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Capítulo 4: Call of Duty

Em um canto remoto do campo, aninhado entre árvores imponentes e vegetação exuberante, erguia-se a silhueta imponente de uma grande mansão. Esta era a casa de Seth Griffin, Alfa da alcateia Moonlit e Alfa dos Alfas neste continente.

Seth estava sentado em seu escritório, curvado como se seus ombros literalmente sentissem o peso das responsabilidades de sua liderança. Suas feições estavam marcadas pela determinação enquanto discava um número familiar em seu telefone. Ele vinha adiando essa conversa por tempo demais, mas a hora havia chegado para passar o bastão para a próxima geração. Até mesmo Seth não podia mais negar esse destino.

O telefone tocou várias vezes antes de ser finalmente atendido do outro lado. Uma voz masculina e profunda respondeu com um tom de irritação.

“Vovô.”, disse.

Seth suspirou pesadamente, sabendo que ele era o culpado pela relação tensa entre os dois. Um dos muitos que ele prejudicou ao longo do caminho por sua ganância por poder e riqueza. Ele sabia que seu neto o tolerava apenas por causa do estilo de vida que o dinheiro do avô podia proporcionar.

“Sebastian.”, Seth cumprimentou seu neto.

“Seth.”, a voz de Sebastian era curta, seu tom refletindo a relação tensa entre eles. Ele sabia que seu avô estava orgulhoso de tudo o que ele havia conquistado, embora raramente demonstrasse, mas Sebastian não podia deixar de sentir amargura pela maneira como Seth permitiu que seu pai agisse.

“Sebastian, preciso que você venha para casa.”, disse Seth, indo direto ao ponto. Ele não tinha tempo para gentilezas, não quando o futuro da alcateia estava em jogo. Além disso, conversa fiada não enganaria Sebastian de jeito nenhum.

Sebastian riu do outro lado da linha.

“Voltar para casa? Por quê? Já te disse antes, vovô, não tenho interesse em ser Alfa. Tenho minha própria vida aqui na cidade.”

A mandíbula de Seth se apertou diante da resistência de seu neto, mas ele lutou para manter a calma.

“Isso não é sobre o que você quer, Sebastian. É sobre o que precisa ser feito pelo bem da nossa alcateia. Você é o herdeiro, e é hora de assumir suas responsabilidades.”

Sebastian riu alto.

“Chame o papai.”, respondeu secamente.

Seth suspirou. “Você sabe que seu pai não seria um bom líder para esta alcateia e todas as outras. Ele não será capaz de assumir todas as responsabilidades.”, respondeu o mais educadamente que pôde.

A voz de Sebastian estava carregada de sarcasmo. “Responsabilidades? Como as que você vem negligenciando todos esses anos? Não, obrigado, vovô. Prefiro não seguir seus passos.”

Seth cerrou os punhos, lutando para conter sua frustração. “Cuidado com o tom, garoto. Você pode não se importar com nossa alcateia e o título de alfa dos alfas, mas eu me importo. E não vou deixar você arruinar tudo o que construímos.”

A risada de Sebastian foi amarga. “Arruinar tudo? Do meu ponto de vista, parece que você já fez isso sozinho.”

Seth sentiu uma pontada de culpa com as palavras do neto, sabendo que havia verdade nelas. “Isso não é sobre mim, Seb. É sobre a alcateia. A alcateia Moonlit precisa de um líder forte para guiá-los para a nova geração, e você é o único que pode preencher esse papel. Você e eu sabemos que seu pai não é capaz disso.”

Ele não estava acostumado com esse nível de honestidade vindo de seu avô. Quase parecia arrependimento ou culpa. A voz de Sebastian suavizou um pouco, um toque de vulnerabilidade se infiltrando em sua habitual bravata diante da honestidade do avô.

“Eu não sou como você, vovô. Não quero ficar preso a alguma tradição ultrapassada. Tenho meus próprios sonhos e ambições.”

O olhar de Seth endureceu, sua determinação inabalável. “Sonhos e ambições não protegerão nossa alcateia das ameaças que espreitam nas sombras. É hora de deixar de lado seus desejos egoístas e pensar no bem maior. Tolerei seu comportamento por tempo demais.”

Sebastian suspirou pesadamente, sua frustração evidente na voz. “E se eu recusar? O que então, vovô?”

A voz de Seth tornou-se fria e inflexível ao entregar seu ultimato. “Se você se recusar a voltar para casa e assumir seu lugar como alfa, então não terei escolha a não ser nomear outra pessoa, talvez Adam. Cada centavo e todo o poder pertencente ao título de alfa serão dele. Você não terá direito aos nossos recursos ou proteção.”

O coração de Sebastian disparou com as implicações das palavras de seu avô. Sim, ele construiu uma empresa de sucesso, mas o que a maioria não sabia é que Seth possuía a maior parte dela. Se todo aquele dinheiro fosse da alcateia, então a propriedade de sua empresa passaria para o próximo alfa. Sebastian preferiria morrer antes de responder a Adam.

“Tudo bem.”, Sebastian finalmente cedeu, sua voz pesada de resignação. “Vou voltar para casa. Mas apenas para discutir a transferência de poder. Não espere que eu fique.”

A expressão de Seth suavizou ligeiramente com a aquiescência do neto. “É tudo o que peço, Sebastian. Discutiremos os detalhes quando você chegar. Mas lembre-se, isso não é só sobre você. É sobre o futuro da nossa alcateia.”

Seth encerrou a ligação com o coração pesado. Ele odiava ter que recorrer a ameaças para fazer seu neto ouvi-lo. Gostaria de ter tempo para consertar as coisas, mas seu tempo havia acabado, e ele havia falhado de várias maneiras.

