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“Isso mesmo, Sofia,” murmurei. “Afogue suas mágoas na comida como você sempre faz.”

Revirei os olhos com raiva, lågrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto continuava a enfiar as fatias na garganta. Eu nem estava com fome, mas me forçava a comer, desejando encontrar conforto em algo, jå que meu marido não conseguia me proporcionar isso.

“Sofia, você deixou minha comida pronta?” veio uma voz. “Melhor que essa vadia não esteja dormindo.”

Eu me sobressaltei, chocada por ele estar em casa. Senti meu coração bater forte no peito, de repente queimando de nervosismo. Eu ainda estava de lingerie. Rapidamente coloquei o bolo de lado, limpando as migalhas e as lågrimas do rosto, tentando não parecer um desastre.

Por mais irritada que eu estivesse com Bruce, queria consertar as coisas com ele. Fazer tudo voltar a ser como antes.

Rapidamente me recompus, pronta para seduzi-lo da melhor maneira possível. Tentando empurrar minhas emoçþes tristes e miseråveis para o fundo da mente, e focar no aqui e agora.

Eu tinha comprado uma lingerie tĂŁo cara para ele...

SĂł esperava que ele apreciasse.

Bruce entrou na cozinha, e eu soltei um suspiro que nem sabia que estava segurando. Bruce era um homem alto, com cabelo preto, uma barba ĂĄspera e pele pĂĄlida. Ele esfregou o queixo pensativo, enquanto olhava ao redor da sala, evitando me olhar. Senti-me magoada, nĂŁo esperando que ele ainda estivesse tĂŁo bravo e irritado mesmo depois de me ver assim.

“Por que você está na cozinha só de lingerie?” Bruce cuspiu amargamente.

Eu podia sentir meu peito subir e descer. Tentei ao måximo consertar a situação.

“Queria te surpreender,” admiti timidamente.

“O que tem para o jantar?” Bruce perguntou, estreitando os olhos.

“Sou eu,” disse confiante. “Eu sou o jantar.”

Bruce deu um passo para trås, parecendo repugnado com a ideia. Senti meu coração saltar para a garganta. Mordi o låbio tentando impedir que as lågrimas escorressem pelo meu rosto. Não podia deixar Bruce me ver chateada.

“Pare de se envergonhar, Sofia,” Bruce zombou, revirando os olhos.

“Você não gostou?” murmurei. “Comprei isso para você.”

Dei passos em direção a ele, tentando tocar seu braço, mas ele me afastou.

“Quer dizer, é bonito,” Bruce deu de ombros, “mas não é realmente você, é?”

Eu me afastei, franzindo as sobrancelhas.

“O que isso quer dizer?” perguntei com a voz embargada.

“Você andou lendo seus patéticos romances eróticos de novo?” Bruce rosnou.

“O quê?” sussurrei.

“A vida real não é um conto de fadas, Sofia,” Bruce cuspiu amargamente. “Eu cheguei em casa depois de um longo dia de trabalho, esperando que minha esposa tivesse comida pronta para mim. Em vez disso, ela está pelada na cozinha, como se sexo fosse a única coisa que ela tem a oferecer!”

Tapei o rosto com as mĂŁos, mortificada. Ele brigava comigo incessantemente, e eu podia sentir meu interior se contorcer em nĂłs, enquanto meus olhos se enchiam de vergonha. Eu nĂŁo conseguia respirar.

Eu nĂŁo conseguia respirar.

“Pelo jeito que seu corpo está agora, não é de se admirar que você nunca me deixe comida,” Bruce sibilou. “Está claramente indo tudo para a sua barriga.”

Desta vez, não consegui segurar os soluços. Eu estava tão chateada que podia sentir fisicamente a dor. Cada uma de suas palavras me atingia como uma maldita faca. Era como se alguÊm tivesse disparado um milhão de adagas direto no meu peito, e estivesse torcendo-as. Meu marido era o único homem que me via nua, e me chamava de gorda. Fazendo-me sentir completamente inútil.

“Malditas mulheres!” Bruce gritou, enquanto me via sair correndo da sala.

Corri para o banheiro, me sentindo humilhada.

Essa era a última reação que eu esperava dele.

Achei que ele iria me apreciar...

Apreciar o esforço que fiz.

Mas ele sĂł me fez sentir uma merda.

Minha visão ficou turva, enquanto continuava a se nublar com lågrimas. Dei passos em direção ao espelho do banheiro, meu coração pesado.

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