




7
Virei-me para ver um homem sorrindo para mim. Ele tinha olhos castanhos, uma barba por fazer, sardas e estava vestindo uma camiseta branca justa combinada com calças de moletom pretas e tênis Nike Airmax. Franzi as sobrancelhas, certa de que ele tinha confundido a pessoa, porque não havia como ele estar falando comigo.
"Posso te ajudar?" perguntei timidamente, tossindo.
"Eu te vi entrando no shopping e nĂŁo pude deixar de notar como vocĂŞ ĂŠ bonita," ele disse de forma tĂmida.
Senti meu rosto corar intensamente. Eu nem sabia o que dizer.
"Ahhh," murmurei. "Obrigada."
"Eu estava me perguntando se poderia pegar seu nĂşmero?" ele sorriu com uma voz rouca.
"Eu nĂŁo costumo dar meu nĂşmero para estranhos," disse rapidamente, convencida de que estava me envergonhando e parecendo uma idiota.
"Se nos conhecermos, nĂŁo seremos mais estranhos," ele sorriu de forma sedutora. "VocĂŞ acha que vou deixar uma garota bonita como vocĂŞ simplesmente ir embora?"
Fiquei surpresa.
Eu realmente não estava acostumada a esse tipo de atenção...
Provavelmente porque eu mal saĂa de casa.
Lembrei-me de como os caras se aproximavam de mim assim quando eu estava na universidade, mas isso foi hĂĄ tantos anos.
Eu nem sabia mais como falar com as pessoas sem me fazer de boba.
Ele era bonito, isso eu tinha que admitir...
"E entĂŁo?" ele sorriu. "O que vocĂŞ me diz?"
"VocĂŞ parece ser legal e tudo, mas eu tenho um marido," murmurei desajeitadamente.
"NĂŁo acredito!" ele disse incrĂŠdulo. "VocĂŞ parece muito jovem para ser casada."
"Tenho vinte e oito anos," admiti.
"Tenho trinta," ele sorriu. "Acho que deveria ter notado a aliança no seu dedo."
"Acho que deveria mesmo," murmurei.
Ele soltou uma tosse, parecendo envergonhado por ter sido rejeitado. NĂŁo pude deixar de soltar uma risadinha. Fazia tanto tempo que alguĂŠm nĂŁo dava em cima de mim, e isso estava me divertindo. Se eu era tĂŁo gorda e feia segundo Bruce, entĂŁo por que estavam dando em cima de mim?
"Deixa disso, Riccardo," veio uma voz grave de trĂĄs de mim, me fazendo pular. "Deixa a pobre garota em paz."
"Eu sĂł estava me divertindo um pouco, cara," 'Riccardo' sorriu. "Te perdi na Primark. Acabei me perdendo."
Encontrei-me coçando o braço de forma desajeitada, enquanto Riccardo e seu amigo continuavam a conversar.
"De qualquer forma, preciso ir ao banheiro," Riccardo suspirou. "Vou estar nos banheiros."
Ele se virou, e pude ouvir o homem atrĂĄs de mim soltar uma risada enquanto seu amigo se afastava.
"VocĂŞ vai ter que perdoar meu amigo. Sei que ele pode ser um pouco intenso," ele riu.
NĂŁo pude deixar de soltar uma risadinha quando ele disse isso. Por alguma razĂŁo, a voz desse homem me parecia incrivelmente familiar. Senti arrepios subirem pelas minhas costas...
E sĂł havia um homem que jĂĄ tinha tido esse efeito sobre mim...
Respirei fundo, meu coração batendo forte no peito, enquanto lentamente forçava meu corpo a se mover para me virar e encarar esse homem misterioso. Querendo ver quem era. O rosto por trås da voz...
E quando o fiz, senti como se fosse desmaiar.
Meu entorno se desfocando ao meu redor.
NĂŁo conseguindo acreditar nos meus prĂłprios olhos...
"Sofia?!" Arturo gritou.
"Arturo?!" eu ofeguei.
Senti meu peito se apertar, enquanto levava as mĂŁos ao rosto em terror.
Isso nĂŁo estava acontecendo.
Isso nĂŁo estava acontecendo...
4
arturo
Sofia Martinez.
Minha ex-namorada.
Eu amava essa mulher...
Eu a amava com todo meu coração.
Todos aqueles anos atrĂĄs...
Na universidade.
Ăramos um casal inquebrĂĄvel.
Nos encontrĂĄvamos em segredo...
Ela tinha pais rigorosos e controladores.
O que significava que ambos tĂnhamos que matar aula sĂł para passar o dia juntos...
Ela coçou o braço de forma desajeitada, enquanto meus olhos queimavam nos dela.
Incapaz de acreditar que isso estava realmente acontecendo.
Incapaz de acreditar que isso nĂŁo era um sonho.
Ela estava realmente aqui...
Parada na minha frente.
E isso estava mexendo com minha mente a ponto de nĂŁo ter mais volta.