elevador.

Laura insistiu em se despedir de seu amado Luke. Sua família era a segunda mais poderosa da cidade, então o médico não pôde negar seu pedido.

"É meu direito. Sou sua esposa; você não pode me impedir," foram as palavras que ela gritou na cara do médico momentos antes.

Seus avós e os pais de Luke assistiram enquanto a garota, depois de parecer ter perdido a sanidade, fazia um grande esforço para se despedir do amor de sua vida.

Laura sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao entrar na sala de cirurgia. As enfermeiras ainda presentes saíram rapidamente.

Com mãos trêmulas, mas determinadas, Laura abaixou o lençol branco que a impedia de ver o rosto de Luke. Ela sufocou um grito ao perceber que seu amado e apaixonado marido agora era apenas um corpo pálido e sem vida.

Ela sentiu que poderia desmaiar, mas, reunindo forças, conseguiu se manter de pé. Agarrada ao corpo de Luke, enquanto o abraçava, ela percebeu que ele já estava rígido. Colocou a cabeça em seu peito, chorando inconsolavelmente.

"Meu amor, acorde, por favor. Eu preciso de você. Não vou conseguir criar nosso filho sozinha. Por que você se atreve a me deixar assim? Você não pode fazer isso, Luke Lombardo. Eu não vou permitir. Ahhh, se você morrer, eu quero ir com você."

Algumas enfermeiras entraram um pouco depois. Laura acariciava suavemente o rosto de Luke enquanto falava com ele sobre seus planos. Sua dor estava se transformando em loucura.

"Sra. Lombardo, você precisa sair agora. Eles vão transferir o corpo do seu marido para o necrotério," uma das enfermeiras ousou dizer. Laura levantou o olhar, seus olhos vermelhos de tanto chorar, revelando sua fúria.

"Como você se atreve a nos interromper? Não vê que estamos discutindo assuntos importantes sobre nosso futuro?" Laura sempre foi uma garota doce e calma, mas naquele momento, estava fora de si.

Temendo a resposta que receberam, as enfermeiras saíram para falar com a família dela. Os avós de Laura se aproximaram assim que as viram saindo.

"A Sra. Lombardo se recusa a sair. Acho que talvez tenhamos que administrar um tranquilizante. Eles precisam levar o corpo," a enfermeira teve que escolher suas palavras com cuidado para não ofender a família.

"Minha neta só pode receber medicação que não prejudique o bebê. Ela está grávida de apenas alguns meses, e como você sabe, qualquer medicação forte colocaria o bebê em risco."

Sarah ficou furiosa ao ouvir isso. Grávida do Luke? Como ela ousa? Virou o rosto para que os avós não percebessem seu desagrado.

"Avós, vou falar com minha irmã. Talvez eu consiga fazê-la reagir. Já volto," Sarah se dirigiu à sala de cirurgia, fechando a porta atrás de si para evitar interrupções.

Os avós a observaram desaparecer atrás da porta, comentando como Sarah era doce, uma boa menina que, sem dúvida, conseguiria convencer Laura com amor e carinho.

Enquanto isso, Laura continuava a falar com o corpo sem vida do marido, e Sarah começou a rir divertidamente.

"Olhe para você, não passa de um pedaço patético de lixo. Você sempre tirou tudo o que eu queria, desde o amor dos nossos pais e avós. Você sempre foi perfeita aos olhos de todos, enquanto eu tive que me contentar com migalhas."

Laura parecia não ouvi-la. Sarah se aproximou ameaçadoramente; a mente da irmã estava perdida. Era o momento perfeito para dizer tudo o que sentia.

"Luke deveria ter sido meu. No entanto, como tudo de bom, você o tomou para si. Sabe, tenho que confessar que te odiei a vida toda. Fiquei muito feliz quando nossos pais morreram. Mesmo sendo apenas uma criança, eu podia perceber que eles preferiam você."

"Luke, meu amor, vamos, acorde. Não seja preguiçoso. Ainda temos que levar algumas coisas para nossa casa. Não posso fazer isso sozinha; preciso de você." Em sua inconsciência, Laura sorriu para o marido, enfurecendo ainda mais Sarah.

"Sua lunática maldita, fique longe dele. Você nem quer deixá-lo ir, mesmo morto." Sarah deu dois tapas fortes no rosto da irmã. Ao contrário do que esperava, Laura nem se mexeu.

"Ugh, você não passa de lixo." Sarah cuspiu na irmã e saiu apressada. Laura era um caso perdido; não valia a pena continuar insultando-a. Se não a fazia sofrer, não valia a pena.

O médico e as duas enfermeiras entraram logo depois, administrando um tranquilizante em Laura. Era uma medicação leve que não afetaria seu pequeno bebê, mas a faria dormir por um tempo para mantê-la calma.

Enquanto isso, em outro lugar, em uma sala fria, um homem jazia em uma cama, cabos conectados ao seu corpo o ligavam a enormes máquinas que o mantinham vivo.

Dimitri Petrov permanecia pálido e imóvel, estando em coma há quatro anos. Os médicos deram apenas duas opções ao seu pai: desconectá-lo e deixá-lo descansar em paz ou mantê-lo ligado a um ventilador.

Três anos se passaram desde que o médico informou ao pai que não havia nada a ser feito por seu filho; ele estava em estado vegetativo.

Uma bela garota chorava inconsolavelmente, de pé ao lado da cama.

"Eles não podem fazer isso. Dimitri é filho deles. Eu sei que ele vai acordar; sinto isso no meu peito." Yulia abraçava o corpo inerte de Dimitri.

"Você acha que é fácil para mim desconectar meu filho? É egoísmo nosso nos agarrarmos a mantê-lo vivo. Aquela maldita máquina à qual ele está ligado é a única razão pela qual ele ainda está vivo."

Um médico e uma enfermeira entraram na sala logo depois.

"Está pronto, senhor? Você sabe que, uma vez que removermos o respirador artificial, não haverá volta. Seu filho morrerá instantaneamente."

Boris Petrov, com toda a dor no coração, assentiu. Era hora de deixar seu filho partir. Ordenou a dois seguranças que escoltassem a garota para fora. Ela resistiu; não podia deixar Dimitri sair deste mundo sem se casar com ele e garantir seu futuro.

"Você é um pai terrível, Boris Petrov. Seu filho nunca vai te perdoar pelo que você decidiu," ela gritou em desespero enquanto lágrimas rolavam por suas bochechas.

Boris abaixou o olhar. Ele acreditava que essa garota amava profundamente seu filho. Ela havia se mudado para a mansão para cuidar dele desde o acidente. Era impossível para o homem conhecer seus verdadeiros motivos.

O médico realizou os procedimentos necessários para desconectar Dimitri. O bip de algumas máquinas cessou. Um silêncio pesado invadiu a sala de repente. Minutos depois, a única máquina à qual ele ainda estava conectado anunciou sua partida.

Uma linha reta na tela era o sinal claro de que ele se foi. Boris abaixou o rosto; lágrimas foram contidas. Um general aposentado como ele não podia se dar ao luxo de mostrar fraqueza aos outros, mesmo que isso significasse a morte de seu único filho.

O médico estava prestes a remover os eletrodos que conectavam o corpo de Dimitri à máquina quando, de repente, as linhas na tela começaram a se mover. O batimento rítmico de um coração podia ser ouvido.

Boris colocou as mãos sobre o peito; ele não podia acreditar. Imediatamente se aproximou de seu filho. Dimitri abriu os olhos, sentindo-se confuso.

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