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5

Eu me olhava no espelho, me perguntando o que havia de errado comigo.

O que era que me tornava tĂŁo maldita e pouco atraente para o meu prĂłprio marido?!

Fiquei me encarando por horas, e de repente passei a odiar a visĂŁo de mim mesma.

Critiquei cada maldita caracterĂ­stica minha.

Minha bunda era grande demais...

Minhas coxas eram grossas demais.

Minha barriga era muito gorda...

Meus peitos pareciam inflĂĄveis.

Eu nĂŁo era como aquelas modelos super magras que vocĂŞ via nas revistas,

Com cinturas fininhas,

Pernas esbeltas...

Espaço entre as coxas.

E isso me deixava puta da vida.

Meu prĂłprio marido nĂŁo conseguia me olhar.

Minha cabeça começou a latejar de dor, parecia que ia explodir, enquanto a raiva e a mågoa inundavam meu corpo, chegando à superfície.

Eu soquei o espelho,

Repetidamente,

VĂĄrias e vĂĄrias vezes.

AtĂŠ que meus nĂłs dos dedos ficaram vermelhos...

Meus dedos ensanguentados.

Eu nĂŁo aguentava mais isso.

Me odiando tanto...

E o homem que deveria me amar...

TambĂŠm me desprezava.

Soltei um grito de gelar o sangue, sentindo que tinha chegado ao meu limite.

À beira da insanidade.

Desabei no chão, me balançando para frente e para trås enquanto soluçava.

As lĂĄgrimas e o sangue se misturando.

Minhas lĂĄgrimas pingando no chĂŁo em pequenas gotĂ­culas.

Plic.

Ploc.

Plic.

Ploc.

Parecia que eu nunca pararia de gritar.

Eu estava enlouquecendo.

Eu estava enlouquecendo...

Tremendo, me levantei do chĂŁo do banheiro e lentamente voltei para o quarto. Eu sabia que nĂŁo podia ficar no banheiro o dia todo. Eu precisava dormir...

Deslizei para a cama e vi que Bruce jĂĄ estava dormindo profundamente.

Eu tinha ficado horas gritando e chutando no banheiro...

E ele nem se importou.

Ele nĂŁo se importava comigo.

Ele nĂŁo se importava comigo de jeito nenhum.

Continuei sentindo meu coração se retorcer, fazendo o possível para segurar as lågrimas. Achei que tudo o que eu podia fazer era dormir...

E esperar que ele esquecesse tudo atĂŠ amanhĂŁ de manhĂŁ.

Eu me sentia tĂŁo envergonhada depois de hoje, que nunca mais me exibiria de lingerie na frente dele.

Mas eu sabia que, depois do que ele disse, eu nĂŁo conseguiria dormir nem um minuto essa noite.

Eu iria me revirar a noite toda...

As palavras dele se repetindo na minha cabeça, como uma forma de tortura.

3

sofia

SĂĄbado de manhĂŁ.

Eu nĂŁo consegui dormir nem um minuto a noite toda, como eu tinha previsto. Bocejei alto, desejando que meu corpo descansasse, mas ele nĂŁo descansava. Revirei os olhos com raiva, me mexendo na cama, para ver que Bruce jĂĄ estava acordado ao meu lado, mexendo no celular.

“Bruce?” murmurei.

Ele nĂŁo respondeu, continuando imerso no celular.

“Bruce!” repeti com raiva.

Bruce revirou os olhos amargamente, virando-se para me encarar.

“O quê?” ele rosnou.

“Podemos sair hoje?” murmurei. “Faz tanto tempo que não saio.”

E era verdade. Fazia mesmo. Eu estava sempre no quarto ou no trabalho, e isso estava me enlouquecendo.

Eu sabia que Bruce provavelmente diria nĂŁo, mas valia a pena tentar.

“Desculpa, vou trabalhar,” Bruce deu de ombros.

“Num sábado?” neguei, cruzando os braços com irritação.

“É necessário, amor,” Bruce retrucou rapidamente.

Soltei um suspiro profundo, com uma expressão tímida no rosto. Me sentindo miseråvel de novo. Meu coração parecia que ia explodir de tanto dar voltas e voltas com meu maldito marido.

“Não começa a chorar de novo!” Bruce suspirou exausto. “Você sabe que eu preciso trabalhar.”

“Nós nunca passamos tempo juntos,” disse timidamente. “Por que você acha que tentei te seduzir ontem?”

Bruce fez uma careta.

“Você nem cozinhou nada pra mim,” ele retrucou.

“Mas eu cozinhei,” respirei. “Se você tivesse olhado direito na cozinha, teria visto que deixei curry e pão naan pra você.”

O rosto de Bruce caiu, parecendo um pouco culpado agora. Ele soltou um suspiro pesado, seu peito subindo e descendo.

“Desculpa,” ele disse secamente. “Vou compensar você. Só estou com muita coisa na cabeça.”

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