5. Tem que ser ilegal sorrir assim.
Uma semana depois.
A PRIMEIRA VEZ que Julia recebeu um bilhete dizendo que Lorde Tonfield estava pela casa, ela ficou radiante de felicidade. Pediu que preparassem um banho, banhou-se em água de rosas e vestiu um de seus melhores vestidos.
Julia mandou trazer a carruagem e levou sua criada e seu lacaio com ela. Estava eufórica de medo e excitação ao mesmo tempo.
Enquanto o mordomo, George, a conduzia do corredor para a sala de estar, ela podia ouvir suas vozes. A única razão para estarem na sala de estar e não no escritório devia ser porque Sebastian estava ajudando-a de sua maneira peculiar. Ela estava grata.
"Lady Julia Cavendish," George anunciou aos ocupantes da sala. Com as costas retas e o queixo erguido, Julia entrou na sala e observou o ambiente. Lorde Tonfield e Sebastian levantaram-se rapidamente de seus assentos, curvando-se notavelmente, pegando sua mão estendida e beijando-a em turnos.
Sebastian foi o primeiro a falar. "Minha senhora, é tão bom vê-la novamente," ele disse.
Sorrindo para ele, ela murmurou, "você também, meu senhor," abaixando os olhos para o chão, um retrato de inocência.
"Acredito que você não conheça meu amigo, Cole Fletcher, o Conde de Tonfield." Virando-se para Cole, ele disse, "Tonfield, permita-me apresentá-lo, lady Julia Cavendish."
"É um prazer conhecê-la," Cole disse e curvou-se sobre sua mão. "No entanto, não posso deixar de notar que você não está com sua acompanhante," ele afirmou friamente. Sebastian abriu a boca para responder, provavelmente para defender Julia, mas ela foi mais rápida.
"Por que, meu senhor? Seria uma preocupação que detecto em sua voz, ou talvez, você esteja um pouco preocupado com minha reputação? Qual é?" Cole abriu a boca para falar, mas Julia ainda não havia terminado seu discurso.
"Não me diga, você é uma daquelas pessoas que acham que um pouco de flerte e um beijo aqui e ali poderiam arruinar uma mulher. Se for assim, devo acreditar que metade das damas de Londres já estariam arruinadas," ela disse, olhando para Cole como se esperasse uma resposta.
Cole lançava olhares desesperados para Sebastian, como se apenas ele pudesse tirá-lo da situação em que se encontrava. Quando Sebastian não mostrou nenhum sinal de ajuda, apenas sentou-se e os observou, ele sabia que tinha que se salvar. Olhando para Julia, ele temia falar com ela. Não sabia qual resposta ela esperava dele. Ela parecia que, se ele dissesse as palavras erradas, ela arrancaria sua cabeça.
A essa altura, Sebastian estava sorrindo. Ele estava gostando disso! Maldição! Ele estava gostando do desconforto dele. Empurrando Sebastian para o fundo de sua mente, Cole pensou cuidadosamente no que queria dizer.
"Suponho que um pouco de flerte não faria mal à reputação de nenhuma garota." Ele sabia que sua resposta estava certa quando um sorriso lento gradualmente se espalhou pelo rosto dela. Ela estava praticamente radiante. Baixou os olhos e olhou para ele por baixo dos cílios.
Pela primeira vez, desde que foi apresentado a ela, Cole notou como ela era bonita. Julia era uma mulher linda. Ela tinha o cabelo mais bonito que ele já tinha visto, vermelho, muito vermelho contra seu rosto pálido com olhos azuis como o oceano.
Quando ele tentou ver a boca dela, para realmente descobrir sua cor, se era vermelha ou rosa, foi rapidamente trazido de volta à realidade. Sebastian havia chamado seu nome de forma rude. Isso deve ter sido o motivo pelo qual ele se assustou. O que estava acontecendo com ele? Olhou ao redor da sala e notou que Vicky já estava lá, envolvida em uma conversa com Julia, algo sobre o último livro que ela tinha acabado de ler.
Focando sua atenção em Sebastian, que estava ocupado franzindo a testa para ele. Ele tinha uma expressão como se quisesse dar uma surra em Cole. Ele deu uma última olhada rápida em Julia antes de tentar iniciar uma conversa com Sebastian. Desta vez, Sebastian estava visivelmente fulminando-o com o olhar. Se antes ele não tinha certeza, agora tinha. Ele estava encarando-o. Se Cole fosse um homem menor, o que não era, estaria se contorcendo na cadeira de medo, além disso, conhecia Sebastian há metade de sua vida.
Endireitando os ombros, ele encarou Sebastian de volta, e assim, ele saiu do que quer que fosse aquele humor negro que o devorava e riu. Ele realmente deu uma boa risada porque tanto Julia quanto Vicky pararam a conversa e o olharam. Isso só o fez rir mais, e antes que Cole percebesse, estava rindo tanto, sem nem saber por quê, apenas que Sebastian o fez querer rir, e fazia tanto tempo que ele não dava uma boa risada.
Vicky e Julia os olhavam como se finalmente tivessem perdido a cabeça. Ignorando-as, ele tentou parar de rir, e quando finalmente conseguiu, olhou para Sebastian e murmurou, "Obrigado. Eu precisava disso."
Sebastian apenas deu de ombros e disse, "Feliz em ser útil."
SEBASTIAN ESTAVA IRRITADO, e estava com raiva de si mesmo. Quase tinha dado uma surra em seu amigo ontem, tudo porque ele estava olhando para Julia como uma criança perdida que acabara de ver o brinquedo mais bonito. Ele nem sabia por que estava com raiva, talvez, quisesse ser aquela criança para poder olhar para ela o quanto quisesse. Droga! Ela nunca tinha sorrido para ele daquele jeito antes. Talvez ele quisesse isso, talvez quisesse ser aquele em quem ela faria planos.
Ele nem sabia o que queria dela, mas com certeza não queria que ela distribuísse sorrisos assim para qualquer outro homem que não fosse ele. Maldição! Tinha que ser ilegal sorrir daquele jeito, ele pensou, passando a mão pelo cabelo e bagunçando-o.
De onde estava sentado no salão de jogos bebendo cerveja, avistou uma silhueta familiar. Droga! Sebastian praguejou baixinho e virou a cabeça naquela direção, apertando os olhos para ter uma visão melhor. Sebastian viu Julia se dirigindo à mesa de cartas, onde jogavam faro, e franziu a testa. Cole estava sentado lá jogando com outro lorde. Ele seria amaldiçoado antes de deixá-la ir até lá. Interceptando-a, ele a arrastou para outra mesa preparada para faro enquanto se desculpava com os homens que lançavam olhares curiosos.
Se ela fosse jogar, que jogasse com ele. Ele queria tirar todo o dinheiro dela, assustá-la e garantir que ela nunca mais voltasse ali.