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Não dura

Ele merecia o troféu de idiota do ano. Por que diabos ele confiou à mãe uma responsabilidade tão grande? Deveria ter pensado um milhão de vezes antes de abrir a boca e pedir ajuda. Não, deveria ter pensado um trilhão de vezes ou mais. Se soubesse quem seria contratada, teria escolhido uma das ninfomaníacas que entrevistou.

"Mãe, me diz que estou errado."

"Sobre o quê, querido?" Mirela quis saber, segurando o riso ao ver a expressão do filho.

"O que você acha?"

Com um olhar de soslaio para a jovem de cabeça baixa no centro da sala, ele se amaldiçoou por deixar Mirela contratar quem quisesse sem ver quem era primeiro.

"Deveria ter incluído que deveria ser uma menos... Paulina," reclamou, como se a jovem fosse um padrão a ser evitado.

"Mas qual é o problema? Ela atende a todos os seus pedidos," retrucou Mirela, lembrando de tudo que o filho havia pedido. "Discreta, organizada, confiável, e garanto que não vai tentar te seduzir. É mais provável o contrário..." insinuou, causando um forte rubor no rosto de Perez e um olhar de soslaio do filho.

Simon concordava parcialmente com Mirela. Perez tinha todas as qualidades que ele havia apontado, e certamente não tentaria seduzi-lo - nem ele a assediaria. Mas, dada sua vida desenfreada, não pôde deixar de anunciar o inevitável:

"Ela não vai durar uma semana."

"Querido, acredite, ela vai durar," disse Mirela, colocando o braço em volta do ombro de Perez. "Paulina é tudo o que você precisa."

"No momento, preciso de um uísque forte," resmungou, olhando para a criatura corada que olhava para tudo, menos para ele. "Você tem um escondido com você, Perez?"

"N-n-não..." ela respondeu, olhando para o chão.

"Eu imaginei," disse ele, olhando para as pequenas mãos brancas dela, cujas dobras dos dedos estavam definitivamente vermelhas - ela estava nervosa e apertando a alça com muita força. Ele sorriu levemente, pronto para pressionar mais a jovem. "Garotas como ela não bebem, não transam e não fazem nada que eu considere normal."

"Simon Salvatore! Tenha modos," repreendeu Mirela, sentindo o leve tremor de Perez. Ela sabia que o filho estava tentando assustar Paulina, queria que a jovem desistisse, mas não permitiria isso.

Paulina queria fugir. Era evidente que Simon nunca a aceitaria como governanta. Ela não sabia por quê, mas Mirela havia mentido para convencê-la. O que ela tinha feito de errado para a matriarca dos Salvatore para merecer tal punição?

"Se ela vai morar aqui, é melhor se acostumar com meus modos. Não sou como o idiota do Muller, cheio de frescuras."

"Dona Mirela, é melhor rasgar o contrato," a morena praticamente implorou, os olhos marejados pelo esforço de se conter para não dar um tapa em Salvatore. "Está claro que o Sr. Simon prefere outra pessoa."

"Demorou para perceber," retrucou Simon. "De preferência alguém que, pelo menos, me olhe no rosto quando estiver na minha presença," disse indignado. "De todas as empregadas da mansão, por que você teve que escolher ela?"

"Você sabe muito bem que Paulina nunca foi uma empregada da mansão. É como se fosse uma filha," declarou Mirela, olhando para Paulina com um sorriso antes de se virar para o filho com uma expressão séria. "Qual é o seu problema, Simon? Por que trata Lina tão mal? Quando vocês eram crianças..."

"Não importa o que aconteceu ou deixou de acontecer na minha infância quando se trata de Perez. Eu não quero dividir o teto com ela," comunicou categoricamente.

"Por um ano, será assim. Tudo está assinado e registrado, e se você quebrar o contrato, terá que pagar uma multa de quinhentos mil para Paulina. Aconselho você a respeitá-la," disse Salvatore, sorrindo satisfeita enquanto Simon e Paulina a olhavam surpresos.

"O quê?" Simon e Paulina perguntaram ao mesmo tempo, encarando Mirela.

"Dona Mirela... Você disse que não haveria multa se eu desistisse..." Paulina interrompeu.

"Ah, querida, a multa não se aplica a você," Mirela interrompeu com um sorriso deliberadamente doce. "A multa é uma garantia de que Simon não fará nada para te fazer desistir durante este ano. Claro, se você desistir, é culpa dele, então Simon terá que pagar."

"Isso é sério?" Simon lançou um olhar frio para Paulina, embora ela continuasse a encarar Mirela.

"Se você desistir, eu pago pelo luxo de me livrar da santa sem altar?" ele perguntou.

"Exatamente," Mirela respondeu, ainda sorrindo.

"Isso é loucura."

"Encare como quiser, filho," ela disse despreocupadamente, olhando para o relógio. "Está tarde, estou indo embora e vou deixá-los mais à vontade."

Sem esperar uma nova onda de reclamações do filho, Mirela praticamente correu para fora do apartamento, deixando Paulina e Simon sozinhos em uma atmosfera tensa e silenciosa.

"Satisfeita, Perez?" ele perguntou.

"Eu... Eu não esperava..." começou Paulina, olhando para suas mãos.

"O que você não esperava?" Simon se aproximou dela, fazendo-a dar alguns passos para trás até sentir a parede contra suas costas. "Que eu nunca escolheria você como minha governanta, ou que você receberia muito dinheiro em questão de dias?" Ele segurou o queixo de Perez e o levantou, forçando-a a encará-lo. "Se você acha que vou mudar meus modos só porque você e minha mãe se uniram contra mim, está completamente enganada."

"Mirela me enganou também," ela se defendeu, desejando que Simon soltasse seu rosto, mas sem coragem para pedir ou se afastar. A proximidade dele a deixava um pouco assustada. Simon era pelo menos vinte centímetros mais alto, mais forte, e parecia muito zangado.

Simon riu. Ele havia imaginado que era isso. Só não conseguia entender por que Mirela havia escolhido Perez. Havia algo escondido nos planos de sua mãe, e ele não conseguia adivinhar o que era.

Ele fixou seus olhos negros nos olhos âmbar de Perez, que imediatamente desviaram o olhar. Normalmente, as mulheres o olhavam com desejo, luxúria, curiosidade, mas Paulina sempre evitava olhá-lo, e ele odiava quando ela fazia isso.

"Por quê?" ele murmurou, deslizando a mão do queixo dela para a nuca.

"Eu não sei," Paulina respondeu, levantando o olhar para encará-lo e mostrar que era sincera em suas palavras. No entanto, sentindo-se desconfortável com a maneira como estava sendo observada, desviou o olhar, hesitando enquanto falava. "Juro que não sabia da multa... Eu só queria um emprego..."

Por que ele ainda estava tão perto, minando qualquer pensamento coerente que ela pudesse ter? Paulina se perguntou, sentindo a respiração de Simon se misturar com a dela. A mão repousando em sua nuca enviava um estranho arrepio pela sua espinha. E o agradável aroma que emanava dele a envolvia de uma maneira inconveniente, despertando aquele desejo insano de respirar fundo.

Ela arregalou os olhos quando ele se inclinou em sua direção, seus lábios se aproximando dos dela. Estavam quase se tocando quando Simon moveu o rosto para o lado e sussurrou em seu ouvido.

"Já que teremos que viver juntos, devo avisar que tenho certas regras em relação às mulheres que entram neste apartamento."

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