Alguns dias depois, a jornada de Sebastian de volta ao território da alcateia Moonlit foi repleta de emoções conflitantes. Por um lado, ele ressentia a insistência de seu avô para que assumisse o manto de alfa dos alfas. Por outro lado, não podia negar o senso de dever que puxava suas cordas do coração. Pena para Seth que ele não era um homem emocional.

Enquanto dirigia pelas estradas sinuosas que levavam ao território da alcateia, memórias de sua infância inundavam sua mente. Ele se lembrava dos longos verões passados correndo pelas densas florestas e nadando no lago.

Mas essas memórias eram tingidas de amargura, manchadas pelo conhecimento da história sombria de sua família. Seu avô, uma vez alfa de uma alcateia diferente, havia sucumbido ao fascínio do poder e da riqueza, e desafiado o alfa da alcateia Moonlit porque queria o título de alfa dos alfas. Uma guerra sangrenta se seguiu porque ninguém realmente queria Seth naquele trono. Seu próprio pai não fez nada além de obedecer às exigências de Seth e deixou sua companheira destinada definhar em dor. Conhecendo sua companheira, ele escolheu outra para Seth e a matou lenta e dolorosamente. Sebastian havia jurado nunca seguir seus passos, mas traçar seu próprio caminho longe dos limites sufocantes da alcateia.

No entanto, lá estava ele, retornando ao território da alcateia sob coação. Seu futuro estava em jogo. Ele não podia deixar de sentir ressentimento por seu avô por forçá-lo a esse papel, por negar-lhe a liberdade de perseguir seus próprios sonhos.

Mas, por baixo do ressentimento, havia um lampejo de curiosidade, um vislumbre de esperança de que talvez ele pudesse trazer mudanças. Que ele poderia guiar a alcateia para um futuro mais brilhante. Por mais que resistisse à ideia de se tornar alfa, não podia negar o fascínio do poder e a oportunidade de fazer a diferença.

Perdido em seus pensamentos, Sebastian chegou aos arredores do território da alcateia. As vistas e sons familiares da floresta o saudaram, despertando uma mistura de nostalgia e apreensão dentro dele. Ele respirou fundo, preparando-se para o confronto inevitável que o aguardava.

Sebastian estacionou seu carro perto da mansão onde seu avô vivia. À primeira vista, a mansão era deslumbrante e monumental, mas, olhando mais de perto, Sebastian viu os defeitos escondidos à vista de todos. Eles lhe diziam que a manutenção não havia sido feita há muito tempo, que inovações não haviam sido implementadas. Ele tinha ouvido rumores de que seu avô desprezava as ‘novas’ inovações e as considerava uma distração, mas nunca pensou que seria tão ruim.

Sebastian sabia que sua chegada seria recebida com reações mistas dos membros da alcateia. Alguns nutriam ressentimento e ódio por ele e sua família, enquanto outros o viam como seu líder legítimo.

Deixando de lado suas dúvidas e inseguranças, Sebastian endireitou os ombros e entrou na mansão. Seus passos ecoavam nos corredores cavernosos e vazios. O ar estava carregado de antecipação, e a tensão era palpável enquanto ele se dirigia ao escritório de seu avô, onde, sem dúvida, Seth o aguardava.

Um homem caminhou em sua direção, e, a julgar pelo estrondo da porta, ele não estava de bom humor. O homem olhou para cima e ficou surpreso ao ver Sebastian andando pelo corredor. Sebastian olhou para o homem e sentiu uma atração por ele.

“Adam?”, perguntou Sebastian surpreso, e o homem olhou para ele. O olhar fez com que ele sentisse a mesma atração por Sebastian.

“Sebastian, claro.”, respondeu Adam com um toque de amargura na voz. Adam continuou andando, negando que sentia o vínculo de companheiro com Sebastian.

Sebastian ficou confuso tanto por sentir o vínculo de companheiro com outra pessoa quanto pelo comportamento de Adam em relação a ele. Ele sacudiu a cabeça e entrou no escritório de seu avô.

Seth estava de pé junto à janela, de costas para Sebastian enquanto olhava para os vastos terrenos da mansão. Ele se virou quando Sebastian entrou. Sua expressão era indecifrável enquanto observava a aparência de seu neto.

“Sebastian.”, Seth o cumprimentou, sua voz tingida com um toque de tristeza.

Sebastian assentiu brevemente, e sua mandíbula se contraiu com a tensão enquanto se preparava para a conversa que estava por vir. “Vamos acabar logo com isso, vovô.”, disse ele, seu tom curto e profissional.

A expressão de Seth suavizou com compreensão; seu olhar estava cheio de remorso.

“Desculpe, Sebastian. Sei que te coloquei em uma posição difícil. Mas a alcateia precisa de você agora mais do que nunca. Você tem a força e a sabedoria para liderá-los.”

A mandíbula de Sebastian se contraiu de frustração, seus punhos se cerraram ao lado do corpo enquanto ele lutava para conter sua raiva. “E quanto a você, vovô?”, ele exigiu, sua voz carregada de acusação. “Você teve sua chance de liderar e veja onde isso te levou. Uma alcateia dilacerada pela ganância e ambição.”

O olhar de Seth vacilou sob o peso da acusação de Sebastian, uma pontada de culpa torcendo em seu peito.

“Cometi muitos erros, Sebastian.”, ele admitiu, sua voz tingida de arrependimento. “Gostaria de ter tempo para corrigir cada um deles, mas não tenho. Preciso que você conserte as coisas.”

“Tudo bem.”, Sebastian cedeu, sua voz pesada de resignação. “Vou fazer isso, porque você me forçou a isso.”

Seth assentiu solenemente.

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